EDIÇÃO 85 » COLUNA NACIONAL

Fazendo Anotações dos Oponentes - Parte 1


Ramon “PESCANCO” Sfalsin
Fala, pessoal. Antes de mais nada, eu queria dizer que é uma satisfação gigante poder escrever para a revista que sempre foi uma das minhas fontes de conhecimento. Espero que vocês gostem dos temas que abordarei por aqui. Aproveito ainda para divulgar, em primeira mão, o meu blog: www.pescanco.com.br. Caso você tenha alguma sugestão de tema para tratarmos por aqui, é só me enviar uma mensagem por lá ou nas minhas redes sociais. 
 
Neste primeiro artigo, de duas partes, falarei de algo que muitas pessoas me questionam durante os treinamentos, no meu facebook e nos workshops.
 
O que anotar sobre os meus oponentes?
 
O bom jogador é aquele que sempre observa seus adversários, principalmente quando não está envolvido na mão. Nessa hora, relatar os passos de algum jogador, em determinada situação, tornará sua tomada de decisão muito mais fácil no futuro.
 
Poker é um esporte mental, um jogo de informações incompletas. Eu conto uma história e você me conta outra. Entender os padrões técnicos e psicológicos dos seus adversários lhe deixará mais preparado para lidar com diversas situações. Tudo o que for relevante e venha a lhe ajudar em suas decisões futuras é válido.
 
Na maioria das vezes, os jogadores não sabem o que colocar em suas notes. Colocar anotações como “loose” ou “tight” pode ser muito vago e pouco útil. Cada jogador pensa e faz os notes de acordo com seus conceitos e experiência no jogo, e o ideal é estar sempre atualizando as informações, pois seus adversários também estarão evoluindo tecnicamente. Portanto, um note que não é atualizada por mais de seis meses pode ficar obsoleto.
 
Então, para facilitar o grind, segue a lista das principais anotações que eu recomendo você a fazer:
 
 
TAMANHO DO RAISE PRÉ-FLOP
Apesar de incomum, alguns jogadores iniciantes ou amadores variam o tamanho do raise pré-flop de acordo com a força da sua própria mão, aumentando para 2x o big blind com mãos fortes e 3x com mãos fracas, ou vice-versa. Por isso, é recomendável sempre manter um tamanho padrão de raise pré-flop, para não dar informações sobre a força da própria mão. Isso é válido também para os reraises. 
 
Se eu percebo que o jogador faz raises maiores com mãos fortes e raises menores com mãos fracas, faço um note como: “3x é força. 2x é fraqueza”. Essa anotação pode me ajudar na hora de avaliar a força da minha mão contra o range do oponente já no pré-flop.
 
RAISE-FOLD POSSUINDO ENTRE 12 E 20 BIG BLINDS
 
Possuindo entre 12 e 20 bbs, diversos profissionais orientam aumentar a aposta pré-flop somente com um grupo forte de mãos, principalmente das posições iniciais e intermediárias, pois o jogador perde mais de 10% do stack todas as vezes que desistir contra um reraise. Aproveitando-se desse padrão estratégico, alguns jogadores têm feito raises com mãos fracas, com essa média de stack, para roubar potes e consequentemente acumular fichas. Até que se prove o contrário, um bom jogador normalmente não faz raises com mãos fracas, tendo a intenção de roubar potes, tendo entre 12 e 20 bbs. E se o jogador tomar ações desse tipo, uma anotação como “raise-Fold com 13 bbs em middle position” é válida para você ajustar seu range de calls e reraises contra ele.
 
RESTEAL 
Muitos jogadores dão raise nas posições finais da mesa com um range muito amplo, que incluem, em sua maioria, mãos fracas, na intenção de roubar o pote. O Resteal nada mais é do que o “re-roubar” este oponente, fazendo um reraise all-in com uma mão não tão forte, possuindo entre 10 bbs e 25 bbs, e ganhando um bom pote quando o oponente desiste. Especialmente em limites baixos e médios, ainda existem vários jogadores que simplesmente não possuem o resteal em seus arsenais. Se eu desconfio que o jogador não conhece essa jogada, quando ele aplica um reraise-all-in pré-flop, geralmente seu range é forte, possuindo, no mínimo, mãos como A-J, A-Q, T-T etc. Já os jogadores agressivos, além dessas mãos, podem aplicar um resteal também com pares baixos e suited conectors, pois essas mãos tem uma equidade razoável caso a jogada não funcione. Os notes mais comuns que eu faço nessas situações são: “Não sabe o que é resteal”, “Range bem amplo de resteal” ou “resteal com T-8s”.
 
ALL-IN PRÉ-FLOP
Alguns jogadores possuem diferentes ranges de all-in pré-flop. Possuindo 10 big blinds do meio da mesa, apesar de estar short stack, essa ainda não é uma situação desesperadora, e um jogador que evita correr riscos só daria all-in com um range bem seguro, como AT+/KQ/66+. Mas jogadores agressivos podem dar all-in com suited conectors, pares baixos e até mesmo combinações de A-X fracos, como A-2, A-3, A-6 etc. Portanto, se um jogador empurrar com A-J nessa situação, essa informação será indiferente para mim, pois qualquer tipo de jogador daria all-in com essa mão. Porém, se ele dar um showdown de A-3o, com certeza, eu farei um note como: “all-in de A-3º com 10 bbs de middle position”, para que eu possa ajustar meu range de call e no futuro pagar com um grupo maior de mãos.
 
Na próxima edição, falarei sobre os notes pós-flop.
 
@RamonSfalsin
www.pescanco.com.br
https://www.facebook.com/ramonpoker
Capixaba, radicado em Maceió, Ramon é uma das jovens revelações do poker nacional e um dos poucos a chegar, de forma consecutiva, a duas mesas finais de BSOP. É instrutor da PokerLAB e especialista em satélites online. 
 



NESTA EDIÇÃO



A CardPlayer Brasil™ é um produto da Raise Editora. © 2007-2024. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo deste site sem prévia autorização.

Lançada em Julho de 2007, a Card Player Brasil reúne o melhor conteúdo das edições Americana e Européia. Matérias exclusivas sobre o poker no Brasil e na América Latina, time de colunistas nacionais composto pelos jogadores mais renomados do Brasil. A revista é voltada para pessoas conectadas às mais modernas tendências mundiais de comportamento e consumo.


contato@cardplayer.com.br
31 3225-2123
LEIA TAMBÉM!×