Mais um ano que começa e, felizmente para mim, da mesma maneira. Desde 2008, todo mês de janeiro eu tenho a alegria de poder participar do PokerStars Caribbean Adventure, o grande festival de poker que o maior site do mundo organiza em Paradise Island, nas Bahamas. E, é claro, sempre volto com algumas boas histórias para contar!
Estávamos no break do main event; dia 5, quase chegando na mesa final. Aproveitei a pausa para fazer um lanche nas barracas montadas do lado de fora do Imperial Ballroom do Atlantis. Quando saí da fila para pagar, Victor Ramdin fez um sinal para mim de uma das mesas. Claro, aceitei o convite para me sentar com ele. Conversamos sobre amenidades, sobre os negócios do Victor em Nova Iorque, sobre a baixa temperatura nas Bahamas... De repente, ele pegou minha lata de refrigerante e perguntou se eu queria mais um pouco. Respondi que sim, surpreso com tamanha gentileza. Ele colocou mais um pouco do líquido no meu copo, deixando mais da metade na lata. Foi aí que ele me disse: “Meu torneio vai recomeçar, preciso voltar. Ah, e vou levar isso aqui!” E lá se foi o jogador do Team PokerStars Pro com a metade do meu refrigerante... Você está me devendo essa, Victor!
Para fazer as entrevistas para a ESPN, sempre aguardo os intervalos, de modo a não atrapalhar os jogadores. E, durante uma pausa do evento High Roller, resolvi conversar novamente com Daniel Negreanu (que sempre rende um bom papo). Fiz a pergunta e, durante a resposta, ele mencionou o fato de ter escrito vários livros de técnica no poker. Microfones desligados, falei para Negreanu que tinha aprendido a jogar deuce-to–seven triple draw lowball lendo o capítulo que ele escreveu para o livro “Super System II”, do Doyle Brunson. Sabe o que aconteceu depois disso? Ficamos pelo menos uns dez minutos discutindo técnicas daquela que agora é a minha modalidade preferida no poker. Para mim, foi uma grande realização: debater o jogo que eu amo com o maior jogador do mundo (na minha modesta opinião).
Além de Negreanu, outro que foi muito simpático comigo foi o atual campeão do mundo, Joe Cada. Ele me deu duas entrevistas (uma sozinho e outra com Greg Raymer) e sempre foi muito objetivo e solícito. Fiquei ainda mais feliz por ele ter ficado com o bracelete do Main Event. Já pensou se o Darvin Moon tivesse levado o heads-up? Será que as entrevistas seriam tão fáceis?
Esse foi meu terceiro PCA, que se somou a uma dezena de eventos internacionais que eu já cobri. Depois de tantas experiências diferentes, já não fico deslumbrado com facilidade. Mas, dessa vez, acabei ficando nervoso durante uma entrevista. Tenho vários ídolos no poker, mas acabei me emocionando com um astro da música. Portanto, quando vocês assistirem à entrevista do ex-guitarrista do Guns N’ Roses Slash, na ESPN, podem ter certeza: a mão tremendo, segurando o microfone, é minha!
No total, foram mais de trinta entrevistados. Ainda bem que a imensa maioria deu depoimentos muito bacanas. Apenas um jogador conseguiu ser bastante antipático... Mike Matusow disse que, para ganhar grandes torneios, você só precisa de sorte, e que não conhecia nenhum dos profissionais brasileiros. “Mencione algum conhecido”, ele . Eu citei Alexandre Gomes, que ganhou a Bellagio Cup depois de bater Erik Seidel (companheiro de equipe de Matusow) na mesa final. “Ah, eu me lembro dele. Acompanhei essa mesa final por doze horas. Esse é o cara que não sabe largar pares baixos e ganha todos os coinflips de que participa”. A resposta pode ter sido sincera, mas foi muito pouco simpática. Ponto negativo para Mike Matusow!
Ainda bem que nem todo mundo foi grosseiro. Os mais simpáticos? Alem de Daniel Negreanu e Joe Cada, os destaques foram Dario Minieri (que agradece a todos que o entrevistam, como se estivéssemos fazendo um favor a ele), Lex Veldhuis (que ficou lisonjeado por eu ter dito que ele simplesmente apavorou nos programas da WSOP 2009 exibidos pela ESPN) e a megaestrela Kelly Rowland (que, quando soube que eu era do Brasil, exibiu um sorriso que iluminou todo o salão).
Mas o momento mais bacana aconteceu quando fui apresentado ao Secretário de Esporte da cidade de São Paulo, Walter Feldman. Ele foi ao evento a convite do PokerStars e ficou muito impressionado com a organização do torneio, demonstrando bastante interesse pelo poker. Acho que esse foi um grande passo para tornar nosso esporte ainda mais legítimo no país! Tomara que os frutos desses anos de batalha estejam prontos para serem colhidos...
Minha próxima parada é no LAPT Punta Del Este. Mês que vem eu volto com novidades e mais histórias... Aguardem!