EDIÇÃO 95 » MISCELÂNEA

Final Table

Grandes campeões analisam mãos decisivas que lhes levaram a vitórias nos principais torneios do mundo, seja na internet ou ao vivo.


Craig Tapscott
KEVIN SCHULZ CONQUISTA SUA PRIMEIRA VITÓRIA EM UM GRANDE TORNEIO AO VIVO, O PCA – PARTE I
 
Kevin Schulz joga profissionalmente desde 2005. Ele acumula cerca de US$ 3,5 milhões em premiações online e pouco mais de US$ 2 milhões ao vivo. Neste ano, ele venceu o Main Event do PokerStars Caribbean Adventure (PCA)
 
Evento PokerStars Caribbean Adventure 2015 
Jogadores 816
Buy-in US$ 10.000
Primeiro Prêmio US$ 1.491.580
Colocação
 
Mão #1
Conceitos-chave: Explorar sua imagem para conseguir que os adversários deem fold. Tamanho de apostas em bordos polarizados. Apostar por valor no river com uma mão relativamente fraca.
Com 93, Schulz aumenta para 235.000 do button. Niklas Hambitzer paga do big blind.
 
Craig Tapscott: Qual a justificativa para seu aumento com uma mão tão marginal, mesmo estando em posição?
 
Kevin Schulz: Eu decidi abrir porque senti que o big blind jogaria de maneira conservadora. Naquele momento, eu sabia que ele estava de olho nos saltos da premiação e o jogador à minha direita só tinha 17 big blinds. Essa não é uma mão que eu abriria normalmente, mas a situação me permitia abrir um pouco mais o meu range — e essa era pior mão que eu escolheria jogar dali.
 
CT: E quanto ao jogador no small blind?
 
KS: Era um jogador muito agressivo, mas eu havia jogado bastante com ele no dia anterior e ele tinha a imagem de um jogador tight em relação a mim. Acredito que ele também respeitava meu jogo, então não acho que ele tentaria gracinhas. Até ali, o tamanho dos meus reaise pré-flop estava maior do que a maioria dos jogadores estava usando.
 
CT: Por quê?
 
KS: Porque muitas pessoas vinham defendendo seus blinds contra mini-raises. Talvez por não entender completamente a dinâmica de se jogar nos blinds, elas tendiam a dar fold para um raise um pouco maior, mesmo que o correto fosse dar call, assim como no mini-raise.
 
Flop: AA8 (pote: 470.000)
Hambitzer pede mesa.
 
KS: Esse flop favorece o meu range de mãos. Todos os Ases estão na minha gama de mãos e não na dele, já que ele faria uma 3-bet com a maioria deles. Dificilmente ele teria algo com 10-10 ou melhor, já que ele também daria reraise.
 
Schulz aposta 225.000
 
KS: Essa é uma aposta pequena, mas acho que há dezenas de mãos em seu range que erraram o bordo completamente. Definitivamente, eu irei para c-bet com todo o meu range nesse bordo, mas posso pedir mesa com Q-Q, K-K ou algum flush draw em Rei. O bordo é relativamente seco, então só tenho que escolher o tamanho da aposta, que não precisa ser muito grande.
 
Hambitzer paga.
 
CT: Então, qual o range do adversário aqui?
 
KS: Acredito que ele possa ter um Oito, alguns Reis e Damas, sem par, poucos A-X e talvez alguns flush draws.
 
Turn: 4 (pote: 920.000) 
 
Hambitzer pede mesa.
 
CT: Você vai para o segundo barril?
 
KS: Já que eu sequer tenho valor de showdown, eu decido continuar com o blefe.
Schulz aposta 375.000
 
KS: Novamente, eu decido apostar pouco em relação ao pote. Eu faço isso porque não espero que ele dê fold com um Oito ou um Ás. Meu blefe tem como objetivo acertar as mãos que não parearam, possíveis K-X ou Q-X. Quando ele tem um par ou algo melhor, eu economizo fichas.
Hambitzer paga.
 
CT: Acredito que os alarmes na sua cabeça foram ativados, não há como você continuar nessa mão.
KS: Você está certo. Nesse ponto, já abortei a mão. Acredito que ele possa ter Oitos, Ases fracos e alguns draws para flush.
 
River: 9 (pote: 1.670.000)
 
Hambitzer pede mesa.
 
CT: Você continua sem querer o pote?
 
KS: Bem, agora eu tenho que tomar uma decisão. Pedir mesa é ok, mas minha mão melhorou de tal forma que, na maioria das vezes, sei que meu par de Noves será o bastante para puxar o pote. Para mim, o range dele tem muito mais 8-X do que qualquer coisa. Então...
 
Schulz aposta 425.000
 
CT: Outra aposta pequena...
 
KS: Sim. Acho um bom valor porque acredito que receberei call com frequência, já que estou dando excelente odds a eles.
 
CT: Você também faz esse tipo de aposta pequena com blefes?
 
KS: Sim. Eu gosto de fazer apostas desse tamanho quando estou blefando mais do que os outros, porque acredito em sua efetividade. No entanto, eu não estou blefando, mas não espero que meu adversário perceba isso. Caso ele largue um Oito, ele estará dando margem para ser bastante explorado. Além do mais, ele nunca largará um flush, que acertou as duas últimas, cartas ou um Ás. Se minha aposta for grande o suficiente para fazer um Oito desistir, mas que faz mãos melhores me pagarem, então estou cometendo um erro terrível. Também não acho que ele possa ir para um check-raise blefando, então, se ele optar por isso, vou largar minha mão tranquilamente.
 
Hambitzer paga, mostra A7 e leva o pote de 2.520.000.
 
KS: Bem, mesmo ele possuindo uma das mãos que podia me vencer, ainda acho que minha jogada é lucrativa no longo prazo.



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