EDIÇÃO 10 » ESPECIAIS

LAPT – Rio – O início de uma Nova Era


Amúlio Murta

Com a realização do LAPT – Latin American Poker Tour, do Poker Stars, na cidade do Rio de Janeiro, o poker latino-americano presenciou o despertar de uma nova era.

Seguindo a fórmula já consagrada do EPT – European Poker Tour e do APPT – Asian Pacific Poker Tour, que fazem tanto sucesso na Europa e na Ásia, respectivamente, o Poker Stars decidiu apostar no mercado latino-americano ao lançar o LAPT. Além do Brasil, que responde por 50% do mercado da América Latina, a primeira temporada terá sedes na Costa Rica e no Uruguai. Para a etapa brasileira, o lugar escolhido foi o Rio de Janeiro. Seja por suas belas praias ou pela mística que a rodeia, a “cidade maravilhosa” tem se firmado como o principal cenário para a realização de torneios de grande porte no país, haja vista os três maiores eventos de 2008 até agora terem sido realizados na capital fluminense.

O Evento
Minuciosamente planejado, o LAPT estava programado para ocorrer nos dias 3, 4 e 5 de maio, mas a festa começou um dia antes, com a chegada das feras internacionais e uma recepção de boas vindas, especialmente preparada para a imprensa e jogadores. Na celebração, que começou com um show de capoeira e contou com a bateria da escola de samba “Caprichosos de Pilares”, houve ainda a presença de lindas mulatas, muita caipirinha, comidas típicas e até um concurso de samba no pé. Neste, foi possível constatar que André Akkari, Igor Federal e Edu “Sequela” são, como sambistas, excelentes jogadores de poker. Após a festa, tivemos ainda um evento em que todos da imprensa foram convidados a participar e receber aulas de poker com os profissionais do Poker Stars Team Pro.

Estrelas do Poker
O Poker Stars Team Pro é uma das maiores seleções de craques do poker de que se tem notícia. Um time de estrelas especialmente selecionado para viajar o mundo disputando os maiores eventos existentes, com o suporte do maior site de poker do mundo, o Poker Stars. Fazer parte desta constelação é o sonho de muitos jogadores e o Brasil já tem o seu representante no time, o paulista André Akkari, que está perto de completar um ano de PS Team. Para o LAPT – Rio, o Stars escalou um time de peso, com nomes como o do costa-riquenho Humberto Brenes, Chris “Moneymaker”, Isabelle Mercier, Vanessa Rousso, Greg Raymer, Victor Ramdin, Chad Brown, Gavin Griffin e o nosso André Akkari que, além de jogar no LAPT, também fez as honras de anfitrião da festa.

O Torneio
Com um field de 314 jogadores, o Brasil foi, obviamente, o país que teve mais representantes no torneio. Foram 151 brasucas inscritos na disputa, e todo o primeiro escalão do poker nacional se fez presente. Para se ter uma idéia de como o LAPT foi um evento globalizado e multifacetado, marcaram presença jogadores da Irlanda, Suécia, França, Angola, Canadá, Israel e outros 12 países. Vale ressaltar também que cerca de 130 jogadores conseguiram suas vagas através de satélites online no Poker Stars.

Com um buy-in de US$2.500,00, cada jogador começou com 10 mil fichas. Os níveis de blinds tinham a duração de 60 minutos, começando em 25-50, com antes recolhidos a partir do 5º nível.


Ficha no pano
No início da tarde do dia 3 de maio o presidente do LAPT, Glenn Cademartori, seguido por André Akkari e Humberto Brenes, deram as boas-vindas aos participantes e fizeram a abertura oficial do maior circuito de poker da América Latina. Logo depois, os jogadores começaram a tomar seus lugares, e por volta das 13:30h o diretor do torneio, Mike Ward, deu início à competição com a célebre frase “Shuffle up and deal”. A partir daí, um longo silêncio tomou conta do salão. A única coisa que se ouvia era o reverberante tilintar das fichas e o burburinho causado pelos fotógrafos e o pessoal da imprensa, que corriam por todo o salão em busca da melhor foto e de todos os detalhes das primeiras jogadas. Cerca de 15 minutos após o início do torneio, o salão foi liberado para o público – procedimento repetido a cada break.

Com tantas feras reunidas, tivemos muitos encontros interessantes nas mesas. Em um passeio pela área de jogo era possível ver os colegas de Poker Stars Team Greg Raymer e Chad Brown em um animado bate-papo. Mais adiante estavam Léo Bello e Isabelle “No Mercy” Mercier. Na mesa imediatamente à direita jogavam Igor Federal, Vanessa Rousso e Ricardo “Manecop”. Marcos XT e o americano Alexander “Assassinato” Fitzgerald também estavam lado a lado na mesa 10, e esse era um quadro comum: aonde o olhar fosse dirigido, sempre encontraria algum rosto conhecido.

Primeiras quedas
Quando chegamos ao 3º nível de blinds, alguns já começavam a despontar na liderança. O brasileiro “Barba” era o chip leader com aproximadamente 25 mil fichas. Cinthia Escobar era outra que, depois de um double-up providencial de QQ contra AK, seguia entre os que estavam no topo da contagem. Por outro lado, o torneio também já registrava algumas baixas importantes. Leandro Brasa foi um dos primeiros nomes fortes do feltro nacional a se despedir do LAPT – Rio: caiu em um all-in de 1010 contra um par de “Jacks” do argentino Gustavo Kein.

Faltando poucos minutos para as 17h, e com pouco mais de 3 horas de disputa, o primeiro profissional do PS Team deixou o salão. Para a tristeza dos presentes, foi o simpático Humberto Brenes a primeira queda entre os profissionais do PS. Anunciado carinhosamente durante a entrevista coletiva como o “Poderoso Chefão do Poker da Costa Rica”, o sempre animado e divertido Brenes, vencedor de dois braceletes da WSOP, apostou todas as suas fichas com AK pré-flop e acabou batendo de frente com um par de reis de Julien Nuijten – de quem ainda vamos falar um bocado nesta matéria... Humberto saiu do jogo, mas não se abateu. Ele podia ser visto pelo salão a todo o momento, seja conversando com os “novos” amigos ou na torcida por seu irmão Alex Brenes que, por sinal, àquela altura, estava entre os líderes com 30 mil fichas.

Em uma mão curiosa do 4º nível de blinds, André Pardal eliminou o PS Pro Chad Brown. O brasileiro estava no small blind e completou o big blind de Chad, que pediu mesa. O flop trouxe K45. Pardal pediu mesa e o americano apostou 350 fichas. O brasilero deu raise de 1.000 fichas e recebeu um reraise de cerca de 4.000 fichas. Pardal deu call e apresentou K3. Chad mostrou 23, com duas pontas para seqüência e uma pedida para flush. Infelizmente para Chad, o turn trouxe um 8 e o river um J. Foi o fim do torneio para o ex-ator americano, noivo da também PS Pro Vanessa Rousso.

Um pouco antes do segundo break, foi a vez de Chris “Moneymaker” ser eliminado do torneio por um runner runner flush de paus do mineiro Renato Júdice, em um all-in triplo: KK vs. 66 vs. JJ, que fez triplicarem as fichas de Renato.

Após a pausa, com mais de cinco horas de jogo, já estavam fora da disputa Felipe “Mojave”, Fábio “Deu Zebra”, Eduardo Marra, Raul Oliveira e outros 50 competidores. Quando restavam 260 jogadores na briga, começa a surgir a figura do americano Alexander “assassinato” Fitzgerald. Jogando de forma agressiva e inteligente, esse jovem talento, conhecido pelos grandes resultados online, já possuía o respeito da mesa em que estava e havia acumulado uma bela pilha de fichas. Em uma das mãos que mais contribuíram para isso, “assassinato” recebeu AA e, jogando fora de posição, em um flop com A-T-4 rainbow, sofreu raise de 1.500 e pagou a aposta. O turn trouxe um novo A, dando-lhe uma quadra, ele pediu mesa e foi seguido pelo seu oponente. O river trouxe uma Q e “assassinato” novamente pediu mesa, o adversário voltou all-in e tomou insta-call.  Uma bela armadilha preparada por esse jogador que ainda daria muito que falar no LAPT – Rio.

O torneio a essa altura era liderado pelo americano Gavin Griffin, que possuía cerca de 50 mil fichas. Porém, isso iria durar pouco. Uma fatiada de Piragibe, com uma trinca de damas, lhe tiraria cerca de 30 mil e colocaria o brasileiro entre os maiores stacks do torneio. Neste momento, quem assumia a posição de chip leader era um garoto holandês de apenas 19 anos, que já havia eliminado Humberto Brenes e viria a fazer história no LAPT: Julien Nuijten. O “flying dutchman” começava a mostrar toda sua técnica, aperfeiçoada diariamente em mesas de cash games online, possuindo aproximadamente cerca de 90 mil fichas.

Quando completamos seis horas de torneio, André Akkari, que vinha short stack, entrou de all-in com AQoff. Encontrou pela frente um KK do alemão Nicolai Senninger, e deixou o torneio. Quase que simultaneamente à eliminação de Akkari, Greg Raymer também encerrava sua participação em terras cariocas. Depois disso, o jogo foi interrompido para o jantar.

Logo em seguida entramos no 8º nível de blinds e chegou a vez de as duas representantes femininas do PS Team serem eliminadas. Vanessa Rousso, após uma grande fatiada, resultado de um all-in triplo, acabou sendo eliminada por Ricardo “Manecop” com um Ace-high. Cerca de 20 minutos após a queda de Vanessa, Isabelle Mercier, que também não possuía muitas fichas, caiu ao entrar de all-in pré-flop com JJ contra o AK do francês Nicolas Ragot. Um K no turn tirou as esperanças da canadense de continuar no torneio. Após a fatiada sofrida contra Piragibe algumas rodadas antes, Gavin Griffin não conseguiu se recuperar e, com cerca de 12 mil fichas, entrou de all-in arriscando um blefe. Foi pago por um AQ e também deixou o torneio. Restou apenas Victor Ramdin para defender a bandeira Poker Stars Team. O altruísta jogador da Guiana, que vinha fazendo um torneio irregular, alternando altos e baixos, mostrou muita técnica, sendo capaz de reverter situações em que estava short stack, prestes a ser eliminado do torneio, e acabou conseguindo passar para o segundo dia de disputa.

Com blinds em 500/1.000 e ante de 150, o 9º e último nível do primeiro dia reservou fortes emoções para quem resistiu às longas horas de batalha. Léo Bello teve um primeiro dia de torneio impecável, com boa leitura e ótimos calls. Parecia que iria chegar ao Dia 2 sem grandes problemas – parecia. Até que, já no fim do dia, olhou para suas cartas e viu AK. Certamente deve ter imaginado que era uma oportunidade de aumentar o seu stack e garantir uma noite mais sossegada. Abriu um raise de 3 mil fichas e recebeu reraise de 10 mil de Nicolas Ragot, que já havia sido o carrasco de Isabelle Mercier. Léo pensou por um curto período de tempo e anunciou all-in. Recebeu insta-call do francês, que mostrou AA. Fim de torneio para o escritor e colunista da Card Player Brasil, Léo Bello. GG Léo!

Após mais alguns minutos, encerrava-se o primeiro dia do LAPT – Rio, com 103 jogadores classificados para o segundo dia. A posição de chip leader ficou com o espanhol Carlos Alberto Lopes, também conhecido como “Djalminha”, que tinha 122 mil fichas. Em segundo lugar vinha o “Holandês Voador”, Julien Nuijten, com cerca de 93 mil.

Dia 2
O segundo dia começou às 13:00h, e apenas uma coisa era certa: o dia só seria encerrado quando restassem os nove felizardos que iriam disputar a primeira final table de um LAPT.

A tarde se iniciou com muita ação no salão. Mas, para o Brasil, não foi um bom começo. Infelizmente, tivemos algumas baixas logo nos primeiros movimentos do Dia 2. Quem alcançou os líderes logo na primeira hora de torneio foi Alex “Assassinato” Fitzgerald. Em um all-in triplo, eliminou dois jogadores com A-Q e levantou seu stack para 102 mil fichas.

Já no 11º nível de blinds, com os pingos valendo 800/1.600 e ante de 200 fichas, foi a vez de Victor Ramdin mostrar, mais uma vez, o seu poder de reação. Após perder cerca de 25 mil fichas em um blefe, decidiu pagar um raise de 4.500 fichas de Carlos Nadal. Alessandra Braga também entrou na mão e pagou a aposta. O flop trouxe A73. Carlos apostou 12 mil fichas, Alessandra anunciou all-in e Ramdin pagou. Nadal também anunciou seu all-in e recebeu instant call de Victor. Carlos apresentou AQ, Alessandra tinha AQ e Victor 33. O turn e o river não mudaram nada e Victor Ramdin eliminou os dois jogadores com sua trinca de três.

Com mais de três horas de disputa, uma mesa em especial chamava atenção. Era a número 10, onde os jogadores com grandes stacks disputavam grandes potes. Nela, estavam Julien Nuijten com 82 mil fichas, Alex “Assassinato” Fitzgerald com 142 mil fichas, Dean Sullivan com 45 mil fichas, Ricardo “Manecop” com 65 mil fichas e, se segurando com 28 mil fichas, Marcos XT.

Quando chegamos às 18:00h, restavam apenas 40 jogadores na disputa. Com a zona de premiação se aproximando e o jogo se tornando cada vez mais preso, havia pouca ação e tudo se desenvolvia pré-flop. Poucos flops eram virados e, dentre as baixas brasileiras estavam Salim Dahrug, Rádio e Marcos XT, este último, mais uma vítima do jovem holandês.

Dois nomes brasileiros vinham fazendo bonito no segundo dia de disputa: Alexandre “AlexCG” Marques e o carioca Eduardo Henriques. Alex “CG”, jogador da cidade de Campina Grande, Paraíba, vinha alternando bons e maus momentos e, naquele instante, estava acima das 100 mil fichas. Já o carioca da Penha, Eduardo Henriques, vestido com a camisa da seleção brasileira, vinha se mantendo no torneio jogando de forma extremamente regular e agressiva. Ele tinha acumulado cerca de 130 mil fichas.

Quando havia 34 sobreviventes, restando apenas duas quedas da zona de premiação, o salão ficou tenso. A maioria dos jogadores preferiu segurar a mão, outros, com grandes stacks, passaram a aumentar as apostas pré-flop e a roubar a maioria dos potes. Jogando desta forma, o holandês Julien aproveitou o momento e elevou o seu stack para cerca de 260 mil fichas, disparando na liderança do torneio.

Piragibe, o “Bubble man”
Como não poderia deixar de ser, a mão que determinou o estouro da bolha teve sua dose de drama. Faltando 5 minutos para as 19:00h, o diretor do torneio, Mike Ward, anuncia que restavam 33 jogadores e que estávamos a uma queda da zona de premiação. O jogo passou então a ser hand-for-hand e, após algumas mãos, as atenções se voltaram para a mesa onde estava o jogador brasileiro Piragibe Lindolfo e o venezuelano Juan Carlos “El Loco” Burguillos. 

Piragibe entra de limp do button e Juan, no big blind, pede mesa. O flop vem 236 e os dois jogadores pedem mesa. O turn traz um 8, Juan aposta 10 mil fichas e Piragibe dá call. Com um 10 no river, o venezuelano anuncia o seu all-in. A partir daí Piragibe pensa por um longo tempo e a expectativa e ansiedade no salão aumentaram a cada minuto. Após uma longa espera, Piragibe subitamente bate na mesa, se levanta e diz: – “Paguei!”, e apresenta A8, acertando um par. Juan apresenta 82 e, com dois pares, faz com que o indesejável título de “bubble” seja entregue ao brasileiro. A isso se seguiu a tradicional comemoração dos jogadores e, posteriormente, o torneio foi interrompido para que os jogadores fossem rearranjados em suas mesas.

Após sofrer uma enorme fatiada de Alberto Cunha, o último representante do time de profissionais do Poker Stars ainda de pé no torneio, o short stack Victor Ramdin entrou de all-in com 66 e acabou eliminado na 23ª posição.

Momento de decisão
Encerrada a pausa para o jantar, tivemos uma trombada de dois jogadores com grandes stacks e favoritos ao título do LAPT - Rio. Com QQ Julien dá raise de 45 mil fichas sobre uma aposta de 15 mil de “Assassinato”. Andrew Li, no button, vai de all-in com cerca de 145 mil. Alexander larga a mão, mas Julien dá call. Andrew apresenta KK e o bordo traz JQ722. Julien acerta um full house e elimina Andrew, um dos favoritos, além de levantar seu stack para cerca de meio milhão de fichas.

Com 14 jogadores ainda no combate, Ricardo “Manecop” foi eliminado com par de seis contra um par de reis. Com poucos brasileiros ainda na briga e o momento da definição da mesa final se aproximando, Alex “CG”, que estava short stack, com cerca de 20 mil fichas, começou a esboçar uma reação. Após incríveis dobradas sucessivas, ele conseguiu alavancar seu stack para cerca de 300 mil. Restando apenas duas quedas para a formação da FT, apenas Alex “CG” e Eduardo Henriques representavam o Brasil na competição.

E vibração foi o que não faltou antes da formação da final table. Duas mãos levantaram a adrenalina no salão e merecem especial destaque. A primeira delas envolveu Alex Brenes e “Assassinato”. 

Siete, siete, siete sieeeete!
Com apenas 11 na briga, Alex Brenes arrisca um all-in pré-flop com A7. É pago no mesmo instante por Alex “Assassinato”, que apresenta AQ. Neste momento, os torcedores da Costa Rica que se encontrava atrás da faixa de isolamento perguntam para Alex: – “Alex, que ocupas?” e ele responde: – “Siete”. Imediatamente, toda a torcida começa a pedir: - “Siete, siete, siete!”, e o bordo começa a ser virado. Quando o river traz um 7, a torcida da Costa Rica vai à loucura. Enquanto isso, chamava atenção a imagem de Alex “Assassinato” Fitzgerald, que ficou paralisado, olhando para o teto do salão, sem acreditar no acontecido: estava eliminado mais um favorito. Alex recebeu o devido reconhecimento pelo brilhante desempenho no torneio e saiu extremamente aplaudido do salão. A euforia costa-riquenha ainda durou algum tempo. Mesmo após o recomeço do jogo, depois de alguns minutos de interrupção, ainda era possível se escutar, entre risadas e comentários entusiasmados, alguns gritos de, “siete, siete, siete”.

A Bolha da mesa final
Emoção e tristeza para os brasileiros na última queda antes da mesa final. Estávamos no início do 20º nível de blinds e já havíamos passado das duas da madrugada, quando ocorreu a mão que definiu a mesa final do LAPT – Rio.

Após uma brilhante reação, “AlexCG” havia conseguido sair da posição de short stack do torneio e já acumulava uma pilha  de fichas que lhe garantiria a participação na FT. Recebeu KK e decidiu, do cut-off, aumentar a aposta em 3 vezes o big blind, que estava em 12 mil àquela altura. O implacável Julien Nuijten aumenta para 85 mil e Alex, quase no mesmo instante, anuncia: – “All-in”. Julien dá insta-call com um par de ases e elimina o brasileiro em 10º, na bolha da final table, elevando seu stack para quase 1 milhão de fichas. O salão é tomado por gritos e aplausos na comemoração dos nove finalistas.

A mesa final foi jogada no dia seguinte, e ficou assim:


Dia #3 – A Mesa Final

9º Colocado – Severin Walser
Aos 27 anos, o suíço que já conseguiu um quarto lugar em um evento da WSOP no ano passado na modalidade Seven Card Stud não joga muitos torneios ao vivo. Prefere as mesas de cash games online, em especial as de $10/$20. Conseguiu sua classificação para o LAPT – Rio através steps do Poker Stars. Entrou short stack na mesa final e acabou eliminado em menos de 20 minutos de disputa quando decidiu entrar em de all-in pré-flop com AJ. Foi pago pelo colombiano Rafael Pardo, com um par de ases. Sem alterações no bordo, acabou saindo na 9ª colocação, com um prêmio de US$11.775,00.

8º Colocado – Juan Carlos Burguillos
O venezuelano de 38 anos vive na cidade de Caracas e tem jogado poker seriamente há aproximadamente 18 meses. Ele disputa eventos ao vivo em seu país e também gosta de praticar online. Trouxe consigo uma grande e barulhenta torcida e construiu o seu stack jogando de forma agressiva. Juan viu suas esperanças de vencer o evento começarem a desabar quando pagou uma aposta de 32 mil do alemão Nikolai Senninger. O flop trouxe um 858. Juan apostou 35 mil fichas e Nikolai deu call. O turn trouxe um 10 e Juan entrou de all-in. O alemão pagou a aposta e mostrou 10J, Juan apresentou 86. Nikolai chegou a se levantar da cadeira para ir embora, até que o river trouxe um 10. Juan, que possuía mais fichas que Nikolai, ficou short stack e não conseguiu se recuperar da fatiada. Após algumas mãos, empurrou seu all-in com Q8 e foi eliminado pelo alemão Oliver Kugler com A9. Recebeu US$15.7000,00 pela 8ª colocação.

7º Colocado – Rafael Pardo
Morando em uma pequena cidade perto de Cali, o colombiano nunca havia disputado um torneio ao vivo. Jogava apenas em mesas caseiras ou online. Foi desta forma que conseguiu a sua classificação para o LAPT – Rio. Rafael teve uma participação discreta na mesa final e, mesmo tendo eliminado o suíço Severin Walser, não conseguiu acumular muitas fichas e acabou jogando poucos potes até entrar em uma mão com suas últimas fichas. Recebeu um call de Julien no button e do Russo Vitaly no big blind. O flop trouxe 49K. Julien apostou aproximadamente 70 mil e Vitaly largou a mão. Rafael mostrou 109 e Julien KQ. Rafael acabou na 7ª colocação e recebeu US$23.550,00. Nada mal para quem investiu US$7,50 em um satélite.

6º Colocado – Oliver Kugler
Mais um jogador que conseguiu a sua vaga através de satélites, o alemão Oliver Kugler nasceu em Hamburgo, mas vive no Brasil há quatro anos. Trabalha como professor de línguas e gosta de jogar high stakes Poker. Na mesa final, entrou em vários potes contra Alex Brenes, Vitaly Kovyazin e Juan Carlos, a quem eliminou. Caiu na 6ª posição com QQ, diante do russo Vitaly, que acertou um flush de paus. Oliver levou para casa US$31.400,00.

5º Colocado – Eduardo Henriques
Último representante do Brasil no torneio, o carioca Eduardo Henriques foi o 5º colocado e teve a honra de ser o brasileiro mais bem classificado no LAPT- Rio. Jogando há apenas seis meses, Eduardo não escondia a emoção de ser o primeiro brasileiro a chegar a uma mesa final de um circuito internacional de poker. Na mesa final, adotou uma postura bastante tight no começo da disputa e, a partir das primeiras quedas, começou a soltar o seu jogo. Acabou eliminado por Julien, que conseguiu um par de ases no river. Levou para casa US$47.100,00 e a alegria de ter representado muito bem nosso país. Parabéns, Eduardo!

4º Colocado – Alex Brenes
O caçula dos Brenes mostrou que o poker está mesmo no DNA desta família. Alex joga há mais de 20 anos e tem em seu histórico dois segundos lugares em eventos paralelos à WSOP. No LAPT – Rio, ele contou com o apoio do irmão Humberto e teve uma brilhante atuação, estando entre os primeiros colocados durante praticamente todos os três dias. Na mesa final, sofreu uma enorme fatiada que o tirou de combate. Na mão, um all-in pré-flop de par de 10 contra AQ de Nikolai Senninger levou praticamente todo o seu stack, restando apenas 7 mil fichas (menos de um SB). Alex não se entregou e, em all-in obrigatório no BB, dobrou duas vezes. Na terceira tentativa não resistiu, e acabou caindo na 4ª colocação, eliminado pelo holandês Julien. Levou US$62.800,00 e a satisfação de ver seu excelente desempenho reconhecido por todos os presentes no salão.

3º Colocado – Nikolai Senninger
O jovem Nikolai tem apenas 18 anos, mas possui uma grande experiência jogando poker, adquirida principalmente graças ao jogo online. Classificou-se para o LAPT - Rio através de satélites e, na mesa final, alternou bons e maus momentos. Chegou a ficar short stack antes da definição do 5º colocado, mas soube esperar o momento certo para agir. Dobrou suas fichas na hora certa e só veio a sucumbir quando seu par de valetes encontrou pelo caminho um par de reis do “Flying Dutchman” Julien. Nikolai ficou com a 3ª posição e faturou o prêmio de US$82.350,00.

2º Colocado – Vitaly Kovyazin
Nascido em Niznii Novgorod, Rússia, Vitaly Kovyazin mudou-se para os EUA em 1992. Ele joga em Atlantic City e Foxwoods e é uma figura carimbada nos grandes torneios, para os quais costuma garantir vaga a partir de satélites em mesas online. Veio jogar o LAPT – Rio sem gastar um centavo, pois participou de satélite pago com seus frequent player points (FPP) no Poker Stars. Chegou à mesa final como segundo colocado em fichas e, desde o começo, tentou de todas as formas, mesmo que sem sucesso, eliminar o holandês Julien Nuijten. Chegou a ser chip leader na mesa final, mas não conseguiu impor o seu jogo. Durante o heads-up pareceu completamente dominado pela elevada técnica de Julien Nuijten. Chegou a levantar da mesa duas vezes para ir embora, derrotado, mas aplicou duas bad beats incríveis, salvando-se da derrota nas duas ocasiões. Ficou com o segundo lugar e faturou um prêmio de US$117.750,00.

Julien Nuijten – Campeão do LAPT – Rio de Janeiro – 2008
O jovem jogador de 19 anos, nascido em Amsterdã, já era campeão mundial de Magic: The Gathering aos 15 anos. Estava curtindo férias na Argentina e ficou seduzido pela idéia disputar o LAPT. Especialista em cash games de $5-$10 e $10-$20, ele começou a se destacar logo no primeiro dia do torneio e, aos poucos, foi conquistando admiradores pela sua forma de jogar, leitura e estilo na mesa. No heads-up, teve paciência e grande controle emocional para suportar duas bad beats. Demonstrando uma frieza impressionante e uma maturidade geralmente incompatível com sua idade, após tomar a segunda bad beat contra uma mão com apenas dois outs, a única coisa que ele disse foi “vamos ter que começar de novo...”. Julien continuou impondo seu jogo e chegou à última mão do torneio com cerca de 3 vezes o stack do segundo colocado. Venceu ao flopar uma trinca de 7 e levou, além do merecido título de grande campeão do LAPT – Rio, um cheque no valor de US$222.490,00. Parabéns, Julien Nuijten, vencedor da primeira etapa da história do LAPT!


Encerramento
Assim como no Brasil, o número de praticantes de Texas Hold`em em toda a América latina tem aumentado a cada dia. Com o crescimento do número de jogadores, e também com a eventual melhora no nível de jogo, surge a necessidade da criação de torneios e circuitos internacionais na região.

O poker latino-americano jamais será o mesmo, e essa mudança se deve à iniciativa ousada do PokerStars. O site, que tem sido pioneiro na criação de circuitos continentais, enxergou as necessidades e também as possibilidades que o mercado latino oferece. Já em sua primeira etapa, não seria prematuro dizer que o LAPT é, e será, um sucesso. Na coletiva de imprensa, Glenn Cademartori, presidente do circuito, adiantou que, para o ano de 2009, existem vários países interessados em sediar o torneio e que o número de cidades escolhidas deve dobrar – sinal de que o LAPT veio para ficar.

Para o Brasil, o evento contribuiu ainda mais para a legitimidade do nosso esporte. De toda a premiação, foram recolhidos os devidos impostos e o torneio foi completamente conduzido – como deve ser – dentro da mais estrita legalidade. Além disso, graças ao LAPT, podemos afirmar que o país entrou na rota dos grandes circuitos internacionais de poker, o que só têm a contribuir para a regulamentação e o reconhecimento do Texas Hold`em como esporte.

Deixamos aqui nossa saudação e nossos parabéns a toda a equipe do PokerStars, juntamente com o pessoal da ACP, pela competência e coragem na organização de um formidável evento.

Assim, desde seus primeiros raios, o LAPT já se apresenta como o amanhecer de uma nova era – certamente vitoriosa – para nosso poker.



TEAM POKER STARS PRO

André Akkari – o único brasileiro a fazer parte do PokerStars Team Pro começou jogando freerolls, e assim foi construindo seu bankroll. Com seu estilo agressivo, esse paulistano conseguiu seu lugar entre os melhores latino-americanos, obtendo resultados impressionantes dentro e fora do Brasil, tanto online quanto ao vivo.

Chris “Moneymaker” – nascido em Nashville, esse norte-americano formado em contabilidade ficou famoso por conseguir transformar $39 em $2.5 milhões. Moneymaker conquistou o bracelete de campeão do Main Event da WSOP em 2002 ao derrotar Sam Fahra e assegurou um lugar permanente na história do poker – a explosão mundial do poker online se deve, em grande parte, a esse impressionante feito. De lá para cá ganhou outros torneios importantes, incluindo o segundo lugar no Bay 1001 Shooting Star de 2004.

Greg Raymer – conhecido por seus óculos escuros com holograma de globo ocular e por seu estilo agressivo, Greg Raymer ganhou $5 milhões no Main Event de 2004, após superar 2.576 competidores. Além disso, apareceu em duas mesas finais da WSOP, nos eventos no-limit deuce-to-seven draw, em 2006, e no-limit hold’em de $1.500, em 2005.

Humberto Brenes – é conhecido por seu carisma, estilo e talento no poker. Nascido em San Jose, Costa Rica, Brenes reside em sua cidade natal até hoje. Suas vitórias no poker incluem dois braceletes da World Series of Poker, em limit e pot limit hold’em. Em 2006 teve uma ótima campanha na Série Mundial, terminando em 36º no Main Event, diante de um field de 8.773 competidores.

Vanessa Rousso - A “Lady Maverick” joga poker desde os cinco anos e começou a ter notoriedade em 2005, quando, com apenas 22 anos, se tornou a mulher mais jovem a atingir uma mesa final de um evento do circuito da WSOP. A partir de então, ficou in the money várias vezes em eventos importantes. Sua maior conquista foi o 2º lugar na WCOOP (Copa do Mundo de Poker Online) do PokerStars em 2007, quando faturou mais de $700,000.

Gavin Griffin – começou a jogar na faculdade. Em 2004 foi para Las Vegas e fez história, tornando-se o jogador mais jovem a conquistar um bracelete. Em 2007, outro feito: venceu a Grande Final da 3ª temporada do European Poker Tour, em Monte Carlo. Em Janeiro de 2008, faturou o WPT Borgata Winter Open e, como se não bastasse, estabeleceu outro recorde: tornou-se o primeiro jogador a conquistar a tríplice coroa, com um bracelete da World Series, uma vitória no EPT e outra no WPT. 

Isabelle Mercier – o nome de Isabelle "No Mercy" Mercier é relativamente novo nos rankings dos jogadores profissionais de poker. Porém, ela não é uma jogadora iniciante. Em sua carreira como profissional de torneios, ficou in the money mais de 20 vezes, incluindo duas premiações na World Series of Poker de 2006 e três na World Series de 2005. Além de jogar profissionalmente, Isabelle também tem se aventurado como escritora de livros de poker.

Victor Ramdin – nascido na Guiana, Victor Ramdin começou a jogar poker em 2002. Em 2006 já havia alcançado os $2 milhões em prêmios em torneios, incluindo $1.3 milhões do World Poker Tour Foxwoods Poker Classic daquele ano. Duas semanas mais tarde, cairia na bolha da mesa final do World Poker tour Championship, terminando em 11º no lugar.

Chad Brown - nascido em Nova York, Chad Brown foi para Hollywood no início da década de 90, tentar a sorte como ator. Começou a complementar a sua renda jogando poker, até que percebeu que estava fazendo mais dinheiro no feltro do que nas telas. Sua primeira participação na WSOP foi em 1993, quando terminou na bolha da mesa final do evento Limit Hold’em de $1.500,00.  Em 2002, ficou em 3º no evento Limit Omaha Hi/Lo de $1.500,00, e levou para casa $45.400,00.  Dentre outros resultados, Chad também obteve uma grande conquista no WPT 2006, ganhando mais de $450.000,00 com seus resultados em vários eventos, incluindo um 9º lugar no Championship de $25.000,00.

ENTREVISTA GAVIN GRIFFIN

CPB: Você está gostando do Brasil? Planeja voltar um dia?

GG:
Claro, aqui todos são maravilhosos! A festa de abertura foi ótima, as pessoas são realmente gentis, os fãs são incríveis e, provavelmente, os mais educados que já vi. Eles dizem “com licença, senhor”, “posso tirar uma foto com você, senhor?”, “Senhor Griffin” e coisas do tipo. Então posso dizer que tenho tido uma experiência excelente com os brasileiros.

CPB: E quanto aos jogadores? Como você analisa o nível deles?

GG:
Na verdade foi um pouco surpreendente. Eles são muito mais tight do que eu esperava. Estava prevendo um torneio com um field um pouco mais agressivo. Isso baseado no que as pessoas diziam, que os jogadores latino-americanos são meio loose-aggressive. Mas todos, exceto um ou dois, eram realmente tight, e isso se encaixou no meu estilo por um momento. Mas eu não diria que vi nenhum jogador realmente ruim – exceto por um, que acho que estava só querendo se divertir. Por ser um mercado novo, os jogadores ainda estão se desenvolvendo, mas acredito que alguns deles ficarão conhecidos bem rápido.

CPB: Você poderia deixar uma mensagem para os leitores da CardPlayer Brasil?

GG:
Bem, boa sorte aos jogadores do Brasil, a todos no LAPT Rio e na CardPlayer Brasil. Boa sorte também a todos os brasileiros que estiverem se preparando para a World Series of Poker 2008. Espero encontrá-los em Vegas.

 

ENTREVISTA ISABELLE MERCIER

CardPlayer Brasil: Qual seu balancço do evento?

Isabelle Mercier:
Estou muito, muito impressionada com o nível de jogo aqui no Brasil. Você sabe, eu joguei o APPT, o primeiro grande evento da Ásia, e o nível não foi tão alto, pode acreditar. Joguei na bastante na Ásia: na Coréia, em Macau, e o nível de jogo era bem baixo mesmo, assim como na Europa, cinco anos atrás, onde as pessoas não sabiam nem as regras direito que fazer direito, davam overbets e faziam coisas malucas. E eu estava esperando a mesma coisa aqui, e fiquei impressionada como os jogadores daqui são bons. Faziam apostas coerentes com o pote, alguns faziam moves, outros blefavam, e eu não estava esperando por isso.

CPBr: E quanto ao WSOP, quais suas expectativas? Vai ser ano de bracelete?

IM:
Com certeza. Todo ano eu acho que vou ganhar o Main Event, e mais quatro braceletes (risos). Estou trabalhando para isso. Mas antes vou para a Costa Rica e Paris; tenho um mês de muito trabalho pela frente (risos).

CPBr: E quanto ao Poker Stars Team? Como é fazer parte dessa constelação e quais seus planos daqui pra frente?

IM:
Sinto-me muito feliz. Tenho feito parte do time desde sempre. Estou há cinco anos e sou um dos primeiros integrantes. E certamente o poker stars me ajudou a realizar meus sonhos: tenho jogado torneios maravilhosos ao redor do mundo. Eles fizeram muito por mim e eu fiz muito por eles, então, acredito que vamos continuar juntos por muito tempo ainda. Eu adoro o time, adoro os integrantes. Todos são “gente boa”.

CPBr: Você tem muitos fãs aqui. Deixe um recado para os leitores da CardPlayer Brasil.

IM:
Gostaria de dizer aos brasileiros que estou em contato com editores brasileiros para lançar meu livro, que publiquei em francês há pouco tempo. Não é um livro sobre como jogar poker, mas uma história de minha vida, de como entrei para esse universo, que conta fatos importantes da minha vida no poker nos últimos 10 anos. É um livro muito divertido, muito fácil de se ler. Nós estamos negociando os direitos para ser feito um filme, cuja negociação está indo muito bem. Na verdade, estou aberta a negociações para uma edição brasileira do meu livro. Sei que há editores interessados em comprar os direitos.


ENTREVISTA JULIEN NUIJTEN

Ainda na sexta-feira, véspera do torneio, Julien foi abordado por algumas pessoas. Elas perceberam que ele não iria sair com os amigos, preferindo ficar no hotel. Perguntado sobre o porquê de não estar indo junto com o pessoal, ele respondeu: “Não posso, amanhã tenho um torneio a vencer...”, e subiu para o quarto, com a tranqüilidade característica dos grandes campeões.

Algumas horas após o término do torneio nos encontramos com Julien no saguão do hotel. Dessa vez, pronto para a balada. Antes disso, ele nos concedeu a entrevista que você acompanha agora.

CPB: Julien, na noite anterior ao torneio você disse que não iria sair porque tinha um torneio a vencer. Você pode falar a respeito do seu estilo de jogo e sobre sua autoconfiança? Com as duas fatiadas que você sofreu na mesa final, em algum momento você chegou a pensar que não fosse seu dia?

JN:
Na verdade, não. Toda vez que eu perdia e ainda tinha fichas para jogar, pensava que a sorte estava ao meu lado. Eu estava ganhando muitas mãos, e ele [Vitaly] não estava jogando tão agressivamente como pensei que fosse jogar, então não perdi minha confiança. Fiquei só um pouco desapontado com o que ele fez ali naquele momento.

CPB: Quando o torneio começa, você já tem algo em mente, como jogar tight no início e ficar mais agressivo à medida que o jogo se desenvolve?

JN:
Não, realmente depende apenas de quem está jogando em minha mesa, quem está me enfrentando, qual o tamanho dos stacks, qual o tamanho do meu stack. Não costumo definir as coisas antes do início do jogo.

CPB: Sobre a trinca de damas que culminou num full house, no dia 2. Você considera esse momento como o mais importante em sua caminhada rumo ao título?

JN:
Acho que essa foi a única vez em que fui de all-in no torneio inteiro, então, sim. É claro que se eu perdesse, estaria fora e não poderia fazer nada. Pensando sob esse aspecto, sim, foi uma das melhores mãos. Mas é apenas uma suposição, “e se aquela mão não tivesse acontecido?”. É tudo uma coisa só. Tudo que você precisa é ter uma boa carta, e coragem às vezes significa ser racional.

CPB: A respeito do LAPT, como você analisa o nível dos jogadores como um todo?

JN:
Cada jogador é muito diferente um do outro. É difícil dizer, até porque joguei em poucas mesas e enfrentei poucos adversários. Havia alguns jogadores bons, outros ruins, como em qualquer outro evento.

CPB: Você acha melhor jogar live ou online?

JN:
Geralmente, prefiro pela Internet, mas gosto de misturar os dois.

CPB: Cash games ou torneios?

JN:
Cash games, sem dúvidas.

CPB: E em quais sites você costuma jogar?

JN:
PokerStars, em mesas de $5-$10 e $10-$20.

CPB: Mudando um pouco de assunto. Você está gostando do Rio de Janeiro?

JN:
Sim, definitivamente. É uma das melhores cidades onde já estive.

CPB: Então, vamos fazer um trato. A partir de agora, chamaremos você apenas por “The Flying Dutchman”! (ou “O Holandês Voador”, lendário barco fantasma que nunca ia para casa, derrotando inimigos por onde quer que navegasse).

JN:
(risos) Combinado, então. Muito obrigado!




NESTA EDIÇÃO



A CardPlayer Brasil™ é um produto da Raise Editora. © 2007-2024. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo deste site sem prévia autorização.

Lançada em Julho de 2007, a Card Player Brasil reúne o melhor conteúdo das edições Americana e Européia. Matérias exclusivas sobre o poker no Brasil e na América Latina, time de colunistas nacionais composto pelos jogadores mais renomados do Brasil. A revista é voltada para pessoas conectadas às mais modernas tendências mundiais de comportamento e consumo.


contato@cardplayer.com.br
31 3225-2123
LEIA TAMBÉM!×