No poker e na vida, ninguém pode ser considerado vencedor com base no resultado de um evento isolado. Como no basquete ou no futebol, não há como avaliar se determinado jogador deve ou não ser convocado para a seleção nacional a partir da observação de uma única partida ou jogada.
No poker, a paciência é uma arma letal contra os oponentes, pois os leva a cometer erros básicos, que podem causar verdadeiros desastres. Durante uma partida, é necessário sempre esperar o momento certo para atacar e obter os melhores lucros possíveis. Não há como jogar todas as mãos, pois, estatisticamente, é quase impossível levar o pote sempre. Por isso é interessante esperar oportunidades verdadeiramente lucrativas, nas quais existe uma eqüidade positiva em relação ao valor investido.
A paciência pode ser tida como a arte da espera disciplinada, do atraso calculado, da provocação equilibrada – sem que você se torne um sujeito irritante ou estressado. Uma sessão de poker pode durar horas, às vezes dias. Portanto, sem paciência, o jogador se torna vulnerável e fica propenso a tomar decisões erradas.
Isso é notório em situações nas quais é importante manter-se calmo em ambientes de extrema adversidade. Sem a disciplina necessária para a manutenção da sobriedade, o jogador será induzido ao erro. Ela é fundamental ainda para se estudar as técnicas do jogo e para manter-se concentrado durante longas horas de ação.
Segundo o judaísmo, a paciência conduz o homem ao bom senso. Howard Lederer, do Full Tilt Team, aplica uma conduta similar através da sabedoria Zen. No poker, isso se torna uma bússola de conduta que indica a direção que suas decisões devem seguir. Sem bom senso, o jogador se torna vítima de suas próprias escolhas e, assim, expõe um leque enorme de pontos fracos na mesa. Para o jogador vencedor, a paciência é uma ferramenta básica, tanto durante uma partida quanto na hora de escolher a mesa e o limite em que se vai jogar.
Nosso esporte não é uma atividade rápida e de curto prazo, e as partidas podem durar muito tempo. Sem disciplina, qualquer jogador tende a baixar a guarda e começar a agir de forma menos precavida, correndo riscos desnecessários. Isso é apenas mais uma forma de tiltar, e nem os melhores do mundo estão livres dessa maldição. Assim, ficam prejudicas a estabilidade e o refinamento do jogo.
Essa qualidade não está ligada somente às mesas de poker em si, sendo possível percebê-la também longe do feltro. Um bom jogador é capaz de manter o autocontrole e possuir o autoconhecimento necessário para administrar seu bankroll com competência. Desse modo, é possível avaliar seu estilo e seu desempenho com clareza e imparcialidade – e esse processo de auto-avaliação é crucial para o desenvolvimento de qualquer pessoa, tanto nas mesas de poker quanto longe delas.
É preciso desenvolver a habilidade de ignorar o passado, para que jogadas mal sucedidas não influenciem decisões futuras. Com isso, você otimiza os lucros ao longo do tempo. A mentalidade espartana de se manter a disciplina sob qualquer situação protege o jogador de riscos, possibilitando altos índices de eficácia e rendimentos positivos durante as partidas.
Um jogador de poker deve tomar suas decisões do mesmo modo que um general em guerra deve manter suas tropas: sob vigilância e com total disciplina. Essa eficiência quase militar oferece uma vantagem sobre as influências externas à partida. A concentração é imprescindível, pois qualquer erro pode conduzir à derrota. E ninguém quer uma eqüidade negativa após longas horas de jogo – seja você um soldado raso ou um general do poker.
