EDIÇÃO 75 » MISCELÂNEA

Final Table


Craig Tapscott
A seção Final Table está de volta. Grandes campeões analisam mãos chaves que lhes levaram a vitórias nos principais torneios do mundo, seja na internet ou ao vivo.

ARI ENGEL CONQUISTA O SEXTO ANEL DOURADO DO WORLD SERIES OF POKER CIRCUIT

Ari Angel, também conhecido online como “BodogArt”, foi um dos primeiros jogadores a se tornar profissional de torneios. Em 2006, ele foi ranqueado pelo pocketfives.com como o melhor jogador da modalidade. A partir dali, ano após ano ele se manteve entre os melhores. Antes da Black Friday, nas raras vezes em que ia jogar em cassinos, ele acumulou resultados consistentes. Sem poder jogar online desde abril de 2011, Engel mudou-se para o Canadá, onde ficou por cerca de um ano. Voltando para casa, ele decidiu se dedicar completamente aos torneios ao vivo. Nos últimos 12 meses jogando no “mundo real”, ele conquistou três anéis dourados do WSOPC, 29 ITMs e alcançou 11 mesas finais.


Evento #9: WSOP Circuit 2013 No-Limit Hold’em no Foxwoods
Jogadores: 235
Buy-in: US$ 580
Primeiro Prêmio: US$ 29.634
Colocação: 1º

Mão #1

Conceitos chave: Jogando em uma mesa shorthanded (seis jogadores ou menos); coolers.

Do UTG, Engel aumenta para 35.000 segurando KQ. O Jogador 1 paga do button (BTN), assim como o Jogador 2 do big blind (BB).

Craig Tapscott: Qual a leitura que você tem dos oponentes que pagaram a sua aposta?

Ari Engel: Nenhum dois tem nenhuma particularidade. O Jogador 1, algumas vezes, não jogou agressivamente, pré-flop, com boas mãos. O range do Jogador 2 é bem amplo, apesar de ele estar jogando tight na mesa final.

CT: Antes de irmos além nesta mão, você poderia falar um pouco sofre o jogo shorthanded neste cenário? Qual seu plano de jogo e como os tamanhos dos stacks e as mudanças de premiação o afetam?

AE: Eu sou um dos que tem o menor stack (26 bbs), mais ainda posso manuseá-lo. Eu não vou jogar como um louco. Serei seletivo e agressivo e tentarei puxar potes sem showdown. Como regra geral, nesta situação, eu tento achar o equilíbrio entre jogar para ganhar e também ir subindo na tabela de premiação. De qualquer maneira, K-Q é uma mão com a qual devemos dar raise em uma mesa com cinco jogadores. Quando sou pago pelo BTN, sinto que estou atrás do seu range. Ele mostrou que gosta de jogar mão fortes de maneira mais devagar, e ele também não tem jogado de forma muita solta. Ainda assim, eu tenho muita equidade.

Flop: KQ7 (pote: 123.000)
Engels aposta 45.000

CT: Obviamente, um excelente flop.

AE: Neste flop, eu me sinto nas nuvens. Eu faço uma pequena continuation bet (c-bet) esperando por ação.
O Jogador 1 empurra all-in. O Jogador 2 dá fold. Engels paga, e o Jogador 1 mostra AQ.

AE: Dada a natureza mais tight do Jogador 1, não estou surpreso de ver que ele tem muita equidade. Por sorte, o bordo mantém a minha vantagem, não sou eliminado, puxo um grande pote e assumo a liderança.

Turn: 5 (pote: 889.000)
River: 3 (pote: 889.000)
Engels puxa o pote de 889.000 fichas.


Mão #2

Conceitos chave: Controle de pote; deixando seu oponente cometer erros.

AE: Nós estamos em três jogadores. O quarto colocado caiu exatamente a uma mão. Aaron Massey está no BB e não há small blind (SB). O Jogador 2 é o UTG/cutoff (CO). Ele é um jogador de meia-idade que já mostrou capacidade de jogar fora do padrão, mas geralmente é tight-aggresive (TAG).

CT: Eu sei que você é amigo de Aaron. O que você acha dele?

AE: Pela minha experiência, Aaron é um excelente jogador TAG. Ele provavelmente não cometerá um grande erro neste estágio e complicará as coisas para mim com o seu bom jogo pós-flop. Ele vem destruindo no poker ao vivo também, então sua confiança está bastante alta. Eu não estou querendo entrar em confrontos contra um jogador tão bom em uma mesa shorthanded. Apesar de sermos amigos e termos jogados algumas vezes juntos, não tenho muita leitura de suas tendências. No momento, ainda não sei como ele vai jogar aqui.

O Jogador 2 aumenta para 40.000 do CO. Engel dá reraise para 78.000 com A4. Massey paga do big blind. O Jogador 2 paga.

CT: Quando Massey paga a sua 3-bet, qual o range você coloca para ele? O call dele é mais preocupante do que o do Jogador 2, correto?

AE: Quando Massey dá cold call em minha 3-bet, eu fico extremamente preocupado. Não tenho certeza do que ele tem, mas não acredito que ele daria cold call sem uma mão legítima. É possível que ele tenha diferentes tipos de Broadway (combinações de mãos entre cartas maiores ou iguais a Dez), pares ou grandes Ases. Mas é uma jogada inusitada, então não vou ver o flop muito certo de quais cartas Aaron segura. E eu espero que o Jogador 2 pague 100% das vezes, já que ele tem odds superiores a 5-para-1 para dar o call.

Flop: A85 (pote: 243.000)
Massey pede mesa. O Jogador 2 e Engel fazem o mesmo.

CT: Por que o check?

AE: Eu peço mesa porque acredito que é difícil conseguir extrair valor de qualquer oponente, e frente a um check-raise, tenho que largar a minha mão.

Turn: A (pote: 243.000)

Massey pede mesa. O Jogador 2 empurra all-in. Enger paga. Massey desiste. O Jogador 2 mostra 98.
AE: Depois que acerto a trinca, eu começo a me sentir muito bem sobre a minha mão. Quando o Jogador 2 empurra all-in, a aposta dele é quase duas vezes o valor do pote, então é improvável que ele tenha Ases maiores ou full houses, já que, esperando conseguir ação, ele jogaria esse tipo de mão um pouco mais devagar. Não há como eu dar fold nesse turn para essa aposta. Apenas pago porque se o Massey empurra all-in depois de mim, tenho que dar fold (mesmo com todo o dinheiro que já investi).

River: 2 (pote: 1.141.000)

Engel puxa o pote de 1.141.000 fichas.

CT: O que você acha do all-in com 9-8? Ele poderia ter escapado dessa mão ou foi uma jogada dentro do padrão?

AE: Eu não gosto. Ele poderia apostar 1/3 do pote, esperando ser pago por alguma mão pior. Ou então é melhor pedir mesa e esperar que eu blefe. O problema é como Massey reagiria a essa aposta se ele tivesse um par maior do que o de Oitos. Se essa aposta pode fazer Massey dar fold em mãos com K-K, Q-Q, J-J, 10-10 e 9-9 (o que eu acho que não faz), então é uma boa situação para blefar. Por fim, sendo o menos experiente dos três, o Jogador 2 pode planejar “ir para o gamble” (tentar a sorte) em grandes potes. Dito isso, eu não faria a jogada, mas é justificável.


Mão #3

Conceito chave: Jogar contra um bom jogador que tem 20 big blinds ou menos.

AE: Durante o heads-up tudo ocorreu como o planejado. Eu comecei com 1,7 milhão de fichas e cheguei a 2,25 milhão quando a mão final ocorreu.

Massey aumenta para 50.000. Engel empurra all-in com K7. Massey paga com A8.

Flop: QJ10 (pote: 1.000.000)
Turn: 8 (pote: 1.000.000)
River: A (pote: 1.000.000)

Engels puxa o pote de 1.000.000 de fichas e vence o torneio.

CT: Qual é a estratégia para um heads-up em que você é o chip leader absoluto e contra um oponente que está short. Como você calcula o range para empurrar all-in?

AE: Bem, quando Massey dá raise com um stack de 21 big blinds, eu acredito que uma boa parte do range dele seja de raise-fold, o que torna o meu shove de K-7 lucrativo. Mesmo que ele não esteja abrindo o pote com quaisquer duas cartas, seu range de raise é bem amplo e será complicado para ele dar call com essas mãos.

CT: E o seu oponente não fosse tão bom?

AE: Se estivesse encarando um adversário pior, eu provavelmente não faria isso, mas contra um jogador como Massey, estou sempre procurando por qualquer vantagem. Se eu perdesse o pote, ele estaria de volta ao jogo, então há muito risco nessa jogada também.


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