Leia a primeira parte. Clique aqui.
Só para recapitular: “Nós temos K-K, no cutoff. Os blinds estão em 100-200, e aumentamos para 500. O big blind paga e o flop vem A♦ 5♠ 10♥. O que fazer? Apostar 700? Apostar 1.300? Pedir mesa?”
Como eu disse antes, se apostarmos e o adversário pagar, provavelmente, eu estou perdendo a mão. Ele vai dar call com qualquer Ás, trincas e dois pares. Também deve pagar com um 10, mas as combinações de mãos são menores. Se ele der fold, obviamente, o K-K era a melhor mão. Então, se não conseguimos apostar por valor nem por blefe, o que fazer?
Essa é a lógica do pôquer. Parece óbvio, mas a maioria dos jogadores não entende isso. Esse exercício de saber se você está blefando ou jogando por valor, ao apostar ou aumentar, é fundamental para entender o nosso jogo. Quando você começa a consolidar esse conceito, vai utilizá-lo em jogadas mais elaboradas, tanto pré-flop como pós flop, chegando ao turn e ao river.
O vício de apostar para “saber onde está” ou “por informação” está presente na mente dos jogadores recreativos – e até na de muitos profissionais – por um motivo simples: o medo da bad beat. Tenho convicção que muitos responderam que apostariam no exemplo anterior, com a justificativa de que gostariam de terminar a mão ali, não dando uma carta grátis ao oponente.
Ele poderia melhorar sua mão no turn fazendo dois pares ou acertando a broca para uma sequência. Faz parte, mas como temos posição, não precisamos nos preocupar com isso, pois perderemos o mínimo possível.
Quando um jogador sem posição (e que não é o agressor pré-flop) acerta um top pair e sai apostando, ele não tá fazendo aquilo por valor, mas por medo de que a mão do oponente melhore. É a chamada donk bet. Essa linha de pensamento de apostar com o objetivo de impedir que o seu oponente não melhore a mão é errado. Vimos que ao apostar você sempre deve se perguntar: “Quero que o meu oponente dê fold, pague ou aumente?”
No Pot-Limit Omaha, o pensamento de não tomar bad beat e de não dar cartas grátis ao oponente já é mais válido. Quando você aposta no PLO por valor, geralmente, você encontrará oponentes pagando para acertar o draw, já que com quatro cartas as chances de melhorar a sua mão são maiores. Ainda assim, o conceito de valor e blefe continua valendo – saber se você quer que o oponente pague, dê fold ou aumente. No entanto, em alguns casos, a melhor opção será a mesma que a do jogador que aposta com medo do draw. Muitas vezes, no Omaha, as duas linhas de pensamento vão optar por apostar, mesmo que por motivos distintos.
Esse conceito é importantíssimo e não se aprende do dia para a noite. É fundamental, sempre, exercitar e pensar o jogo dessa maneira lógica. É necessária uma verdadeira revolução na nossa mente.
Espero que tenham aprendido bastante. Os interessados em cursos e coachings, podem entrar em conato comigo por e-mail (contato@thedecano.com), twitter ou pelo meu website.