EDIÇÃO 8 » COLUNA NACIONAL

Diante de um dilema

Jogando nas posições de blinds


Igor Federal

Todo jogador, quando começa a se aprofundar verdadeiramente no poker e passa a ter noções um pouco maiores do que as básicas quanto à posição, controle de stack e de pote, leitura do adversário, análise de padrão de comportamento etc., encontra-se diante de um dilema: Como jogar nos blinds?

Esse é, definitivamente, o próximo passo para quem quer evoluir e alcançar um novo degrau em seu jogo. As opções são poucas e simples: FOLD, CALL ou RAISE. Mas aquilo que parece simples pode ser exatamente a diferença entre ser ou não bem sucedido, sobretudo na reta final de um torneio.

• Se você não defender seus blinds, criará uma imagem de “ficha fácil” e terá os blinds roubados a todo o momento.
• Se der call a torto e a direito, virará o que chamamos de “calling station” (uma das piores designações que se pode receber) e ficará sempre jogando com mãos marginais e fora de posição, o que, mais cedo ou mais tarde, vai acabar detonando seus resultados no longo prazo.
• Se você der reraise a toda hora, em algum momento você aumentará contra uma mão efetivamente forte que o eliminará do torneio.

O que se deve fazer é um mix dessas estratégias, variando-as de acordo com o seu stack, o stack do seu adversário, o tamanho dos blinds e o perfil do jogador contra quem você está jogando.

Para simplificar, naquilo que um artigo permite, essa é a estratégia que tendo a seguir quando estou nos blinds:

- Blinds baixos: todos os jogadores estão aproximadamente com o mesmo número de fichas.
Use a estratégia padrão, aquela de cartilha: dê bastante call com mãos lucrativas, como suited connectors e pares baixos, mas saiba jogar depois do flop, evitando grandes perdas de fichas ao pagar apostas desnecessárias; a não ser, é claro, que tenha flopado um monstro ou tenha um excelente draw.
Dê somente call também com mãos como AQ, AJ e pares até T. Evite reraise nesses momentos.
Deixe os raises para pares acima de J e para AK.

- Blinds médios: nessa situação temos três opções.
1) Short stack: aproveite para voltar all-in com AQ, AK e pares acima de 8 (se muito short, até AT ou qualquer outro par).
2) Medium stack: continue seguindo a estratégia padrão e jogue normalmente. Já que seu stack aumentou, mas os blinds também subiram aproximadamente na mesma proporção e a situação continua sob controle.
3) Big stack: use a estratégia padrão, mas aproveite para dar call em all-ins de jogadores desesperados com AK, AQ, AJ e pares até 8.

- Blinds caros: aqui, o comprometimento com os seus blinds é bem maior. Temos novamente três opções.
1) Short stack: aproveite para voltar all-in, principalmente contra jogadores que você saiba que dão raise mais vezes do que o normal, com AQ, AK, AJ, AT, A9, KQ, KJ QJs, TJs, quaisquer suited connectors ou qualquer par.
2) Medium stack: seja bem mais agressivo do que o normal. Dê mais reraise ou fold do que call, mas escolha bem contra quem você está jogando e saiba administrar seu stack, uma vez que sua situação não é confortável, mas também não chega a ser desesperadora. Não fique defendendo seus blinds com mãos marginais, pois isso tende a “comer” seu stack e deixá-lo numa situação bastante ruim dali pra frente.
3) Big stack: Não fique pagando all-in com mãos duvidosas, para não desgastar seu confortável stack com jogadas desnecessárias. Mas coloque jogadores em all-in com AQ e pares acima de T, comprometendo até 1/4 do seu stack, principalmente se tiver informação de que o raise veio de um jogador agressivo.

- Torneio deep stack: Em torneios assim, nos quais todos (ou quase todos) os jogadores estão com um grande número de fichas em relação ao valor dos blinds, é sempre bom evitar confrontos ao jogar nessas posições.

Geralmente, jogar nos blinds não é uma situação confortável, pois a sua posição é horrorosa e você sempre vai ter que agir antes do seu adversário durante todo o resto da mão, o que diminui o eventual lucro e aumenta bastante o prejuízo. Portanto, a tendência é de sempre evitar confrontos nessa posição.

Em alguns eventos, o tamanho dos blinds o obriga a defender suas fichas, mas, num torneio deep stack, desvie dessa situação com mãos marginais durante grande parte do tempo.

Já naqueles torneios em que os blinds sobem rapidamente, evitar esses confrontos se torna impossível a partir de determinado instante.

O treino e a experiência nas mesas ajudam bastante a fazer com que você se acostume com essa situação: fique talhado e preparado para o confronto.

Boa sorte nas mesas!

Igor “Federal” Trafane




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