EDIÇÃO 28 » FIQUE POR DENTRO

Dominando a Mesa Final: Matt Hawrilenko Dá um Fold Sofrido no River


Craig Tapscott e Matt Hawrilenko

Matt Hawrilenko estudou em Princeton e foi co-capitão do time de luta greco-romana. Ele começou a jogar poker durante seu último ano de faculdade. Depois de se formar, ele trabalhou no Susquehanna International Group como trader durante dois anos, onde jogava poker (tanto durante quanto depois do trabalho) como parte do currículo para aprender a negociar ações, tendo saído para jogar profissionalmente três anos atrás. Ele começou jogando no-limit hold’em online de 10¢-25¢ com um depósito de $100, e jamais precisou fazer um novo depósito. Hoje ele é um jogador assíduo nos mixed games high-stakes online, jogando em limites de até $1.000-$2.000.


Conceitos Chave: Leitura de mãos; conciliar uma estratégia matemática com uma baseada na leitura de mãos.

Hawrilenko aumenta para 65.000 do hijack (duas posições do button) com Q 10. O vilão dá call do big blind.

Craig Tapscott: Você tem alguma leitura do vilão?
Matt Hawrilenko:
Primeiro, ele é um jogador muito difícil, bastante agressivo. Eu já tinha jogado alguns potes com ele nesse torneio. Segundo, ele é superagressivo e até um meio insano pré-flop, embora eu não o tenha visto fazer nada muito louco depois do flop.

CT: Antes de irmos mais a fundo nessa mão, comente a respeito de que gamas de mãos você usa para abrir raise em uma mesa six-handed, de que posições, e por quê.
MH:
Não gosto de discutir minhas gamas específicas de mãos, mas posso dizer que elas variam muito de acordo com a textura da mesa. Obviamente, você pode jogar muito mais mãos quando tanto você como os oponentes que falem depois estiverem relativamente deep do que quando você tem oponentes com estoques superficiais dispostos a voltar reraise all-in. Quando tais estoques superficiais são jogadores observadores, isso lhe imobiliza ainda mais. Sem estoques superficiais, é importante prestar atenção a quem está nos blinds e a quem está prestando atenção às pessoas que estão prestando atenção a quem está nos blinds. Espero que isso tenha soado confuso o suficiente para não entregar muito.

Flop: K J 9 (pote: 160.000)
O villain dá check. Hawrilenko aposta 75.000. O vilão dá call.

CT: Você está apostando menos da metade do pote. Você espera que o vilão ache que essa é uma continuation-bet automática e faça alguma jogada aqui?
MH:
Eu geralmente aposto um pouco mais em bordos dinâmicos. E é verdade que eu quero dar a ele a chance de fazer uma jogada. Acho importante não concluir que, só porque ele joga feito louco antes do flop, ele também faça isso depois do flop. Eu vejo muitos jogadores usando essa lógica, que em geral sai muito, muito cara.

CT: Alguma vez é correto dar check nesse flop para fingir fraqueza?
MH:
Na teoria, você deve sempre utilizar estratégias diversificadas com o nuts. Então, sim, você provavelmente deve dar check às vezes. Mas o fator decisivo para determinar como jogar essa mão é como você vai jogar outras mãos.

CT: Explique, por favor.
MH:
Se essa for uma situação em que você dê continuation-bet com todas as suas mãos fracas, você precisa ser pago com mais frequência quando flopar algo grande assim. E a maneira mais fácil de ser pago é aumentar o pote logo no começo, de modo a poder fazer apostas maiores mais tarde. Eu não gosto de perder aquele dinheiro dando check. O objetivo é ganhar o maior pote possível, e não ver quem pode surpreender mais o oponente no showdown. Assim, o lado negativo de aumentar o pote com muitas mãos marginais cedo é que você pode se encontrar enfrentando grandes apostas em situações difíceis mais tarde. Portanto, é preciso estar preparado para tomar decisões maiores e mais difíceis mais tarde. Quanto maior for a frequência com que você flopar o nuts e der check depois, e depois dar raise no turn ou no river quando uma carta irrelevante bater, maior será a frequência com que você terá de fazer a mesma coisa blefando. Muitos jogadores são horríveis para equilibrar essas situações, o que torna fácil desistir de mãos contra eles. Não queira ser um desses jogadores.

Turn: Q (pote: 310.000)
O vilão dá check. Hawrilenko também.

MH: Essa carta mata a ação. Se eu não estiver dividindo o pote (ou perdendo, pois A-10 definitivamente está na gama dele aqui — mas também é importante não começar a ver monstros embaixo da cama), eu geralmente aposto, mas quero dar a esse cara a chance de blefar no river, então eu peço mesa e espero induzir um blefe ou me permitir ganhar mais valor em muitas cartas no river. Dependendo do tamanho da aposta dele e da carta do river, eu ainda poderei dar raise.

River: K (pote: 310.000)
O vilão aposta 450.000.

CT: O que diabos ele poderia ter aqui?
MH:
Ele poderia estar transformando uma mão como A-9 em um blefe, embora pareça estranho blefar com uma overbet. Será que ele tem um 10 e está querendo afugentar outro 10? É possível. Mas o maior problema para mim aqui é que eu tenho muitos full houses na minha gama, e realmente não deveria ter muitos straights na mesma, então acho pouco provável que ele dê overbet com uma sequência.

CT: Portanto…
MH:
Isso basicamente restringe a full houses. A mão que faz mais sentido é K-Q, pois eu acho que ele provavelmente daria check-raise com K-J ou K-9 no flop. E ainda há pelo menos algumas mãos de dois pares flopados na gama dele. Meu oponente é superagressivo, que costuma tribetar e dar fold diante de four-bets pré-flop, mas é importante perceber que essa é uma situação bastante diferente da qual estamos agora. Conforme mencionei antes, muitos jogadores — em particular quando estão diante de uma decisão difícil — extrapolam demais com poucas informações e tentam se confiar em sua “leitura”. Isso seria correto caso você tivesse uma leitura muito forte e precisa. Mas, com muito mais frequência, vejo isso acontecer quando eles realmente não sabem o que fazer, transformando o jogo em adivinhação. Quando acertam, são gênios, mas quando erram, costumam pôr a culpa, em retrospecto, no tilt.

CT: Que ferramentas você utiliza para tomar a melhor decisão?
MH:
Bem, muitas pessoas diferenciam um jogador matemático de um que se baseia na leitura, mas eu acho falsa essa dicotomia. Eu uso leituras o tempo todo, mas também gosto de ter boas ferramentas para utilizar quando uma leitura não é muito forte. Quando estou em uma situação difícil, a primeira coisa que gosto de fazer é voltar à estaca zero — ler minha própria mão. Onde estou em minha própria gama? Nesse caso, eu certamente opto por dar check com muitas mãos de dois pares no turn e apostar com muitas sequências. Ao final, a combinação da aposta massiva dele com o fato de eu poder ter muitos full houses em minha gama é o bastante.

Hawrilenko dá fold. O vilão leva o pote de 310.000.

CT: Você não quer saber a mão dele, Matt? Como você dorme à noite? Ah, é — você no final ganhou um milhão de dólares.
MH:
(Rindo) Sim, isso ajuda. Eu achava que a beleza de ganhar um torneio era jamais duvidar das mãos que você joga, mas essa ainda me incomoda.




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