EDIÇÃO 59 » ESTRATÉGIAS E ANÁLISES

Ao desconhecido e além

Esteja preparado para enfrentar jogadores desconhecidos


André Dexx

Uma das maiores certezas que temos antes de sentar em uma mesa de poker é de que iremos nos deparar com caras novas. Portanto, é bom que estejamos preparados para enfrentar uma série de jogadores que, inevitavelmente, serão desconhecidos em um primeiro momento, seja em um clube ou até mesmo no poker online.

Acredito que a cada três mesas que sentamos, em uma delas, pelo menos, vamos ter que enfrentar esses novos vilões, que nós, profissionais, chamamos de unknowns – e ter uma estratégia bem definida de como contra-atacá-los nos poupará muitas fichas, além de nos permitir tirar bastante vantagem desse tipo de situação.

No entanto, a maioria das pessoas comete erros ao encarar um unknown. Às vezes, extraindo menos valor do que deveria, e em outras vomitando fichas (caracterizando o que chamamos de jogador spewy).

Com o tempo, vamos perceber que quanto mais fraco tecnicamente for o oponente, mais rápido conseguiremos identificá-lo, e, assim, de acordo com o estilo do oponente, realizaremos os ajustes necessários para atacá-lo. Por outro lado, quanto melhor for o oponente, mais complexo será de acharmos leaks em seu jogo, e o ajuste perfeito também ficará mais complicado.



Normalmente, precisamos de uma amostra entre 30 e 50 mãos para termos a certeza que estamos jogando contra um fish. Entre 50 e 150 mãos para compreendermos se o adversário é um jogador regular (bom ou ruim), e, acredito, que de 300 a 1000 para caracterizarmos se ele é excelente.

De todos os sinais que um jogador pode te dar, aquele que mais acusa o nível de jogo é o padrão de aposta. A partir de uma mão mal jogada, com uma aposta mal feita, podemos saber imediatamente se ele não passa de um aventureiro naqueles limites.

Não proteger sua mão apostando meio pote em um bordo extremamente perigoso, com muitos draws, ou pagar um raise depois de apenas completar o blind são bons exemplos. Certamente, um profissional nunca se envolveria em mãos semelhantes.

Em um field em que a maioria é desconhecida, um dos grandes segredos é sempre fazer movimentos que você saiba que tenham expectativa positiva (+EV).  Por exemplo, continuar apostando no flop 100% das vezes em bordos secos. Faço isso porque sei que essa jogada terá um retorno positivo, já que, contra a maior parte dos unknowns, a tendência é que eles desistam do pote, diante de uma aposta, pelo menos duas vezes a cada três mãos.

Uma última e importante dica é entender que se não sabemos nada sobre nossos adversários, a recíproca também é verdadeira. Portanto, saber usar a nossa imagem de jogador unknown é uma arte a ser explorada.



Partindo desse princípio, podemos botar pressão em diversas situações que poucos jogadores resistem, como: dar call no flop e raise no turn – uma linha que, a princípio, sempre demonstra força quando vem de alguém que não temos informações. Em posição, também devemos abusar das 3-bets e dos floats, e não ter medo de dar raises diante de uma c-bet do vilão. 

Certamente, daria pra escrever um livro sobre como nos adaptarmos a jogadores desconhecidos, e de como explorar a nossa imagem quando nós formos esse jogador. Mas o que eu quis passar neste artigo é a essência de como jogar quando você estiver diante de um unkown.

Espero ter dado um empurrãozinho para vocês pensarem mais a respeito desse tema chave.

FICOU NA DÚVIDA?
3-bet – Quando um jogador aumenta e outro reaumenta a aposta, chamamos esse reaumento de 3-bet.

C-bet – A Continuation Bet  é uma aposta feita no flop pelo jogador que deu raise pré-flop.

Fish – Aos jogadores fracos e fáceis de explorar, damos o nome de fish.

Float – O float é uma jogada que consiste em dar call no flop, sem ter uma mão formada, com a intenção de blefar no turn.

Leak – As falhas apresentadas por um jogador são chamadas de leaks.

Spewy – É aquele jogador que joga muitas mãos sem o devido cuidado. Com frequência, acaba perdendo muitas fichas sem necessidade.

Vilão – É o nosso adversário na mão.





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