EDIÇÃO 34 » COLUNA INTERNACIONAL

Matemática e Mais

Da próxima vez, poderei dar um grande fold


Phil Hellmuth

Recentemente, joguei o evento de $5.000 do North American Poker Tour no The Venetian. Será que o NAPT em breve se tornará maior do que o World Poker Tour? Alguns veteranos do poker apostam que sim. Afinal, o NAPT é exibido pela ESPN, e atraiu um grande número de jogadores para os seus dois primeiros eventos: 1.529 nas Bahamas e 872 no The Venetian.

Depois de algumas horas de jogo na minha mesa, uma mão interessante aconteceu, mas primeiro permita-me compor o cenário. O Jogador A vinha aumentando alguns potes, e quando ele aumentou do under the gun para 1.600, eu fiz uma leitura errada e voltei reraise para 5.000 com J 5. Ele deu call, o flop veio 6 5 4, e ambos demos check. A carta do turn foi o 7, ele apostou 6.000 e eu dei call. O river foi um rei, e ambos demos check. Quando ele mostrou 9-9, eu pensei que poderia ter ganhado esse pote com um raise no turn. Caso eu sentisse fraqueza (e senti, pois dei call), deveria ter feito minha jogada! Eu menti sobre minha mão, dizendo que tinha A J, o que completaria um flush draw na quarta street.

Exatamente três mãos depois, minha “mão da semana” aconteceu. Abri raise de 1.600 segurando Q Q, e o Jogador A aumentou para 4.500. Imediatamente, senti que ele tinha um par de ases, mas minha leitura sobre ele foi ruim da última vez. Eu o encarei e tudo que eu pensava era no fato de ele ter A-A!

Brevemente considerei largar logo ali, então pensei que seria um fold bastante difícil contra um cara que estava jogando mais mãos do que qualquer outro na mesa. Eu paguei os 2.900 extras, e o flop veio 10 5 4. Dei check, e ele apostou 4.500. Mais uma vez, senti que estava enfrentando exatamente A-A, mas quando contei minhas fichas, percebi que só tinha 15.000 restantes. Será que eu seria capaz de largar essa mão? Finalmente, decidi não dar fold, e chamei meu colega Daniel Negreanu. Deus sabe por que eu fiz isso, mas quando ele se aproximou, eu disse: “Eu costumava ser capaz de dar fold nessa mão quando meu oponente tinha um par de ases, mas estou um pouco fora de forma”. Então, eu anunciei: “Vou all-in”. O Jogador A deu insta-call (um mau sinal), e me mostrou o que eu sabia que ele tinha: dois ases vermelhos.

Agora, sob uma perspectiva matemática, eu absolutamente tinha que quebrar nessa mão: meu oponente estava jogando muitas mãos, eu tinha acabado de variar o jogo com ele três mãos antes, não tinha muitas fichas e o flop parecia muito bom para mim. Contudo, no poker não importa só a matemática; também é importante ler os seus oponentes. De fato, nos meus 25 anos de poker, fui capaz de largar centenas de mãos fortes com as quais até mesmo outros grandes jogadores teriam quebrado. E, é claro, uma vez na ESPN, ao dar um grande fold, eu falei a frase memorável: “Eu consigo me desviar de balas, baby!” Nesse tipo de fold “all-star” o importante é ler bem seus oponentes, confiar em seus instintos e então fazer a jogada certa. Um ou dois grandes descartes por torneio lhe dão uma ou duas vidas extras.

Ver o lado bom dessa situação é importante para mim. Então eu pensei dessa maneira: a boa notícia é que eu sabia que meu oponente tinha um par de ases e, da próxima vez, poderei ir em frente e dar um grande fold.

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