EDIÇÃO 80 » MISCELÂNEA

Final Table


Craig Tapscott
Grandes campeões analisam mãos decisivas que lhes levaram a vitórias nos principais torneios do mundo, seja na internet ou ao vivo. 

BLAIR HINKLE JOGA AGRESSIVAMENTE CONTRA JUSTIN BONOMO POR 1,7 MILHÃO DE DÓLARES – PARTE II

Blair Hinkle joga online desde 2005; profissionalmente, desde 2008, ano em que venceu um evento de bracelete da WSOP e levou US$ 507 mil. Ele também é o único jogador a ter vencidos dois eventos principais da WSOP-Circuit. Seus ganhos em torneios ao vivo e online já ultrapassam a barreira dos US$ 5 milhões.
 
Evento 2013 Seminole Hard Rock Poker Open
Jogadores 2.384
Buy-in US$ 5.300
Primeiro Prêmio US$ 1.745.245
Colocação
 
Conceitos-chave: Tamanho de aposta, range de mãos em heads-up, tipo de jogador e metagame.
Do button, com A8, Hinkle aumenta para 525.000. Bonomo paga.

Craig Tapscott: Quando essa mão ocorreu no heads-up?

Blair Hinkle: Aconteceu ainda no início. Eu estava jogando um pouco passivo, mas acertando boas mãos e levando bons potes. Em heads-up, no button, é uma jogada padrão abrir raise com um Ás.

CT: Em um heads-up não é complicado assimilar imediatamente e de maneira precisa o range do adversário?

BH: Muito. Por isso é extremamente importante prestar atenção em todos os detalhes durante a partida e se ajustar de acordo com isso. Ali era preciso tirar vantagem do meu bom momento. Jogadores confiantes jogam melhor — que essa pessoa fosse eu.

CT: Qual o processo para começar a encaixar o range do seu adversário?

BH: Para isso é preciso saber o estilo do seu oponente. Como o Justin está sempre dando call pré-flop, eu dependia bastante das minhas leituras pós-flop. Controlar os potes e conseguir showdowns baratos me ajudou a perceber quais linhas ele adotava com determinados tipos de mãos. Esse estilo de jogo dele também faz com que as suas 3-bets sejam polarizadas. Então, muitas vezes, eu tinha que confiar no meu instinto.
Flop: AK8 (pote: 1.110.000)
Bonomo pede mesa.

BH: Esse é um excelente flop para mim, o que torna minha decisão de fazer uma continuation bet bem fácil.
Hinkle aposta 650.000. Bonomo paga.

CT: Com o que ele está lhe pagando aqui?

BH: Nesse tipo de flop, eu não acho que ele pagaria sem ter algo. Acredito que ele pague com qualquer par, flush draw e, talvez, com algumas Broadways que tenham um backdoor-flush. 
Turn: 2 (pote: 2.400.000)
Bonomo pede mesa.

CT: O flush apareceu. Você apostará novamente?

BH: Essa não é a melhor carta para mim. O range de mãos de Justin é tão grande que ele pode ter facilmente um par com uma carta de copas, uma Broadway também com uma copas, como Q-J. Eu decidi apostar forte e punir mãos como essas, caso ele quisesse ver o river.
Hinkle aposta 1.600.000. Bonomo paga.
Turn: K (pote: 5.600.000)

CT: Uma carta não muito boa.

BH: Não. Essa é provavelmente a pior carta para a minha mão. Agora eu perco para qualquer Ás melhor e perco chance de fazer uma boa aposta por valor no river. Mas...
Bonomo aposta 4.000.000

CT: E agora? Ele saiu apostando novamente.

BH: Essa aposta me colocou para pensar. Eu não poderia deixar de lembrar da mão que eu havia visto na transmissão [ed. 76 e 79], que ele completou o flush e eu dei fold acertadamente. Nesse ponto, no heads-up, parecia ser uma situação muito boa para ele blefar. Ele não parecia tão confiante quando apanhou as fichas e nem deu a tell que, para mim, mostrava força.

CT: Talvez uma boa situação para dar raise por valor?

BH: Realmente considerei a possibilidade de dar raise, tanto que perguntei quantas fichas ele tinha para trás enquanto eu pensava.

CT: O que lhe impediu de empurrar all-in?

BH: Se ele estivesse com um pouco menos de fichas, eu ficaria muito mais confortável empurrando no river. Meus instintos diziam que não era uma boa situação, mas eu estava puxando muitos potes e queria acabar com aquele heads-up rapidamente. Também me convenci que Justin estava mudando de marcha e entrando em metagame baseado na última mão.
Hinkle paga. Bonomo mostra K9 e puxa um pote de 13.600.000.

CT: Alguma consideração sobre o seu call, agora que você reviu a mão?

BH: Bem, eu realmente poderia ter dado raise. Se ele estivesse blefando, eu levaria mão, se ele tivesse um valor fraco, também. Pela maneira que a mão se desenvolveu, era muito difícil que Justin tivesse um full house, mas eu poderia representar um. Mesmo se ele tivesse o flush, isso o faria tomar uma decisão delicada por grande parte das suas fichas. Apesar disso, dou crédito a ele por tomar uma linha fora do padrão e me confundir.
 
CT: Bem, você teve bastante sucesso nos últimos anos. A que você atribui sua evolução nos torneios?

BH: O segredo é possuir amigos e familiares com quem você possa discutir sobre o jogo. Isso lhe dá uma visão de como as pessoas jogam determinados tipos de mãos e como eu poderia jogar uma outra mão de maneira diferente. Outra coisa importante é manter o foco na mesa. Mesmo se eu não estiver na mão, tento prestar atenção na ação, como os jogadores se comportam, os tamanhos de suas apostas etc. Nem música eu costumo escutar. Você nunca sabe o que alguém pode falar enquanto está jogando. Em um torneio de poker, um grande pote pode ser a diferença entre a glória e o fracasso, e você nunca sabe quando uma coisinha simples, que você percebeu há três horas, poderá salvar grande parte do seu stack.
 
CT: Já que falamos sobre tamanho de apostas nas duas mãos que abordamos, como você trabalha essa parte do jogo?
 
BH: Nos últimos anos, tenho experimentado usar tamanhos de apostas fora do padrão. Isso me ajudou bastante a jogar contra jogadores do online que fizeram a transição para o ao vivo. A maioria tem problemas para se adaptar a coisas novas. Por eu ter experiência em me ajustar “dentro e fora da curva”, nesse quesito, geralmente me mantenho um passo à frente dos outros.
 
NOTA DO EDITOR: A visão de Justin Bonomo sobre esta mão pode ser lida na edição 78 da Card Player Brasil.



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