Previsões apocalípticas à parte, o caos ecológico em que o planeta se encontra atualmente vem tomado proporções épicas, e já não é mais possível fazer vista grossa e se isentar de responsabilidade quanto a isso. Preservar o meio ambiente para as novas gerações é coisa do passado; hoje, o importante mesmo é evitar que o mundo entre em colapso de maneira irreversível enquanto ainda vivemos nele. Atitudes simples como coleta seletiva e consumo consciente têm grande valor quando consideradas conjuntamente, em especial enquanto ainda persiste o impasse governamental a respeito de políticas ambientais mais sérias.
No entanto, quem pode (e deseja) realizar mais, faz sua parte de maneira ainda mais contundente. Organizações não governamentais com os mais diversos propósitos buscam preencher as lacunas que anos de inconsciência e descaso causaram ao meio ambiente, e a maioria delas conta com ajuda financeira de terceiros, obtida por meio de doações e incentivada em eventos de caridade. E, como não poderia ser diferente, o mundo do poker — quiçá a indústria esportiva mais abastada do mundo — não se faz de rogada e contribui de várias maneiras para as mais diversas causas filantrópicas. As somas destinadas a ajudar as vítimas do trágico terremoto no Haiti no começo do ano, por exemplo, ultrapassaram a marca dos $2 milhões de dólares.
Muitos jogadores de poker têm uma característica em comum: um profundo sentimento de gratidão por terem chegado onde chegaram, o que desperta em alguns deles uma necessidade premente de retribuir. Em termos de ações individuais, top players como Barry Greenstein, Annie Duke e Victor Ramdin são notórios por dedicar parte do seu tempo e do seu bankroll a diversas causas sociais (vide quadro na página seguinte).
E essa preocupação em pensar e agir diferente é, talvez, o principal diferencial do Poker 4 Green. O site, filiado à emergente rede Cake, é uma iniciativa idealizada por empresários jovens, dispostos a abraçar o melhor dos dois mundos: a possibilidade de fazer do P4G um bom negócio, ao mesmo tempo em que promove ações concretas relativas a questões ambientais.
Para o poker brasileiro, pode significar o início de um modelo de gestão em sintonia com as necessidades do nosso tempo. “Parte do rake gerado pelo Poker 4 Green será revertido para a preservação do meio ambiente”, afirmou Rafael Perrella, manager do P4G. “Firmamos uma parceria com o Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), uma instituição bastante séria e que desenvolve ações ambientais junto com empresas como a Petrobrás, o Banco do Brasil e o Instituto Ethos. Realmente abraçamos a causa”. E eles não pretendem parar por aí: estão próximos de fechar uma parceria também a com Conservation International, uma das maiores organizações não governamentais do mundo para proteção da natureza.
E por estar lidando com uma causa tão importante, o site tem muitas razões para dar atenção também a outro quesito fundamental para qualquer empresa séria, a transparência. Marcelo Lanza, apresentador do PokerCast da CardPlayer Brasil, e também um dos que estão à frente do Poker 4 Green, ressalta: “Contratamos um engenheiro ambiental para ficar responsável por toda esta parte, desde o acompanhamento da aplicação dos recursos até a publicação de relatórios no site”. E completa, “será possível saber o que está sendo feito com esse dinheiro, onde esses valores estão sendo utilizados e quais projetos estão sendo desenvolvidos”.
Questões ambientais a parte, o Poker 4 Green chega para preencher uma lacuna no mercado brasileiro. Voltado para o público nacional, o site pretende angariar novos jogadores apresentando-lhes uma opção, digamos, fora do mainstream. E um dos trunfos para conseguir isso atende pelo nome de Lee Jones. Para os que não o conhecem, vale dizer que foi ele o responsável pela criação da grade de torneios do PokerStars há cerca de dois anos. Contratado pela CakeNetwork, da qual o Poker 4 Green faz parte, Jones agora utiliza toda a sua expertise para fazer com que os sites filiados a essa rede tenham chances reais de lutar por um lugar ao sol – e vale frisar que um outro software está a caminho. Quando perguntado sobre a nova versão, Lanza é sucinto: “Incrível”.
Outros pontos interessantes a favor do Poker 4 Green são o fato de o horário dos principais torneios atender ao jogador brasileiro e de os fields serem pequenos. “A pessoa sabe que não vai passar sete, oito horas disputando um torneio. Aqui, eles duram cerca de duas ou três horas, permitindo ao jogador se programar para jogar sem comprometer a qualidade de vida”, pondera Lanza, que continua: “E o nosso atendimento é pessoal – quando um jogador manda um e-mail para o suporte, ele sabe que sou eu ou o Matheus [Pimenta] quem está respondendo. Ele sabe quem está do outro lado”. Além disso, o site tem recrutado representantes locais para que cada jogador possua, no seu estado ou na sua cidade, um contato pessoal com alguém do P4G. Ferramentas de relacionamento como twitter (@poker4green) e facebook também já estão funcionando.
No live, que parece ser a bola da vez no Brasil, o Poker 4 Green também já dá seus primeiros passos: está patrocinando o Campeonato Mineiro de 2010 e planeja oferecer o mesmo suporte a outras federações e associações que demonstrarem abertura e interesse. Rafael Perrella adianta, “nossa ideia é agrupar o máximo de federações possível e padronizar a estrutura para, num futuro próximo, organizarmos torneios envolvendo as associações patrocinadas”.
Outra notícia quente é que, para o segundo semestre, está praticamente confirmada a realização de um grande evento de 500 mil reais garantidos.
No mundo do poker existem empreitadas e empreitadas. Dentre as que pude observar, a do Poker 4 Green é daquelas que realmente têm um propósito definido e uma bandeira a carregar. A opção por destinar parte do rake à preservação do meio ambiente é, inegavelmente, ousada e inovadora – e isso pesa a favor deles. O fato de pertencerem a uma rede em ascensão, a CakeNetwork, também é um fator que permite ao P4G sonhar com voos mais altos, mesmo pisando em terra de gigantes. Tudo isso junto faz crer que o Poker 4 Green tem, sem dúvida, um caminho longo e promissor pela frente. ♠
PARA SABER MAIS, ACESSE:
Poker 4 Green (www.poker4green.com)
Grupo de Trabalho Amazônico (www.gta.org.br)
Conservation International (www.conservation.org.br)
Instituto Ethos (www.ethos.org.br)