EDIÇÃO 45 » COLUNA NACIONAL

Retas Paralelas

Fundamentos do hold'em para torneios de omaha


Christian Kruel

Já era. Não tem mais jeito. O Omaha tomou conta da mente e do bankroll de quase todos os jogadores. Então, para dar uma força para quem está começando a se aventurar no poker com quatro cartas na mão, vamos falar um pouco sobre torneios de Omaha. E para facilitar a compreensão dos conceitos, traçaremos paralelos com o hold’em.

Levando em conta que a mecânica das duas modalidades é parecida, se você estiver familiarizado com o hold’em, já terá ferramentas para se dar bem em Omaha. Vale lembrar também que algumas variações, como o 6-max e o heads-up, possuem características específicas. Aqui, nosso foco são os torneios de mesa cheia.
 
E se o Omaha é parecido com o hold’em em diversos pontos, é justamente numa diferença que ele pega muitos iniciantes pelo pé: se no hold’em o melhor jogo é feito com as cinco melhores cartas dentre as sete disponíveis, no Omaha você é obrigado –repito, obrigado – a montar o jogo de cinco cartas com três do bordo e duas da mão.

Uma forma interessante de se começar a aprender é assistindo a um torneio de Omaha do Full Tilt Online Poker Series, o FTOPS. Vocês perceberão uma característica relativamente comum, que é o jogo começar bem mais loose e terminar muito mais tight. No hold’em, você geralmente constrói seu stack com muitos potes pequenos e alguns grandes. Em Omaha, você vive de ganhar poucos potes com muitas fichas.


 
Na aparência, Omaha é um jogo bastante loose, mas o que deve prevalecer ao longo dos níveis de blinds é a paciência, como sempre. Já que recebemos quatro cartas, na prática teremos seis mãos de hold’em, em razão das combinações que elas permitem entre si. E isso faz os iniciantes cometerem outro erro comum: o de achar que basta uma das seis combinações ser forte para entrar numa mão. Na verdade, você deve buscar ter seis jogos fortes, mas também boa posição na mesa. Assim como no hold’em, é fundamental ter informações pós-flop caso a mão gere muita ação.
 
Junte o fato de o jogo começar mais loose e ser limit ou pot-limit, e o resultado será uma multidão de jogadores com “muitos motivos para dar calls baratos” em todas as streets. Isso faz com que a maioria dos potes seja vencida por mãos fortes, como flushes e sequências. E faz com que as melhores mãos para serem jogadas no início sejam aquelas que nos dão as maiores possibilidades de acertar tais jogos, que são as double suited em sequência (Ex.: 9 T J Q ou 5 6 7 8). Logo depois, temos as mãos seguidas com um grupo suited (Ex.: 8 9 T J) e as mãos seguidas “off-suited” (Ex.: T J Q K).
 
As mãos com pares altos e dois pares, apesar de possuírem boa classificação de mãos iniciais nos livros de Omaha, ficam muito vulneráveis nesse cenário loose da fase inicial do torneio, inclusive os pares de ases, principalmente se os potes forem muito contestados pós-flop. No entanto, quando os blinds ficam muito altos, o jogo se torna mais tight e os potes se concentram mais em disputas heads-up. Nessa altura, essas mesmas mãos com pares altos e dois pares ganham muito valor, superando inclusive as dos exemplos anteriores. Outro tipo de mão que tem valor no começo e na reta final do torneio é o ás suited com três seguidas (Ex.: A 8 9 T). Se for double suited, melhor ainda. Vale a pena dar uma lida neste artigo do Jeff Hwang sobre mãos iniciais: http://migre.me/4dXDy.


 
Depois de conter o ímpeto de jogar muitas mãos e ter a paciência para entrar com as certas, o próximo passo é agir com inteligência depois do flop. É bastante comum se envolver em situações nas quais se tem uma mão marginal ou mediana, mas com muitos draws para dar suporte, o que dá equidade para os calls. Esse cenário pode levar o stack à ruína em poucos lances. Minha dica aqui é a seguinte: se você estiver diante de um multipote com muitas bets, raises e reraises, só insista em seu draw se tiver uma equidade muito boa e se ele for para o nuts. Caso contrário, é melhor abandonar a mão no início da ação. Lembre que você vai construir seu stack ganhando poucos potes, porém grandes.
 
Aos iniciantes em torneios de Omaha, recomendo um padrão mais conservador. Nas fases iniciais, salvo exceções, é interessante ser mais passivo pré-flop devido à baixa equidade de fold, e mais agressivo pós-flop, principalmente com draws para o nuts. Já na reta final, quando se tem uma equidade de fold bem maior, principalmente em pot-limit Omaha, é possível se manter agressivo durante toda a mão. Com essa linha mais conservadora, você terá subsídios para conhecer melhor o Omaha e criar sua própria estratégia de jogo.




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