EDIÇÃO 84 » COLUNA NACIONAL

A matemática por trás das telas


Ivan “RoyalSalute” Santana
Fala, pessoal.

Primeiro, eu gostaria de agradecer ao convite e dizer que será um prazer nos encontrarmos todos os meses para trocarmos figurinhas. Agora, estaremos juntos por aqui também, na Card Player. 
Neste artigo de estreia, vou falar um pouco sobre os softwares que armazenam estatísticas e o impacto que eles têm no poker online.

Atualmente, o Hold’em Manager (HM) e o Poker Tracker são os principais softwares utilizados por jogadores de poker online. Além de armazenar seu histórico de mãos, esses programas utilizam um HUD (display) que indica as estatísticas dos seus adversários.
 
Como podemos ver na imagem, há vários números, e cada um indica uma estatística do jogador. Entre os mais utilizados temos o VPIP (a porcentagem de mãos que um jogador entra de maneira voluntária na mão), o PFR (a porcentagem de mãos que um jogador está jogando agressivamente, ou seja, com um raise ou reraise), a porcentagem de steal (o quanto ele tenta roubar os blinds do final da mesa), a porcentagem de c-bet (se ele dá muita continuation bet ou não), entre outros.  Com poucas mãos já é possível saber quem é tight, quem é loose, quem faz muitas 3-bets, quem é mais passivo etc. Com uma base de dados grande, você pode ver detalhes mais específicos, como a quantidade de check-raise no turn ou river ou como o jogador costuma se comportar em potes com 3-bet. Você pode (e deve) editar o seu HUD para colocar as estatísticas de seu interesse.

Em teoria, esses programas não fazem nada ilegal (desde que você utilize apenas o seu banco de dados, e não o banco de dados de sites ou terceiros), eles “apenas” fazem automaticamente um trabalho que você poderia fazer manualmente: não há nada de errado em ter um histórico de mãos e anotar qual a porcentagem de mãos seu oponente está jogando baseado nesse histórico. Mas, na prática, esses programas “facilitam” bastante a vida dos regulares, já que ajudam muito na leitura dos oponentes, o que dá uma vantagem pra quem utiliza a ferramenta.

Nos torneios, em que cada momento um jogador provavelmente jogará diferente, o HUD não é tão importante. Um jogador pode jogar mais tight no começo, ter uma estratégia short-stacked e outra deep, jogar diferente na bolha, quando está na mesa final, ITM etc. Inclusive, o HUD pode até atrapalhar um jogador que apenas vê os números e não pensa na situação. Mas, sem dúvidas, para um jogador experiente, que não irá apenas olhar para os números, o HUD facilita muito, ainda mais se o jogador estiver multi-tabling (com muitas mesas abertas). É impossível prestar atenção em 10, 11, 12 telas ao mesmo tempo, e o HUD pode indicar quem é o NIT (só joga mão premiuns), quem é o jogador fraco, quem é agressivo da mesa e por aí vai.

Em cash games, o buraco é mais em baixo. Lá você terá uma vasta base de dados de cada jogador, pois enfrenta os mesmos caras com maior frequência, e como não estamos falando de torneios, não terá que se preocupar com “momentos diferentes”. No cash, o Hold’em Manager acaba equilibrando a disputa entre os regulares e faz com que o jogo muitas vezes se torne uma leitura de bordo combinada com a leitura de números, dando pouco espaço para estratégias “exploráveis”. Por conta disso, os regulares de cash game tentam ao máximo balancear os ranges, tentando chegar próximo ao GTO (Game Theory Optimum), ou seja, uma estratégia inexplorável.

Apesar de eu dar coaching de Hold’em Manager e usar o aplicativo, no meu “mundo ideal” do poker online não há HUD. No entanto, hoje, vejo que deixar de usar o programa é deixar de obter uma vantagem que quase todos outros jogadores estão tendo. Então, para equilibrar ou até virar o jogo pra cima desses jogadores (utilizando ao máximo a ferramenta), vejo o HM como um “mal necessário” no poker online.

Para quem quiser mais informação, seguem os links para os sites do Hold’em Manager, do Poker Tracker e da minha página, em que dou dicas e também coaching dos aplicativos:

www.holdemmanager.com
www.pokertracker.com
www.ivanroyal.com.br
 
 
Ivan Santana é um dos maiores e mais respeitados especialistas em cash games do Brasil. Ele é instrutor da Poker Lab e auto do livro “The Royal Book”. 



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