EDIÇÃO 79 » COLUNA NACIONAL

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Devanir "DC" Campos
Em todos os meses, escrevi esta coluna tirando dúvidas que muita gente tinha sobre os mais diversos assuntos ao redor dos torneios de poker. Porém, neste mês, resolvi contar um pouco do que foi a experiência de ter trabalhado no PCA (PokerStars Caribbean Adventure) de 2014.

Como todo apaixonado por poker, a oportunidade de visitar um grande e famoso evento como o PCA, com certeza, traz muita empolgação. Eu, que comecei a entrar no mundo deste esporte assistindo aos programas de televisão, lá pelos idos de 2004, sempre acho muito bacana estar por perto dos grandes ídolos do poker. Em poucos lugares no mundo você consegue ir comer um lanche depois de um longo dia de trabalho e, quando olha para o lado, encostado no balcão da lanchonete, está um profissional do gabarito de Antonio Esfandiari ou “Elky”.

Neste PCA, eu fiz parte da equipe de direção de torneios, que é comandada pelo experientíssimo Mike Ward. Mike está à frente dos torneios do PCA há 11 anos, desde a primeira edição. Na minha profissão, Mike Ward é uma referência internacional em qualidade e experiência. Sob a sua liderança está o que eu acredito ser a mais experiente equipe de torneios do planeta. Se juntarmos todos os profissionais ali, acredito que temos seguramente uns dois séculos de experiência de poker.
Entre os floors do PCA, estão diretores de torneios de tours do PokerStars, como UKIPT (United Kingdom and Ireland Poker Tour), EPT (European Poker Tour) e IPT (Italian Poker Tour); de poker rooms de alguns dos maiores e mais prestigiosos cassinos dos EUA (Aria, Mohegan Sun, Foxwoods); diretores de torneios da WSOP e muito mais. Acredito que ter sido chamado para esta missão, juntamente com meu colega Samir Zein, foi um passo enorme no reconhecimento como profissional e do nível do poker no Brasil em geral.

Com certeza estar trabalhando lado a lado com esta equipe é um privilégio para poucos na indústria do poker e, definitivamente, adiciona muita experiência à bagagem de qualquer profissional.
Quando se fala de um evento do tamanho e da importância do PCA fica fácil entender o porquê de uma equipe tão especializada e selecionada a dedo para o trabalho. O festival traz um dos calendários mais diversificados do mundo, com modalidades de poker para todos os gostos. Além disso, o PCA atrai os maiores profissionais do mundo, em alguns dos torneios mais caros do planeta. Ou seja, o nível de exigência que o cliente tem faz com que o padrão de qualidade do evento — em todos os aspectos — tenha que ser o mais alto do mercado.

Contudo, mesmo com toda a seriedade com que todos os membros do staff levam as operações do evento, acredito que o PCA é um dos melhores eventos do mundo para participar, se você realmente gosta de poker. Em nenhum outro evento no mundo o clima é tão amigável e tranquilo. Lá, após conversar com diversos jogadores de poker — muitos dos quais participaram pela primeira vez neste ano — ficou evidente que a experiência do PCA é única em todo o circuito mundial.

Do ponto de vista de quem olha as mesas de fora, o trabalho também é muito interessante. Afinal, mesmo com alguns dos maiores buy-ins do mundo, acabamos lidando com a mais variada gama de jogadores que existe: desde aqueles que se classificaram através dos freerolls no PokerStars e fizeram a sua primeira viagem internacional, até os maiores high-rollers do mundo, mais do que acostumados com as câmeras e flashes.

Durante o PCA, a equipe de floors reveza pelos mais diversos torneios que estão acontecendo. No primeiro dia, fui escalado para cuidar do Super High Roller, em especial, da mesa da TV — que sempre tem um floor destacado para, além de supervisionar a mesa, narrar a ação. Apesar da experiência que tenho com mesas televisionadas em torneios, fiquei muito nervoso com essa tarefa, afinal, é uma daquelas missões em que você simplesmente não pode errar. O mundo inteiro está assistindo a mesa ao vivo pelo PokerStars.Tv; e, além disso, como clientes, você tem ali nada menos do que o Campeão Mundial Ryan Riess, o dono do Cirque du Soleil, Guy Laliberté, e profissionais do calibre de Mike “Timex” McDonald.

Apesar do que a maioria das pessoas possa imaginar, dirigir um torneio como o Super High Roller é uma das tarefas mais tranquilas que um diretor de torneio tem. Notem: tranquila, e não fácil. A razão é simples: os jogadores possuem tanta experiência que, simplesmente, não há os problemas mais comuns, que encontramos em torneios com jogadores com menos quilometragem. No SHR, estamos falando de um público muito exigente e que paga US$ 100 mil para participar — isso quando não fazem a reentrada.

Para quem gosta de poker, a possibilidade de acompanhar de perto esta mesa é uma das coisas mais saborosas do mundo. Se você gosta muito de futebol, imagine o que é poder ficar à beira do gramado acompanhando cada lance do Messi, Lucas ou Ibrahimovic. É assim que eu me senti observando o “Timex” jogando contra Tobias Reinkemeier. Foi muito bacana ver as jogadas, tentar adivinhar silenciosamente, para o fã de poker que estava na minha mente, as cartas que cada um deles tinha em cada mão. Claro que, com a minha pouca experiência como jogador, eu errei a maioria dos chutes.

Nos dias seguintes de evento, eu passei pelos mais diversos torneios, tendo cuidado do Main Event, torneios turbo dos mais variados buy-ins: 6-Max Championship, 8-game, entre outros. Essa variedade de jogos e buy-ins torna a experiência do PCA muito dinâmica e gratificante. Com certeza, recomendo a todos os jogadores e apaixonados pelo poker: se um dia tiverem a oportunidade de visitar o PCA, não a deixem passar. Seja para trabalhar, jogar poker ou mesmo para passear. Não existe experiência como esta em outros torneios no mundo.
 
Um abraço a todos e nos encontramos novamente na próxima edição.
 



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