Eu li recentemente essa frase de Covey e, é claro, comecei a refletir sobre poker. A implementação bem sucedida desses dons pode servir como um projeto para um jogo vencedor. Nas minhas observações, contudo, percebi que muitos jogadores precisam trabalhar essas áreas. Vamos analisar cada uma delas, começando com a que eu acho que a maioria dos jogadores tem menos trabalho a fazer, e terminando com o dom que provavelmente requer mais dedicação.
Primeiro, vamos analisar a consciência. Eu não tenho certeza do que Covey tinha em mente quando escreveu isso, mas o dom da consciência é um pouco complicado quando se trata de poker. Nem é preciso dizer que jogadores devem respeitar as regras e evitar fraudá-las. Apesar disso, a arena do poker é um espaço em que os jogadores estão envolvidos numa acirrada competição que requer a habilidade de evitar expor qualquer sentimento empático. Eu acho que a maioria dos jogadores é adepta da técnica de deixar suas personalidades do lado de fora quando adentram em uma sala de poker, e não veem problema em reconhecer que devem jogar sem escrúpulos. Contudo, existem uns poucos (especialmente online) que não conseguem controlar seus temperamentos e pensamentos, e acabam dizendo as coisas mais inconsequentes. Como obviamente não há espaço para isso, tais jogadores estão apenas prejudicando a si mesmos.
Em seguida, vamos analisar tanto a vontade independente quanto a imaginação criativa. Embora estejam listados como dons separados, eu acho que eles estão de mãos dadas na mesa de poker. Muitas pessoas jogam no “piloto automático”. Eles têm medo de agir de maneira diferente do que lhes dita a norma padrão. Embora a disciplina seja fundamental para o sucesso, seguir cegamente um falso deus da sabedoria aceita do poker pode lhe deixar bastante vulnerável aos jogadores que estão exercitando seus dons da vontade independente e da imaginação criativa. Como na maioria das competições, é preciso ter um entendimento completo e profundo dos fundamentos do jogo. É preciso conhecer as regras antes de poder desviar delas com sucesso. Você não pode temer experimentar em suas tentativas de explorar os outros.
Isso nos traz à área que eu acho que a maioria dos jogadores peca — percepção de si mesmo. Na verdade, acho que cada um de nós pode fazer um trabalho melhor nessa área. É um trabalho árduo ser autocrítico, e é especialmente difícil quando há tantos fatores externos nos quais se pode facilmente pôr a culpa na mesa de poker. As cartas, o jogo estúpido dos outros, o azar, dealers ruins e inúmeras outras desculpas estão facilmente disponíveis se você estiver buscando uma. Da percepção de si mesmo fluem todas as outras coisas. Sem esse dom, você vai fatalmente falhar em todos os outros.
O poker é um jogo de tomadas de decisões corretas. Elas se tornam ainda mais difícil em um jogo em constante mutação e de informações imperfeitas. Com a percepção de si mesmo, torna-se possível aprimorar todos os outros dons e obter o esclarecimento de Covey sobre “o poder de escolher, de reagir, de mudar”. ♠