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BSOP Curitiba - Nasce um tabu

Jogando em casa, os curitibanos estão invictos no BSOP


Marcelo Souza

Dizer que Curitiba é um dos principais pólos do poker brasileiro é chover no molhado. Todo mundo sabe que, para se dar bem nesta etapa do BSOP, é melhor estar preparado para encarar um field duríssimo. E também para uma ganhar premiação homérica. Com 630 jogadores inscritos no Main Event, o torneio gerou a segunda maior prize pool da história do circuito, acima dos 950 mil reais.

Como tem mandado a boa praxe dos grandes eventos de poker no Brasil, o discurso de abertura foi feitos por autoridades ligadas à Secretaria de Esporte e Lazer local. Marcello Richa e Leandro Meller fizeram as honras da casa, ao lado do presidente da CBTH, Igor Federal, e de Geraldo Campelo, da Federação Paranaense.

Quando a ação começou, 293 jogadores compunham o difícil field. E muitas estrelas foram ficando pelo caminho, incluindo Gabriel Goffi, Caio Brites e Felipe Mojave, que tomou uma fatiada invencível numa mão em que sua trinca perdeu para uma trinca maior.

Ao final do Dia 1A, havia 67 sobreviventes, com destaque para Armando Sbrissa, que chegou a ficar com apenas um ante, mas acabou passando com quase 40 mil fichas para o dia seguinte. O chip leader era o carioca Márcio “Kamikaze”.

O salão do hotel Sheraton Four Points ficou pequeno para os 337 inscritos no Dia 1B. E outro pelotão de grandes jogadores entrou em campo, caso de Christian Kruel, “Betodalu” e Dani Zapiello. Quando o telão marcou o fim do 13º nível de blinds, 79 jogadores ainda estavam na briga.

Logo no começo do Dia 2, a organização anunciou aos 146 sobreviventes que os 63 mais bem colocados seriam premiados. E o clímax da tensão do domingo, como sempre, foi o estouro da bolha. Com menos de três big blinds, Diogo Pena colocou todas as suas esperanças no centro da mesa com um par de noves. O mineiro Moisés Oliveira deu call com A 9. Maurício Peixe fez a mesma coisa segurando K 7. O flop, com A 7 7, foi desastroso para Pena. Bolha estourada, todos no dinheiro. O torneio seguiu até restarem 12 jogadores.

Os nove finalistas só foram conhecidos na segunda-feira. A definição aconteceu quando Giancarlo Alves empurrou quase 2 milhões de fichas contra o único jogador que poderia eliminá-lo, o chip leader Diego Antunes, numa jogada que o próprio Giancarlo classificou como “precipitada”. Em um flop com Q-high, ele foi all-in com par de dez depois do check de Diego, que segurava K K. Estava formada a mesa final.

9º Dirceu Bueno – R$ 14.800,00 (PR)
Luciano Franco e Dirceu vão all-in depois de uma guerra de raises. O primeiro acerta um full house com 99 e elimina Dirceu, que tinha AQ.

8º Carlos dos Santos – R$ 22.200,00 (SP)
Paulino dá mini-raise com 77. Carlão volta tudo do big blind com J5 e toma call. O bordo não ajuda o jogador paulista, que sai do torneio.

7º Paulo Longo – R$ 30.050,00 (PR)
Briga de blinds entre Luciano e Paulo, que vai all-in com A 4. Luciano tinha A J. Um bordo com cartas baixas é o fim da linha para Paulo.

6º Christiano Rodrigues – R$ 39.700,00 (PR)
Moisés vai all-in com AK. Christiano paga com JQ. Mesmo com muitos outs depois do flop, um ás no river tira o curitibano do torneio.

5º Marcos “M_Chacal” Cheida – R$ 54.500,00 (SP)
Diego e Chacal acabam indo all-in em um bordo traiçoeiro com QJT6K. Logo no flop, Diego acerta um straight com 98 e elimina Chacal.

4º Moisés Oliveira – R$ 71.200,00 (MG)
Moisés novamente empurra all-in com par de setes. A torcida enlouquece quando Paulino anuncia all-in por cima com AK e bate um rei no turn.

3º Diego Antunes – R$ 90.600 (RS)
Diego coloca todas as fichas no centro com K 10. Luciano paga com 6 6 e acerta uma trinca no turn. A queda do gaúcho define o heads-up.

2º Luciano Franco – R$ 128.300 (SP)
O heads-up começou com uma vantagem de 2-1 para Paulino. Na mão que decidiu o torneio, Luciano aumentou do botão com A 9. Paulino não pensou duas vezes e empurrou all-in com A J. Dominado, o jogador de São Paulo deu call. O bordo manteve a vantagem de Paulino, que manteve o título em Curitiba, para alegria da torcida.

Campeão – Paulino Yoshio – R$ 207.000,00 (PR)
Com quase 30% das fichas do jogo em seu stack, Diego Antunes começou a mesa final disparado na liderança. Ele era o grande favorito para quebrar a hegemonia dos curitibanos, que jamais haviam perdido um BSOP jogando em casa. Defendendo esse tabu estavam Paulo Longo, Christiano Rodrigues (que ganhara a vaga via freeroll) e Paulino Yoshio.

Diego optou por uma estratégia mais sólida, muito bem aplicada, que o fez chegar à batalha 3-handed com quase metade das fichas em disputa. Já Luciano e Paulino vinham jogando de maneira bastante agressiva desde o início da FT. Isso quase custou a eliminação de Paulino, quando ele se envolveu em uma mão contra Diego e Luciano ao mesmo tempo: o famoso ás no river acabou lhe rendendo um pote monstruoso. Nessa mão, Diego foi praticamente eliminado.

No heads-up, já aos gritos de “é campeão”, Paulino viu seu AA ser quebrado pelo J2 de Luciano, que tinha flopado dois pares. Um campeão se conhece nessas horas: mesmo depois dessa senhora bad beat, Paulino manteve o foco e seguiu jogando bem.

Na mão que decidiu o torneio, o silêncio se manteve até o river. Apenas quando a vitória do curitibano Paulino Yoshio se confirmou, a torcida pôde comemorar a vitória e a manutenção do tabu. Até hoje, só jogadores da própria cidade venceram o BSOP de Curitiba. Coincidência? Provavelmente não. Talento talvez seja a palavra mais adequada.

EVENTOS PARALELOS
High-Roller
Buy-in: R$ 3.400,00
Inscritos: 27 jogadores

1º Vinícius “vinifenomeno” Telles (MG) – R$ 28.200,00
2º Gabriel Goffi (SP) – R$ 19.800,00
3º Carlos Stüpp (SC) – R$ 14.450,00

Second Chance
Buy-in: R$ 600,00
Inscritos: 169 jogadores
1º Luciano Luk (PR)– R$ 23.900,00
2º Anderson Luciano (MG)– R$  14.500,00
3º Claudioney de Carvalho (GO) – R$ 9.350,00

Last Chance
Buy-in: R$ 350,00
Inscritos: 101 jogadores
1º Romeu Marujo (SP)– R$ 8.840,00
2º Marcus Aurelius Mack (EUA)– R$ 5.590,00
3º Leandro Bran (SP) – R$ 3.500,00




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