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David Baker - Ensina a Receita do Sucesso

Aprende Mixed Games e Ganha o Ouro na WSOP


Julio Rodriguez

World Series of Poker 2010 foi dominada por jovens profissionais online em busca do sucesso também na arena live, a exemplo de Richard Ashby e Dan Kelly, que conseguiram ganhar os primeiros braceletes de suas carreiras. Mas foi David “Bakes” Baker quem se destacou na multidão. Com mais de $2,2 milhões ganhos em torneios antes dessa World Series, ele era considerado um das principais revelações da comunidade online. Ao longos dos últimos quatro anos foram mais de 140 ITMs, quase todos em no-limit hold’em.

Tudo isso mudou há alguns meses, depois que Baker se dedicou a aprender mixed games para poder ter mais chances de ganhar um bracelete e capitalizar com o crescimento da ação nos high stakes de modalidades distintas do hold’em.

Partindo do zero, Baker começou a “grindar” nas mesas de eight-game do PokerStars. Quando a WSOP começou, ele já estava entre os melhores da modalidade.

Como todos eram sólidos em no-limit hold’em, Baker descobriu que havia muitas falhas a serem exploradas nos mixed games. O resultado foi uma mesa final no Players Championship de $50.000 e o seu primeiro bracelete da WSOP, no campeonato de no-limit deuce-to-seven de $10.000.

O Histórico de Baker

Baker nasceu em 17 de outubro de 1986, em Charlotte, na Carolina do Norte. No colégio, ele gostava de jogar poker, mas foi apenas no primeiro ano de faculdade na Michigan State University que ele começou a jogar por dinheiro. Na verdade, ele passou por uma difícil curva de aprendizado, competindo em casa contra dois futuros ganhadores de braceletes da WSOP: Justin Scott e Dean Hamrick.

Baker usou o dinheiro de seu pai para fazer um depósito online e, depois de um difícil começo, finalmente viu seu bankroll crescer. Obviamente, o sucesso no poker significava que a educação seria relegada ao segundo plano. Como sua educação não estava sendo bem aproveitada na MSU, cerca de seis meses depois ele se mudou para Miami para estudar na School of Audio Engineering.

“Eu gostava muito de bateria. Definitivamente me via seguindo a carreira musical, e as aulas me permitiam continuar jogando. Finalmente, eu tive um ITM substancial online”. Um ITM decente não iria atrapalhar a educação de Baker, mas alguns a mais poderiam conseguir esse efeito. “Eu nunca tinha tido mais de $3.000 na minha conta, e de repente tinha uns $8.000. Fiquei tentado a tentar a sorte jogando profissionalmente. Alguns dias depois, eu ganhei $30.000 no PokerStars, então deixei a faculdade e me tornei profissional do poker”.

Um Começo Promissor

Baker tinha apenas 20 anos quando recebeu treinamento da ganhadora de bracelete e instrutora do Deuces Cracked Vanessa Selbst, em Las Vegas. Depois do seu 21º aniversário, sua tendência natural era se aventurar no circuito de torneios live. “Eu tinha jogado uma série de torneios no Turning Stone Casino, mas foi no Foxwoods que o Time Waffle Crush decidiu me acolher”.

O time composto por jogadores como Shaun Deeb e Vivek Rajkumar decidiu oferecer a Baker uma proposta de patrocínio para torneios de grande buy-in. Ele logo os deixou contentes ao ficar in the money no Main Event de $10.000.

Apesar da boa relação com seus patrocinadores, circunstâncias extenuantes o fizeram sair do Waffle Crush em direção ao jogador de high stakes Tom “durrrr” Dwan. “Tom estava em busca de alguém para cavalar, e meu nome surgiu. Eu não era um grande nome no Time Waffle Crush tanto quanto outros caras, então foi mais fácil me liberar. Dois torneios depois, eu acabei faturando o evento de $5.000 do Five-Star World Poker Classic no Bellagio, embolsando $250.000, e eles realmente se arrependeram”.

Tão Perto, Mas ao Mesmo Tempo Tão Longe
Baker continuou a ganhar online, acumulando mais de $1,5 milhões durante um período de 18 meses, mas seus resultados live eram escassos: várias vezes ele bateu na trave. Em 2009, depois de excelentes campanhas tanto no PCA como no evento de $40.000 da WSOP, Baker conseguiu ganhar mais de $200.000, mas ele sabia que poderia ter ido além. Apesar disso, Baker se manteve positivo.

“Eu tento fazer isso todo dia. Tento tomar a melhor decisão o tempo todo, e a única vez que penso em dinheiro é quando analiso como ele afeta meus oponentes”.

Baker Incrementa o Jogo

Apesar de ter construído sua carreira em no-limit hold’em, ele agora concentrava toda a sua energia no aprendizado de mixed games. Baker concluiu que, em breve, seria capaz não apenas de jogar torneios da WSOP, como também lucrar nos cash games, algo que tem se tornado cada vez mais difícil no hold’em.
“Eu comecei a jogar muito pot-limit Omaha e, a partir daí, descobri o eight-game do PokerStars. Passei o último ano “grindando” nessas mesas, e cheguei até a tentar a sorte em limites altos como $400-$800”.
Quando perguntado sobre o que torna esses jogos tão lucrativos, Baker explicou que o tilt é um grande fator. “Os jogadores ainda tiltam jogando no-limit hold’em, mas é bem mais fácil reconhecer o problema e parar de jogar. Parece que, em eitght-games, os jogadores ficam tiltados e começam a apostar de maneira irresponsável sem perceber”.

O Jovem Talento Domina a Velha Guarda
Os eventos com buy-in de $10.000 da WSOP geralmente se destinam a especialistas e veteranos da velha guarda do mundo do poker, mas o desempenho de Baker conseguiu chamar muita atenção no verão de Vegas.

“Isso pode soar presunçoso, mas eu sabia que acabaria ganhando um bracelete. Eu estou satisfeito com o poker, então sabia que eventualmente todos os astros se alinhariam e eu ganharia o meu. Era só uma questão de a variância seguir a direção oposta”.

Baker fez os produtores da ESPN correrem atrás de sua biografia ao entrar na mesa final do Players Championship de $50.000 no começo do verão, evento no qual ele eventualmente caiu em sexto lugar e levou $272.275. Depois de um modesto ITM, ele ganhou seu primeiro bracelete, embolsando $294.314 no no-limit deuce-to-seven championship de $10.000. Depois, Baker ficou em 15º no Omaha eight-or-better championship de $10.000, jogo que ele afirma ser o seu pior.

Baker conseguiu dominar o no-limit deuce-to-seven, modalidade jogada basicamente na Bobby’s Room, percebendo hábitos e tendências ruins de alguns dos profissionais mais experientes e encontrando maneiras de tirar proveito disso. “É um jogo que ainda não foi realmente esmiuçado ou analisado a fundo como o hold’em. Os grandes jogadores sabem o que estão fazendo, mas eu quis me certificar de ser capaz de competir no nível deles”.

DAVID BAKER EXPLICA SUA ESTRATÉGIA VENCEDORA DE DEUCE-TO-SEVEN LOWBALL
Não há muita literatura disponível sobre deuce-to-seven no-limit single-draw lowball. De fato, os melhores do jogo só o aprenderam após caras aulas nas mesas. Billy Baxter organiza uma mesa de lowball no Bobby’s Room do Bellagio, mas encontrar o jogo com stakes razoáveis é quase impossível fora do âmbito online.

Se você não sabe, o jogo se dá da seguinte maneira: jogadores em mesas com sete participantes recebem cinco cartas cada um, com a meta de formar a menor mão possível. Ases são altos, e straights e flushes prejudicam os jogadores. Essa é a melhor mão possível, o wheel: 7-5-4-3-2. Em no-limit single draw, uma rodada de apostas ocorre depois que as cartas são distribuídas. Qualquer um dos jogadores remanescentes na mão recebe então a opção de trocar de uma a cinco cartas, ou nenhuma, mantendo suas cinco cartas originais. Outra rodada de apostas ocorre antes de a menor mão levar o pote.
Nessa entrevista, David Baker explica alguns conceitos chave sobre a modalidade que lhe rendeu seu primeiro bracelete.

Julio Rodriguez: Há similaridades entre “deuce” (deuce-to-seven no-limit lowball) e no-limit hold’em, no sentido de a posição ser muito importante. O que você foi capaz de perceber sobre a posição em deuce?

David Baker: Em no-limit hold’em, o agressor é em geral o jogador com a melhor mão, pelo menos naquele momento. Em deuce, há muita ênfase na posição, mas isso não necessariamente significa que o button tenha uma mão melhor do que qualquer um nos blinds. Eu percebi que jogadores fora de posição estavam sendo muito passivos com suas mãos decentes e boas e com seus draws, permitindo que jogadores dessem check-behind com mãos prontas mais grosseiras. Isso, é claro, significa que os jogadores perdem muito valor. A chave é ser capaz de fazer apostas pequenas pelo valor, fora de posição, em situações nas quais você provavelmente tomaria call de mãos piores.

JR: Houve alguma outra tendência que você pôde explorar?

DB: A principal coisa que percebi foi que as pessoas têm muito medo de pagar apostas all-in quando têm draws para mãos muito boas ou seguram mãos prontas decentes. Eu notei que muitos jogadores estavam mais do que dispostos a tribetar com mãos prontas ruins, como apenas dez ou valetes, mas não estavam dispostas a ir all-in até o fim com elas. Basicamente, eles estavam se permitindo ser explorados por alguém como eu, que é capaz de dar 4-bet com uma gama ampla.

Isso sem contar que tribetar e dar fold é uma estratégia péssima contra o jogador médio, que não está disposto a dar muitos four-bets. A maioria dos jogadores nessa situação recebe uma 3-bet e pagam em posição, e geralmente trocam uma carta quando o agressor pré-flop não troca nenhuma. Mas então ficam à mercê de seu draw e da ação de seu oponente.

Em vez de jogar dessa maneira, eu resolvi tomar o controle de cada pote em que eu estava, e ditei a ação. Se eu achasse que eles estavam tribetando com pat 10 (mão pronta tendo o 10 como maior carta), eu não via problema em permanecer com quatro cartas para 7, 8 ou 9, pois sabia que, na maioria das vezes, eu não seria pago.

JR: Basicamente, você jogava suas mãos de uma maneira que maximizava a pressão sobre as fichas deles.

DB: Pense nisso sob a perspectiva deles. O grande estoque da mesa acaba de aumentar de novo do button, e eles tribetam com seus pat 10 para mostrá-lo que não iriam se deixar intimidar. Ele então dá 4-bet valendo o estoque deles, deixando-os diante de uma difícil e desconfortável decisão. Eles devem pagar com o resto de suas fichas? Caso paguem, devem manter todas as cartas ou trocar alguma? Essa é uma situação que ocorre com frequência nesse jogo, mas eu nunca vi muitos jogadores tirando proveito disso.
É a versão de um semiblefe para essa modalidade. Mas o que seria realmente um semiblefe? No hold’em, a maioria das pessoas reconhece que duas overcards e um flush draw não mais constituem realmente um semiblefe: é a melhor mão.

JR: Alguns jogadores diriam que, com uma mão forte como quatro cartas para 7, talvez você estivesse perdendo valor fazendo com que os oponentes desistissem de suas mãos antes do draw. Eles diriam que você está dando call na esperança de conseguir seu 7 de modo a ganhar um pote maior de uma mão pronta pior.

DB: Pat 10s e valetes compõem 85% dessas mãos. Não preciso nem dizer que é difícil receber pat 10 ou melhor. Você não pode comparar receber o wheel com receber um par de ases em hold’em. Na verdade é muito mais próximo de você receber um straight flush. Basicamente, alguém formar uma mão forte e eu conseguir um draw para uma mão melhor é tão improvável que você pode quase jogá-la pela janela. A única vez em que eu posso conseguir jogo é contra alguém muito agressivo. Pode haver algum valor em formar sua mão e ser vítima de blefe, especialmente se o jogador estiver com um draw snow (o jogador aposta alto antes do draw, descarta, não melhora a mão e continua apostando forte).

Para mim, foi muito importante ter ganhado potes sem um showdown antes do draw, e eu me certificava de ter a melhor mão de showdown depois do draw. Eu me certificava ser bastante agressivo com a maioria, senão todas, as minhas mãos premium, e tentei evitar qualquer situação que me forçasse a tomar uma decisão difícil com uma mão ruim.

JR: Por falar em situações difíceis, muitos espectadores ficavam impressionados com os calls que alguns jogadores davam com mãos com par. Você teve que dar algum call heroico como esse durante sua campanha no torneio?

DB: Meu estilo de jogo geralmente me mantinha longe de situações assim, mas eu não me impressiono muito com essas jogadas. Primeiramente, você quase nunca recebe um bom preço para pagar tais apostas. Esse jogo é uma via de mão dupla, então, ao contrário de triple draw, você não tem odds de 5-1 ou 6-1 sobre seu call para torná-lo lucrativo no longo prazo. Segundo, se você desconfiasse tanto da aposta de seu oponente para cogitar dar call com um par baixo, por que não aumentar, fazendo com que uma mão como um ás ou um rei desse fold? Essa é outra coisa que eu não vejo muito. As pessoas têm muito medo de dar raise blefando depois do draw, apesar de isso ser um sinal de extrema força.

Eu não estou dizendo que descobri nenhum segredo do jogo, mas reconheço que percebi alguns padrões bastante específicos no modo como joga a “velha guarda” que pude explorar. Dessa vez, isso me conduziu ao meu primeiro bracelete.




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