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Estatísticas da Word Series of Poker - Quem é o melhor na era do BOOM?

Uma olhada nos braceletes, ITMs e líderes em premiações desde a vitória de Moneymaker


Stephen A. Murphy

Nota do Editor: As estatísticas não levam em conta a WSOP 2010.

Se você não sabe, Phil Hellmuth ficaria feliz em lhe contar. Com 11 braceletes da World Series of Poker, ele é o líder de todos os tempos. Ninguém ganhou mais eventos na série de torneios mais famosa do nosso esporte.

Número total de braceletes ganhos – é um status que parece ressoar no poker. Com tantos torneios acontecendo todos os dias mundo afora, tanto live quanto online, estatísticas da WSOP são vistas como uma imperfeita, porém justa, forma de determinar o sucesso relativo dos jogadores. Ganhar um bracelete agora conta como destaque para a carreira de um profissional, e um segundo bracelete frequentemente solidifica esse status aos olhos da comunidade do poker.

Vinte e cinco jogadores têm três braceletes da World Series, e 29 já ganharam quatro ou mais.

O topo dessa tabela é bem conhecido: Phil Hellmuth, com 11; Doyle Brunson e Johnny Chan com 10; Johnny Moss com nove, Erik Seidel com oito, e Phil Ivey e Billy Baxter com sete.

Mas é difícil negar que a WSOP de hoje é vastamente diferente da de décadas atrás, quando a maioria desses braceletes foram ganhos. Há apenas 10 anos, em 2000, houve 25 eventos: 21 deles tiveram menos de 250 participantes.

Continue retrocedendo e os números diminuem ainda mais. Em 1980, na 11ª WSOP (que teve como destaque a primeira das três vitórias de Stu Ungar no main event), nenhum dos 12 eventos teve field acima de 176 jogadores. Nove deles tiveram 73 jogadores ou menos, incluindo um torneio de limit draw high de $2.000de com 13 inscritos.

Embora haja mais eventos de bracelete hoje em dia (61 em 2010, incluindo a WSOP Europe), com milhares de jogadores participando dos torneios de buy-in mais baixo e centenas de profissionais sólidos competindo nos buy-ins mais altos, a matemática é inegável: Está mais difícil do que nunca ganhar um bracelete.

Algumas pessoas podem até dizer que é um jogo diferente do que era anos atrás – quando Chris Moneymaker mudou tudo com sua vitória no main event de 2003, aclamada inúmeras vezes na ESPN para todo o mundo ver, inspirando uma nova geração de jogadores que mudaria o ritmo da ação.

Por estes motivos, a Card Player decidiu compilar as estatísticas da WSOP da era pós-Moneymaker. Para o período de 2004 a 2009, criamos listas de mais braceletes ganhos, mais ITMs e maiores premiações na WSOP.

Este exercício não pretende, de forma alguma, desmerecer a glória dos jogadores do passado: é apenas uma tentativa de reconhecer os jogadores que simplesmente têm feito história na World Series desde que Moneymaker radicalmente delimitou a nova era do poker.
Então, sem mais delongas, eis as estatísticas:


A primeira lista torna o desempenho de Jeffrey Lisandro em 2009 ainda mais impressionante. Ao longo dos últimos seis anos, apenas três outros jogadores foram capazes de ganhar três braceletes da World Series of Poker. Lisandro conseguiu isso em menos de três semanas no verão passado. Junte isso a uma vitória em stud em 2007, e Lisandro está em primeiro lugar entre os maiores ganhadores de braceletes da era pós-Moneymaker.

Jeffrey Lisandro tinha o legítimo direito de reclamar o título de “Melhor Jogador que Nunca Ganhou um Bracelete” antes de finalmente jogá-lo para longe com essa vitória no evento de seven-card stud de $2.000 em 2007. No ano passado, ele se tornou o primeiro jogador desde o boom do poker a ganhar três braceletes em uma única World Series. Quatro outros jogadores na história fizeram isso, embora todos tenham sido antes da era moderna (Puggy Pearson em 1973, Ted Forrest e Phil Hellmuth em 1993, e Phil Ivey em 2002).

Ivey divide a segunda posição com dois outros respeitados profissionais: Allen Cunningham e Barry Greenstein. Amplamente reconhecido como um dos melhores do mundo, Ivey ganhou seus braceletes pós-boom em um evento de pot-limit Omaha de $5.000 em 2005, um de deuce-to-seven no-limit de $2.500 em 2009, e um de mixed Omaha eight-or-better/seven-card stud eight-or-better de $2.500 em 2009.

Assim como Ivey, Cunningham tem sido um monstro desde 2004. Além de ganhar três braceletes, os dois chegaram em uma mesa final do colossal main event (Ivey em 2009, Cunningham em 2006). Todos os braceletes de Cunningham em hold’em, que representam três de suas cinco vitórias, foram conquistados de 2005 para cá.

Com quase $7,3 milhões ganhos em torneios ao longo de vários anos, muitos fãs podem se surpreender ao descobrir que todos os braceletes de Greenstein foram ganhos pós-Moneymaker. Talvez percebendo logo cedo que os torneios eram a nova onda do futuro, o jogador de cash games se dedicou a jogar multitable tournaments e ganhou braceletes em no-limit deuce-to-seven draw, pot-limit Omaha e razz.

Embora mais de 300 braceletes tenham sido concedidos nos últimos seis anos, apenas esses quatro jogadores ganharam três ou mais durante esse tempo. Isso se torna ainda mais incrível quando se leva em conta a quantidade de ganhadores de dois braceletes. Em 2009, de forma improvável, cinco jogadores ganharam múltiplos braceletes. De fato, sempre há pelo menos um vencedor de dois braceletes em cada WSOP desde o boom (e mesmo antes, até 2000).

No entanto, Lisandro e Ivey permanecem como os dois únicos jogadores que ganharam múltiplos braceletes em um único verão, e têm pelo menos outra vitória pós-2003.

Não é raro ver um jogador desconhecido sair do anonimato ao ganhar um bracelete da WSOP, e então desaparecer.

Hal Fowler fez isso de forma bem dramática, quando se tornou o primeiro amador de verdade a ganhar o main event em 1979. Foi o primeiro e único ITM na WSOP de sua vida.

Fowler não é o único a ter um resultado isolado na World Series. De acordo com os registros da WSOP, 88 jogadores têm exatamente um bracelete e um ITM – o que quer dizer que eles nunca haviam chegado à zona de premiação na World Series antes da vitória, e nunca mais fizeram nada depois disso.

Desde o boom do poker, essa tendência cresceu. De 2004 para cá, 29 pessoas (incluindo o campeão do main event de 2007, Jerry Yang, e o profissional irlandês Ciaran O’Leary, cuja vitória tornou-se célebre por causa da cobertura da ESPN) ganharam apenas um bracelete e contam com apenas um ITM na WSOP no currículo. Isso representa quase 10% de todos os vencedores de braceletes dos últimos seis anos.

Embora Lisandro seja o maioral em vitórias, o N. 1 em ITMs na era moderna é Phil Hellmuth. Confira:

Independente de como você veja essas estatísticas, Hellmuth parece sempre estar perto do topo. O auto-intitulado “Poker Brat” (algo como “pirralho do poker”) tem sido alvo de muitos xingamentos nos anos mais recentes (quase tantos xingamentos quanto ele mesmo dispara), com muitos top grinders do online e outros profissionais publicamente criticando sua habilidade e destreza. Eles disseram coisas como, “O jogo dele não se sustenta na era moderna”, e “Seu jogo ficou para trás”. Mas dê uma olhada nessas estatísticas pós-boom e você verá que Hellmuth está lá em cima, bem perto dos melhores.

Com 35 ITMs na WSOP desde 2004, nenhum outro jogador chegou à zona de premiação tantas vezes quanto ele. Com isso, somado aos seus dois braceletes desde o boom (empatado em quinto lugar), Hellmuth pode criar um argumento forte para defender seu título de “melhor profissional da WSOP na era moderna”.

Logo atrás de Hellmuth, e talvez buscando ultrapassá-lo neste verão, estão três dos melhores do mundo: John Juanda, Barry Greenstein e Daniel Negreanu.

Lisandro, que lidera a lista dos ganhadores de braceletes desde 2004, impressiona por também está em quinto lugar nesta. Cunningham está empatado em 13° lugar em ITMs desde a vitória de Moneymaker. Ivey não conseguiu entrar na lista, mas com 20 ITMs na WSOP na era moderna, ele não está muito longe.

A categoria premiações talvez seja a menos surpreendente das três. Com o main event se tornando um fenômeno global, sua imensa recompensa para o primeiro lugar catapultou os recentes vencedores para o topo da lista de maiores prêmios em dinheiro. A diferença entre a lista de todos os tempos e a de pós-2003 é pequena, mais aqui estão:


Como você pode notar, os cinco mais bem colocados das duas listas são idênticos, e a maior parte do top 10 de ambas também é similar. Por isso, acreditamos que seria interessante criar uma última lista, que destacasse os jogadores que mais ganharam dinheiro nesses últimos seis anos sem o benefício de ter chegado à mesa final do main event.


De modo compreensível, os quatro jogadores mais bem colocados estão lá pelo menos em parte graças a um ótimo desempenho em um dos maiores eventos da WSOP ($50.000 H.O.R.S.E., o evento de $40.000 do ano passado, ou o main event da WSOP Europe). Para se ganhar uma nota preta no poker, é preciso cravar um torneio grande.

Mas preste atenção em Ivey (No. 6) e Cunningham (No. 9). Mesmo ao subtrair seus ganhos nas mesas finais do main event, eles ainda entram nessa lista exclusiva, devido aos numerosos feitos ao longo dos últimos seis anos.

Alguns jogadores – como o falecido Chip Reese, o campeão do $50.000 H.O.R.S.E. de 2009 David Bach, e a jovem Annette Obrestad – estão na lista principalmente por causa de um prêmio grande. Outros – como Ivey, Cunningham, Vitaly Lunkin, Jeffrey Lisandro, Daniel Negreanu e Barry Greenstein – estão aí como resultado de uma enxurrada de premiações.

J.C. Tran mostra como um jogador pode se juntar a esse grupo sem ter um prêmio gigantesco. Enquanto a maioria dos jogadores no top 20 está lá por causa de um ou dois eventos, Tran se encontra nessa posição graças à sua espantosa consistência. Com oito mesas finais da WSOP nos últimos seis anos, seu único prêmio vultoso veio com a conquista de seu bracelete, que lhe rendeu $631.170.

Já Lunkin, a maioria dos fãs de poker não o teria escolhido em uma lista antes do início da WSOP 2009. Mas o russo é simplesmente o líder de sua específica categoria. Sua incrível fase no ano passado, além do seu bracelete de 2007, faz dele o maior ganhador da WSOP da era moderna, se forem excluídos aqueles que chegaram à mesa final de um main event.

Então, Quem Tem Sido o Melhor Desde o Boom?
Como se realmente pudéssemos responder isso de forma definitiva...
Mas, para tentar entender os números, vamos destacar alguns jogadores e mostrar como e porque eles se sobressaem.

Em termos de qual jogador tem as melhores estatísticas na era pós-boom, alguns se destacam: Lisandro, Ivey, Cunningham, Greenstein, Negreanu, Lunkin, Hellmuth, Juanda e Scotty Nguyen.

Lisandro ganhou a maior quantidade de braceletes, mas Hellmuth tem mais ITMs do que qualquer um.
Jamie Gold, tecnicamente, é o que mais ganhou dinheiro, graças à sua vitória no main event em 2006, que teve uma premiação enorme para os finalistas. Mas se você analisar a maior quantia de dinheiro ganho em todos os eventos sem contar o main event, Lunkin foi quem mais forrou os bolsos.

Nas sete listas compiladas (braceletes ganhos, ITMs e premiações, todas incluindo a “era moderna” e “todos os tempos”, e mais a relação que exclui mesas finais do main event), um profissional está perto do topo em todas elas.

Esse profissional é Allen Cunningham.

O profissional do Full Tilt está empatado em segundo lugar na lista de mais braceletes ganhos na era moderna (3), em 12° lugar na de mais braceletes ganhos de todos os tempos (5), em 13° na de ITMs na era moderna (23), em 23° na de ITMs de todos os tempos (41), 9º em premiações pós-2003 (pouco mais de $6 milhões), 6º em premiações em todos os tempos ($6,7 milhões), e 9º em premiações excluindo mesas finais do main event ($2,1 milhões).

Cunningham também ganhou três braceletes de Texas Hold’em na era moderna – feito que nenhum outro jogador conseguiu igualar.

Isto não conclui que ele tenha tido o melhor desempenho de todos, mas é possível argumentar que nenhum outro jogador tem seu histórico de consistência tanto na era moderna quanto na história geral da WSOP.

No entanto, uns poucos jogadores estão muito próximos de Cunningham, e tiveram desempenhos melhores em várias áreas.

Sem mesas finais de main event, Negreanu não conseguiu entrar na lista de premiações, nem na de todos os tempos, nem da pós-2003. Contudo, ele está entre os melhores em praticamente todas as outras categorias depois do boom: 5º lugar em braceletes ganhos (2), 4º em ITMs (32) e 5º em premiações, se forem excluídas as mesas finais do main event ($2,66 milhões).

Lisandro também tem um desempenho impressionante nessas três categorias: Primeiro lugar em braceletes ganhos (4), 5º em ITMs (29) e 8º em premiações, excluindo mesas finais do main event ($2,54 milhões).

Junto a Negreanu e Lisandro, Greenstein e Hellmuth são os dois jogadores que estão no top 10 de cada uma das três categorias específicas pós-boom.  Greenstein está empatado em 2º lugar de braceletes ganhos (3), 3º em ITMs (33), e 10° em premiações, sem contar mesas finais do main event ($2,1 milhões). Hellmuth está em 5º lugar em braceletes ganhos (2), Primeiro lugar em ITMs (35), e 7º lugar em premiações ($2,55 milhões).

Então, quem tem sido o melhor jogador desde o boom do poker? O debate é ferrenho. Porém, olhando para os números, qualquer um dos jogadores acima provavelmente seria uma boa escolha.





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