Stu Ungar venceu tudo que um jogador de poker pode desejar. Dono de uma inteligência fora do comum, o americano quebrou e enriqueceu muitas vezes, porém em 1998 ele não conseguiu superar as drogas e foi encontrado morto em um hotel fajuto na cidade de Las Vegas. No seu bolso, os peritos acharam apenas 800 dólares. Dos milhões que havia conquistado na sua carreira, o que restou foram algumas notas sujas. Sem o glamour da sua carreira, e com as imperfeições da sua vida, O Jogador- A História de Stu Ungar (2003) traz a história do problemático jogador as telas do cinema.
Logo nas primeiras cenas, Stu Ungar (Michael Imperioli na fase adulta e Jonathan Press na infância) aparece deitado na cama de um quarto em um hotel nada sofisticado. A sua frente, surge um estranho homem (Michael Pasternak) trajando um terno preto e com um charuto em suas mãos. O desconhecido intimida Stu Ungar, e com um tom ameaçador inicia uma conversa nada agradável. Com a luz baixa, pouco se vê do seu rosto, mas não é mistério para ninguém que depois de tantos desvios, Stu Ungar conseguiu se encontrar com a morte.
Autoritário, o misterioso homem pede que Stu lhe conte a história da sua vida. Mesmo incomodado com a situação, o jogador acata o pedido e começa relatando sua infância em Nova York, nas ruas do bairro do Bronklyn. O vai e vem entre a história de Stu Ungar e o diálogo no quarto não deixa o filme fluir. A todo clímax voltamos para o presente e aquela conversa que não diz absolutamente nada toma muitos minutos do filme. O roteiro impede que o espectador crie suas próprias percepções da história.
No filme apenas Stu Ungar é real. Todos os personagens relevantes tiveram os seus nomes ocultados, o que torna a trama mais falsa do que um royal straight flush sem às. O lendário Jack Strauss é D.J (Jon Ladue), um esperto jogador e um conselheiro nos momentos mais difíceis. O personagem é quase do mesmo tamanho de Stu Ungar, o que enlouqueceu os fãs do jogador, que ficou conhecido por seus 2,06m de altura.
Pelo menos o visual cowboy e o blefe histórico permaneceram intactos, porém com o desenrolar da narrativa, o personagem adquire ainda mais características que nada tem a ver com a sua história.
Outro aspecto do filme que incomoda é a sua trilha sonora. Além de estar presente além da conta, à música funciona como uma válvula de escape para um roteiro ruim. Como não houve talento para criar bons diálogos, algumas canções, muito mal escolhidas, falam pelo filme.
O diretor A.W Videmer está perdido. No primeiro filme da sua carreira, o cineasta comete vários erros que comprometem a narrativa do início ao fim. O primeiro equívoco do cineasta é a duvida que ele mantém durante toda a projeção, mostro ou não mostro o homem misterioso? Hora aparece apenas a boca, em outras ocasiões todo o rosto. A segunda e principal falha ocorre quando ele abandona o desenvolvimento dos personagens. Com o transcorrer do filme, vários deles tem o seu arco interrompido, o que deixa os espectadores perdidos.
O personagem de Stu Ungar é a principal vítima das falhas narrativas. A única coisa que fica evidente ao seu respeito é que o protagonista é um apaixonado pelas cartas. Sua inteligência e sua capacidade de memorização passam despercebidas.
O péssimo desenvolvimento dos personagens acabou espirrando até no bom ator Pat Morita, o eterno mestre Miyagi. O veterano interpreta um dono de cassino que costuma cavalar (bancar) alguns jogadores, entre eles Stu Ungar. Porém, no final do filme, o personagem veste a carapuça do vilão e é apontado com um dos grandes responsáveis pela derrocada do jogador, o que não faz sentido algum.
O filme tinha tudo para mostrar como Stu Ungar conseguiu se recuperar após os 16 anos que ele passou afastado dos feltros, mas a trama se perde, preferindo apostar nos clichês, o que comprometeu demais a narrativa do filme e aborreceu os fãs do poker.
Ficha Técnica:
Diretor: A.W Videmer
Elenco: Michael Imperioli, Michael Pasternak, Pat Morita e Jon Ladue
Produção: F.A. Miller
Roteiro: A.W. Vidmer
Duração: 110 min.
Ano: 2003
Especialista em esportes desconhecidos, encontrou no poker um porto seguro. Converse com ele cinco minutos, e ele vai citar umas cinquenta pessoas. Vinte delas não existem, dez você não conhece e o resto ele falou o nome errado.