EDIÇÃO 27 » FIQUE POR DENTRO

Capture a bandeira: Jay Rosenkrantz


Kristy Arnett

Jay Rosenkrantz é um profissional de cash games high-stakes de 25 anos que mora em Nova York. Ele começou a jogar online aos 19, enquanto estudava na Boston University, onde se graduou em cinema em 2006. Em 2007, ele foi nomeado o maior vencedor online em cash games de no-limit hold’em. Ele joga com os nicks “pr1nnyraid” no Full Tilt e “purplEUROS” no PokerStars.

Kristy Arnett: Em que stakes você costumava jogar quando começou nos cash games?

Jay Rosenkrantz:
Qualquer um de no-limit [hold’em] de 50¢-$1 a $3-$6, e também limit de $3-$6. Eu comecei jogando limit, e era um jogador mediano. Ganhava pouco no começo e faturava com rakeback. Eu usava esse dinheiro de rakeback para jogar no-limit e tentar aprender. Eu era derrotado por lá e voltava para o limit. Fiquei indo e voltando até pegar o jeito.

KA: Que tipo de jogador você era no começo, e como você finalmente aprendeu a ganhar em no-limit hold’em?

JR:
Bem, por alguma razão eu não tinha medo. Talvez isso seja algo nato. Eu não sei, mas estava disposto a tentar fazer muitas coisas criativas. Eu jogava muito, o que me foi útil, e os fóruns de poker ajudavam. Eu discutia estratégia com pessoas que são hoje os melhores jogadores do mundo. “Good2cu” [Andrew Robl], “Raptor” [David Benefield], “CTS” [Cole South] e eu todos jogávamos nas mesmas mesas de limites médios naquela época, e acabamos indo para os high-stakes juntos. Naquele tempo, definitivamente havia mais uma cultura de aprendizado mútuo.

KA: Houve algum ponto decisivo no seu processo de aprendizagem?

JR:
Em 2007, quando eu já jogava em limites realmente altos, fui para Vegas participar da World Series of Poker pela primeira vez. Eu me mudei com “Whitelime” [Emil Patel], “foxwoodsfiend” [Ariel Schneller] e “Flawless Victory” [Brian Roberts]. Eles me fizeram pensar sobre coisas a respeito das quais eu nunca tinha pensado antes. Flawless me mostrou que eu tinha graves tells de tempo. Eu tomava toda decisão instantaneamente, e ele me ajudou a descobrir por que eu fazia aquilo e como os outros jogadores poderiam interpretar isso, além de me ajudar a interpretar as tells de tempo dos outros jogadores. Isso ajudou muito meu jogo.

Além disso, comecei a refletir sobre dimensionamento de apostas. Naquela época, quase ninguém pensava nisso, e apenas conversar com alguém que já pensava a tal respeito foi bastante útil. Quer dizer, antes daquele verão, ninguém tinha dado overbet blefando, nem os que jogavam no-limit de $40.000. Hoje isso é meio padrão. As pessoas aprenderam o que isso significa, principalmente no river. Ninguém jogava com ousadia para explorar alguns jogadores muito bons.

KA: Você pode explicar exatamente porque dar overbet blefando é uma jogada lucrativa?

JR:
Digamos que o pote seja de $10 e você tenha $100 e o outro cara também tenha $100. Em vez de apostar $10 e dar a ele odds de 2-para-1 no call, você aposta $100, sabendo que, com base em streets anteriores, ele nunca teria o nuts. Ele simplesmente não pode dar call porque tem que pagar muito em relação ao pote, e você raramente blefa. Trata-se de pegar essa ideia e aplicá-la a toda situação no river em que você poderia ter conseguido o nuts ou já contou uma historia plausível de que você poderia ter o nuts antes do river. É possível lucrar com o fato de que as pessoas não vão querer botar tanto dinheiro no pote sem uma mão nut. Não se pode mais fazer isso em mesas high-stakes, mas era possível fazê-lo, e essa era uma arma secreta bastante valiosa.

KA: Em que stakes você joga hoje em dia?

JR:
Em quase todos. Eu jogo $25-$50 e $50-$100 na maior parte do tempo agora, mas posso jogar mais alto dependendo do meu oponente. Geralmente vendo ação para o Team Israel, como somos chamados [risos], que são aqueles caras com os quais eu morei naquele verão durante a World Series. Normalmente, não corro muitos riscos com meu próprio dinheiro, mas depende da mesa. Se houver um jogo muito bom de $500-$1.000, eu jogo, mas não sozinho.

KA: Então, você advoga que se corra riscos?

JR:
Sim, desde que você esteja disposto a descer de nível caso não dê certo. Às vezes pode haver um fish bêbado jogando em uma mesa muito mais cara e você pode querer jogar. Alguém nos fóruns colocou um post há algum tempo que realmente foi familiar; ele aconselhava jogar uma gama de limites, não apenas um. Você pode correr alguns riscos caso se sinta confortável em descer um pouco se não der muito certo, pois você não quer ir quebrar.

KA: Você já correu riscos e não deu certo?

JR:
Bem, eu sofri um baque muito, muito grande em $500-$1.000 no final do ano passado, e fiquei realmente abalado. Eu simplesmente me dei muito mal. Caso continuasse, eu arriscaria meu estilo de vida, o que, hoje, depois de cinco anos jogando, é inaceitável. Eu não tenho problema em descer de nível. Pode arranhar um pouco o ego, mas tudo bem.

KA: Que conselho você daria àqueles que têm dificuldade em descer de nível?

JR:
Não corra riscos, não é para você. Apenas jogue e consiga um enorme bankroll para seu limite, então suba devagar. Não é uma corrida. A única pessoa para quem você deve satisfação no poker é você mesmo. Desde que esteja feliz, quem se importa com os gráficos que as pessoas postam em fóruns ou com aqueles que se gabam por terem ganhado grandes quantias em dinheiro? Trabalhe em seu próprio jogo e faça isso de modo a se sentir bem com onde você está no poker. Se não estiver se sentindo bem com onde está, trabalhe mais arduamente.

KA: Quando entrar de limp em um cash game pode ser lucrativo? Ou essa é sempre uma má ideia?

JR:
Depende. Eu acho que no poker live é uma estratégia bem melhor. Você deve entrar de limp com várias mãos diferentes no live em vez de em cash games shorthanded ou mesmo full tables online, pois na Internet as pessoas jogam mais tight pré-flop. Você não tem oito pessoas entrando de limp como no jogo ao vivo. Portanto, online, em um jogo six-max no cutoff ou no button, eu definitivamente advogaria aumentar com uma mão como 6-5 suited e diminuir o field para ficar heads-up, de modo a fazer blefes lucrativos ou apostas pelo valor lucrativas. Em um jogo live, contudo, eu poderia argumentar entrar de limp, simplesmente porque aumentar não faz mais do que construir um pote com uma mão com a qual você deve manter altas as implied odds.

KA: Quem você considera o melhor jogador de cash games e por quê?

JR:
Eu diria Tom Dwan, pois ele provavelmente tem mais dinheiro do que qualquer outro jogador online. Ele joga um estilo que nenhum outro jogador de high-stakes consegue imitar com sucesso. Isso realmente me parece incrível. Ele até mesmo transcende o estereotipo do jogador de poker online, pois também conseguiu muita exposição na mídia por jogar ao vivo sem ganhar um torneio. Isso é muito legal.

KA: Para ser um jogador de cash games high-stakes bem sucedido, você precisa ter certa mentalidade de apostador?

JR:
Você precisa ter um pouco de estômago. Precisa ser capaz de dizer: “Eu perdi uma casa hoje” ou “Eu poderia ter comprado uma Ferrari em vez de perder uma para aquele cara”, e ficar tranquilo quanto a isso. Pode ser muito estressante. Às vezes você pode desejar jamais ter começado a jogar tão alto, e ter se contentado em jogar $5-$10 e ganhar a vida de maneira decente. Para jogadores high-stakes, o mundo funciona assim. Muito embora a variação seja muito alta, o dinheiro é muito bom.




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