EDIÇÃO 92 » MISCELÂNEA

Pergunte ao Diretor

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Devanir “DC” Campos
(Ricardo Sisolo – Belo Horizonte, MG)
Em um torneio, aqui, em Minas Gerais, aconteceu a seguinte situação: a mão, envolvendo dois jogadores, chega até o river. O Jogador A aposta, e o Jogador B paga. O Jogador B mostra dois pares e o Jogador A desiste da mão, jogando suas cartas viradas para baixo (muck). O Jogador B pede para ver as cartas do Jogador A. O Jogador A diz que não é obrigado a mostrar e o diretor é chamado. Ele, o diretor, diz que já que o Jogador B pediu, o Jogador A tem, sim, que mostrar as suas cartas. A decisão foi acertada?
Olá, Ricardo. 
 
O direito de ver as cartas de outro jogador que elegeu não mostrá-las varia de torneio para torneio. Existem alguns diretores de torneio que não gostam de permitir isto em hipótese alguma, mas há outros que permitem sempre que o jogador solicitar. O regulamento do BSOP (regra 48) — e dos outros tours do PokerStars — prevê que apenas jogadores que ainda possuem as suas próprias cartas podem pedir para ver as cartas de outros jogadores. Veja como o texto é escrito:
 
48 - SOLICITANDO VER UMA MÃO: Qualquer competidor que chegar até o showdown pode pedir para ver as cartas dos outros competidores, desde que ainda tenha suas cartas em mãos. Se eles jogarem suas cartas no monte de descarte, eles não podem mais pedir para ver as cartas dos outros competidores. Todas as mãos requisitadas para showdown pelos competidores serão abertas, consideradas vivas e ainda podem levar o pote. Qualquer competidor que não chegou até a fase de showdown na mão não poderá pedir para ver cartas.
 
Vamos mudar um pouco a situação que você nos deu no início. Suponha que ao ser pago por B, o jogador A imediatamente entregasse as suas cartas ao dealer (muck), pois estava blefando. Nesse caso, B leva o pote sem nem precisar mostrar as suas cartas — ele tem a última mão válida na partida. Então, de acordo com o regulamento do BSOP, nesse caso, A não poderia pedir para ver as cartas de B, pois A não tem mais as suas cartas (o dealer já as recolheu).
 
Essa regra, em particular, só costuma gerar controvérsia em mercados mais novos como o Brasil. Por aqui, a maioria dos jogadores acaba tendo os primeiros contatos com o poker através da internet. Nas salas de poker online é possível sempre ver os histórico de mãos jogadas e, salvo raras exceções, sempre se pode ver mãos que chegaram ao showdown, mesmo que elas não tenham sido mostradas.
 
O que acontece é que internacionalmente a prática de pedir para ver uma mão que o outro jogador escolheu não mostrar é tido como um ato de extrema deselegância. Qualquer jogador brasileiro que vá jogar na Europa ou nos EUA será hostilizado pela mesa inteira se pedir para ver a carta do oponente. Mesmo estando no seu direito, o que se se tem como “conduta” lá fora é mais ou menos algo do tipo: já que você puxou a mão, dê ao oponente ao menos a cortesia de não ter que mostrar as suas cartas.
 
Grande abraço.
 
 
 
(Diego Sette – Belo Horizonte, MG)
Olá, aqui em Minas Gerais está havendo um rigor muito grande quanto ao uso do celular na mesa. Recentemente, minha mão foi considerada morta porque peguei o celular para olhar as horas. Quem está jogando no tablete ou no celular, ou ouvindo músicas também tem sua mão dada como morta com frequência. Basta a mão começar que, se você estiver com algum aparelho em mãos, eles aplicam a punição. Essa regra está correta? Se sim, para mim, o poker ao vivo está cada vez mais chato.
 
Olá, Diego. 
 
Essa é uma ótima pergunta e é uma que tenho recebido com cada vez mais frequência. O que tenho visto é que alguns profissionais têm se confundido um pouco em alguns conceitos e têm levado a aplicação de uma regra a um extremo desconfortável.
 
Obviamente que cada clube ou torneio tem o seu regulamento, mas eu vou usar as regras do BSOP como exemplo. O que a regra diz sobre os telefones celulares e semelhantes é que basicamente você pode usá-los livremente desde que não tenha cartas à sua frente, ou seja, não esteja jogando aquela mão especificamente. Ponto. O que os diretores de torneio não querem é que o jogador atrase o jogo por estar postando em uma rede social ou respondendo uma mensagem.
 
O que é necessário separar é a aplicação do exagero. Nesse caso, a correta orientação e treinamento dos dealers e da equipe de supervisão é o melhor caminho para evitar o exagero. Acredito que não é necessário invalidar a mão de um jogador que venha apenas a olhar a hora ou pegar o celular para mudar o volume do áudio.
 
Dealers e floors não devem ser máquinas de punições ou aplicações de regras que farão o competidor sofrer na competição. Ao contrário. A equipe deve estar lá para garantir que o jogador tenha uma ótima experiência seguindo todas as regras. Isso inclui estar atento e se antecipar aos erros do próprio jogador. Muitas vezes, o dealer vê que o jogador está para cometer um erro e não fala nada. Obviamente, o dealer não deve falar nada que influencie na jogada ou na estratégia do jogo, mas pode muito bem avisar o jogador que ele está para distribuir as cartas e que é melhor colocar o celular no bolso, em vez de ficar apenas aguardando o jogador encostar no aparelho e “matar” a sua mão.
 
Claro que nem sempre as situações são tão simples, mas com bom senso é possível evitar os exageros e manter o jogador bem atendido e feliz ao jogar o torneio.
 
Bom jogo
 



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