EDIÇÃO 36 » COMENTÁRIOS E PERSONALIDADES

TRIPLE UP - Conversa com três vencedores de BSOP


Geraldo Campêlo

Curitiba é um dos maiores – senão o maior – celeiro de bons jogadores do poker nacional: os resultados de Alexandre Gomes, Luiz Filipe Andrade, Leandro Amarula, Rodrigo Seiji e tantos outros comprovam este fato. Além da qualidade técnica, a quantidade de praticantes em nossa cidade é muito grande, tanto que, na 4ª Etapa do BSOP, realizada em Curitiba, foram quebrados todos os recordes de participantes, um orgulho para nós.

 Muitos dos nossos jogadores têm obtido resultados expressivos tanto no mundo online como nos torneios live. O último grande feito foi a conquista de três BSOPs seguidos: os curitibanos João Paraná, Leo Gracia e Helson Kupczak cravaram as 2ª, 3ª e 4ª etapas, respectivamente, e nos encheram de orgulho.
 Eu, Geraldo Campêlo, responsável pela Liga Curitibana, onde todos eles jogam com regularidade, tive o privilégio de acompanhar os primeiros passos de cada um no poker e de testemunhar seu amadurecimento como jogadores.

 Neste mês, em vez da tradicional coluna, irei brindar o leitor da CardPlayer com um bate-papo que tive com esses campeões, num final de tarde agradabilíssimo na Churrascaria Tobias Grill, que fica no mesmo prédio da Liga Curitibana. Conheça um pouco melhor estas feras:

Geraldo: Primeiramente, gostaria de parabenizar vocês pelos resultados e agradecer por nos ceder um pouco do seu tempo para esta entrevista. Para começar nosso bate papo, gostaria de saber como foi o primeiro contato de vocês com o mundo do poker?

João Paraná: Eu era jogador de truco. Conheci o poker durante um torneio em Cascavel em 2006, então me interessei pelo jogo e descobri que havia alguns torneios de poker na Churrascaria Batuíra, onde nasceu a Liga Curitibana.

Leo Gracia: Jogava poker fechado (5 cartas) com os amigos e meu primeiro torneio foi o satélite para o BSOP de Curitiba, em maio de 2009, a partir daí passei a frequentar os torneios com regularidade.

Helson: Descobri os torneios num churrasco com amigos em Colombo. Eles me informaram da existência da Liga Curitibana e desde então frequento com assiduidade.

Geraldo: Qual a importância do poker na vida de cada um de vocês?

João Paraná: Resumidamente, tudo. Eu vivo para o poker e poker me ajuda a viver.

Leo Gracia: É um misto de lazer e prazer, com a possibilidade de ganhar um bom dinheiro.

Helson: Desde o início de 2010 procuro levar o poker mais a sério, porque se encarar apenas como lazer, ele se torna um tanto caro, por isso tenho procurado aprimorar meu jogo.

Geraldo: Qual método de aprendizado vocês utilizam?

João Paraná: De tudo um pouco, principalmente sites e fóruns. Destaco o tvpokerpro.com e a comunidade Poker Mania no Orkut. Leio a CardPlayer todo mês, e assisto todos os programas de TV que consigo para estudar os diversos estilos de jogo.

Leo Gracia: Os dois livros do Leo Bello. Também acesso o tvpoker.com, e participei dos cursos do site “tvpokerpro on the roads” em Curitiba e em São Paulo.

Helson: Vejo vídeos no youtube, leio a CardPlayer mensalmente, li os dois livros do Leo Bello e, principalmente, troco bastantes informações com os amigos.

Geraldo: Qual tipo de jogador vocês acham mais difícil de enfrentar?

João Paraná: O jogador que mais me incomoda com certeza é o “call station”: não adianta você aumentar o tamanho do raise que ele paga. Isso dificulta demais a leitura.

Leo Gracia: Considero o jogador looser o mais complicado, devido à dificuldade de leitura.

Helson: O jogador de cash é um perigo, eles vão lhe pagar sempre com qualquer mão. E o pior: pagam até o river, às vezes com o terceiro par.

Geraldo: Qual característica vocês consideram a melhor de seu jogo e em que aspecto vocês acham que ainda precisam melhorar?

João Paraná: Considero minha melhor característica a leitura dos adversários. E certamente preciso melhorar o meu emocional, pois já entreguei muitos torneios por ficar tiltado.

Leo Gracia: Minha agressividade está me ajudando muito, mas acho que tenho me envolvido em mãos demais.

Helson: Uso muito a minha agressividade para adquirir fichas, mas também preciso ter mais controle emocional para aceitar as bad beats.


Geraldo: Vocês conseguiram vencer um torneio difícil como o BSOP. Quais dicas vocês dariam aos jogadores iniciantes, para cada fase de um torneio com estrutura similar ao BSOP?
 
João Paraná: Para a fase inicial, eu procuro jogar apenas com mãos fortes e me envolver menos com mãos marginais, que podem se tornar perigosas e fazer você perder muitas fichas. Na fase intermediária jogo mais em posição, usando re-raises e four-bets em cima da minha leitura dos jogadores da mesa. Já na fase final eu fico extremamente agressivo para adquirir respeito e buscar a primeira colocação.

Leo Gracia: No começo, minha postura é de não se envolver em mãos que possam lhe trazer decisões difíceis. Acredito que seja muito importante jogar em posição já neste estágio. Em fases intermediárias eu solto mais meu jogo, procurando sempre manter a agressividade e construir um stack que me deixe confortável para a fase final. A estratégia para a reta final do torneio vai depender do seu stack: se estiver bem de fichas, procuro jogar apenas com mãos boas, no intuito de ver o field diminuir, porém, se estou short, com certeza arrisco mais e encaro alguns coin flips.

Helson: Na fase inicial eu seleciono melhor as minhas mãos para não arriscar fichas sem necessidade. Na fase intermediária, procuro me manter na média de fichas do torneio, passando a um estilo mais agressivo, aproveitando que o pote já se torna mais interessante. Para a fase final, tento ser super agressivo com mãos que considero terem valor.


Geraldo: Houve alguma situação especial que marcou vocês durante o torneio que venceram?

João Paraná: Na mesa final, restando 4 jogadores, depois de uma ação intensa pré-flop, eu fui all-in com o par mais baixo contra um oponente que tinha acertado top pair. Enquanto ele pensava, eu fiquei paralisado, no melhor estilo Phil Ivey. Depois de uns cinco minutos ele deu fold e mostrou top pair. Eu não me aguentei e mostrei o blefe. Nesta hora senti que o torneio seria meu.

Leo Gracia: Durante um intervalo na mesa final, um jogador carioca me deu uma ‘falinha’, dizendo: “Você não gosta muito de ver flop, né? Cuidado, porque você vai cair numa armadilha”. Algum tempo depois, aconteceu de eu acertar um full no flop e fazer um slowplay contra ele. Acabamos indo all-in, e eu puxei o pote. Nesse momento fiquei gigante e percebi que tinha grandes chances de cravar o torneio.

Helson: Logo depois que estourou a bolha, recebi J-J no UTG e fui all-in. Um oponente voltou all-in por cima, e outro voltou mais por cima ainda. Um mostrou K-K, o outro, A-A. Só que acabei acertando uma sequência e triplicando meu stack.


Geraldo: Finalmente, gostaria de agradecer mais uma vez pela entrevista e por estarem sempre prestigiando os eventos da Liga Curitibana. Agora deixo o espaço livre para vocês.

João Paraná: Agradeço a você, Geraldo, a oportunidade da entrevista e por todo apoio oferecido pela Liga Curitibana. Não poderia deixar de agradecer também a minha esposa, que sempre me apoiou e segura a barra em casa, cuidando dos filhos nos momentos em que estou ausente, jogando os torneios por todo o Brasil.

Leo Gracia: Gostaria de agradecer o apoio de todos os jogadores de poker de Curitiba que torceram por mim, e à Liga Curitibana, que nos proporciona a oportunidade de praticar nosso esporte preferido todos os dias da semana.

Helson: Agradeço às pessoas que apoiam, principalmente meus familiares e colegas do poker que torceram por mim. Agradeço também a oportunidade de aparecer na CardPlayer Brasil, mostrando um pouco do nosso perfil. E agradeço ainda à Liga Curitibana, verdadeiro celeiro de craques do poker.




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