A Temporada 2009 do BSOP, circuito brasileiro promovido pela Nutzz, vem superando as mais otimistas expectativas de seus organizadores, e também de todos os jogadores e apreciadores de poker no país. Com recordes de inscritos e de premiação a cada nova parada, o que se esperava para a etapa curitibana não poderia ser outra coisa senão um evento inesquecível para o poker nacional.
Marcada pela entrada de um dos maiores sites de poker online do planeta, o Full Tilt, como um dos novos patrocinadores oficiais do circuito, a etapa paranaense contou com satélites tanto no BestPoker quanto no próprio Full Tilt.
Nos corredores que davam acesso ao salão de jogo era possível constatar a evolução e o profissionalismo alcançado pelo circuito. Não é exagero dizer que atualmente o Brasil possui uma série que não deve em nada aos grandes eventos internacionais.
As grandes empresas patrocinadoras do evento aproveitaram os espaços do hall principal do Hotel Sheraton para divulgar suas marcas e produtos. Estandes das empresas que apoiam o evento foram estrategicamente dispostos.
Trilogia da Psicologia
Dentre eles, o estande da Raise Editora/CardPlayer Brasil era um dos mais visitados. Lá, além da distribuição de brindes, estava disponível para venda a recém-lançada Trilogia da Psicologia. O interesse pela coleção de livros escrita por Alan Schoonmaker foi tanto que o estoque não foi suficiente, e os livros acabaram ainda no primeiro dia.
Omaha
Outra inovação implantada na etapa paranaense foi a realização de um evento paralelo de Omaha. Limitado a 50 entradas, o torneio foi um sucesso, e deve se tornar uma tendência para as próximas etapas do circuito.
Dia 1-A
O Dia 1-A começou por volta das 20h, com 223 jogadores. No field, grandes nomes do poker nacional, como Mestre Filipe, Marcos XT, Kima, Leandro Brasa, Mumu “Senhor do Baralho” e muitos outros. A mão mais curiosa do dia aconteceu no final da disputa.
A ação começa com um jogador do meio da mesa anunciando all-in de aproximadamente 70 mil fichas. O que estava no cut-off paga a aposta usando todo seu stack, cerca de 60 mil fichas. Vendo a agitação na mesa, Leandro Pilla, de Santa Catarina, no big blind, comenta que só pagaria essa aposta se tivesse um par de ases. Ele começa a “filar” suas cartas e, após ver o seu jogo, anuncia instantaneamente all-in, de cerca de 75 mil fichas. Após a contagem de fichas o dealer solicita o showdown. O primeiro jogador mostra K♠J♠, o segundo apresenta A♦J♦. Nesse momento Pilla joga suas cartas na mesa e anuncia: “Par de Ases”! Porém, para a surpresa de todos os presentes, as cartas mostradas pelo jogador de Balneário Camboriú são um A♠ e um 6♥. Inadvertidamente, ele havia “filado” a mesma carta duas vezes. Ao se dar conta disso, se desespera. Mas não há mais nada para ser feito a não ser torcer pela ajuda do bordo – o que não aconteceu. Ele perde grande parte de seu stack e fica muito machucado no torneio.
O jogo só chegou ao fim ao término do 14° nível, após mais de onze horas de disputa e com 46 jogadores classificados para a final. Vitor Campelo encerrou o dia na liderança, com 170 mil fichas.
Dia 1-B
Com os 256 participantes do segundo dia de disputa, o BSOP alcançou a marca de 479 jogadores inscritos em uma única etapa do circuito. Recorde absoluto até agora. A premiação chegou a quase 500 mil reais, com cerca de 115K para o primeiro colocado.
O jogo começou com um ligeiro atraso, por volta das 14:30h. Com o salão do Sheraton completamente tomado pelos jogadores, a organização se viu obrigada a utilizar uma segunda sala, no segundo andar do hotel, para acomodar todos os inscritos.
Mesmo sendo em formato deepstack, que permite um jogo mais técnico e estudado, alguns jogadores partiram logo para a ação, e tivemos algumas eliminações ainda nos primeiros níveis.
Ao fim do dia, apenas 59 sobreviventes se garantiram na final. O chip leader, após mais de 14 horas de batalha, foi Rafael Martins, com 265 mil fichas.
Dia 2
O dia decisivo começou com 105 jogadores. Muitos dos que tinham poucas fichas buscaram dobrar logo no início da disputa – só assim eles poderiam continuar sonhando com o título. Isso acelerou o jogo e, decorridas cerca de duas horas, quase metade do field inicial já havia se despedido da competição.
Bolha
A zona de premiação se iniciou a partir da 45ª posição. Após o estouro da bolha, que aconteceu em um all-in triplo, o jogo ficou restrito a cinco mesas. Com isso, já era possível perceber alguns jogadores se destacando no field, e credenciando seu nome para a disputa da final table. Entre eles, o mineiro Ivan Dutra, o paranaense Vavá, e o jogador de Blumenau, Tito Feltrin.
Ivan Dutra
Ivan Dutra tem o poker em seu DNA. Ele vem de uma família de jogadores: é filho do conhecido jogador de Uberlândia Max Dutra (campeão da etapa de BH do BSOP 2007), sobrinho de Mumu “Senhor do Baralho”, e primo de Rafael Caiaffa (55º no Main Event da WSOP). Com bastante habilidade, ele conseguiu se destacar no field desde o primeiro dia. Ivan acumulou uma boa quantidade de fichas e, à medida que se aproximava da FT, acelerava seu jogo com raises e reraises que deixavam seus oponentes desconcertados.
Com o jogo em três mesas, sofreu um duro golpe em um all-in pré-flop. Viu seu par de ases ser derrotado por um par de damas que trincou no turn. Mesmo assim, não se abateu. Reconstruiu seu stack e continuou seu caminho rumo à final table.
Mesa Final
A mão que determinou os nove finalistas da maior etapa do BSOP até hoje, como não poderia deixar de ser, foi emocionante. Com K♠9♣, Ivan Dutra eliminou o jogador Juarez, que tinha A♠T♠. Um 9 no turn definiu os finalistas, e a mesa final ficou assim:
Planet Poker
Os nove finalistas da etapa paranaense do BSOP jogaram a FT em uma mesa especial. Há quatro anos a Planet Poker fabrica mesas oficiais, aparadores de copos, fichas personalizadas e uma infinidade de produtos para a prática do Texas Hold’em. Não por acaso, ela é a fabricante oficial das mesas do Brazilian Series Of Poker. Na etapa de Curitiba, a Planet Poker fez o lançamento de um novo modelo de mesa, a “Elizabeth”. Linda, a mesa é confeccionada sob padrões internacionais. Além disso, ao final do evento, a mesa foi sorteada entre os presentes: sem dúvida, uma maravilhosa recordação do maior BSOP da história.
Action na Final Table
Após a tradicional apresentação dos finalistas, feita por Leandro Brasa, os jogadores tomaram os seus lugares na mesa e começou a ação.
9° Colocado – Ivan Miwa
O primeiro eliminado foi Ivan Miwa, que foi all-in com Q♣T♠ contra A♣A♠ de João Vitor. O flop trouxe Q♥2♣Q♦ e encheu o paranaense de esperanças. Mas um A♦ no turn devolveu a vitória para João Vitor.
8° Colocado - Flávio Naban
Flávio, que chegou a ser o chip leader durante boa parte do Dia 2, foi all-in com A♥3♣, e recebeu o call de Tito Feltrin, com A♠Q♥. O bordo não trouxe alterações, e Flávio terminou na 8ª posição.
7° Colocado – Flávio Nakatami
O jogador de Maringá terminou na 7ª posição, eliminado por Vavá. Flávio, do meio da mesa, anunciou all-in de 375.000 fichas. Vavá pagou a aposta. Flávio apresentou A♦J♦, e Flávio mostrou A♣A♠. Com o bordo trazendo Q♦6♦9♠T♥K♦, Vavá acertou um flush e quebrou o par de ases de Flávio.
6° Colocado – Guilherme Mello
O curitibano Guilherme Mello ficou com a 6° posição quando foi all-in com T♥K♠ e recebeu call de Armando, com A♠J♦. Depois de bater um ás no bordo, é fim de torneio para Guilherme. Nesse instante, o chip leader era um dos personagens mais marcantes do torneio: Vavá.
5° Colocado – Ivan Dutra
O mineiro Ivan Dutra foi eliminado em dois golpes. Na mão em que perdeu a maior parte de suas fichas, recebeu sobre o seu big blind um raise de Vavá. Ivan deu call, e o flop trouxe 9♣8♠6♦. Ambos pediram mesa, e o turn foi um 9♥. Vavá novamente pediu mesa, Ivan apostou 150 mil fichas. Vavá voltou all-in de cerca de 900 mil fichas. Com os dois quase empatados em fichas, Ivan pensou demoradamente e anunciou o call. Vavá apresentou J♣K♥, contra Q♥8♦ de Ivan. O river trouxe um K♦ e selou a vitória para Vavá, deixando Ivan bastante short stack. Duas mãos depois, ele acabou eliminado por João Vitor, num confronto entre Q♥T♠ contra J♦2♦.
4° Colocado – Armando Gomes
Após a queda de Ivan o jogo ficou mais preso, e depois de mais de uma hora Armando ficou com a 4ª posição, também eliminado por Vavá. Ele apostou cerca de 100 mil fichas em UTG. João Vitor, no small blind, completou. E Armando, no big blind, anunciou seu all-in. Os dois jogadores pagaram a aposta e pediram mesa até o final. Armando apresentou 7♥4♣, Vavá mostra K♥2♦, e João vira 7♦Q♥. Vavá acerta um par de reis e elimina mais um.
3° Colocado – João Vitor
João Victor terminou na terceira colocação. Seu algoz foi Tito Feltrin, que pagou com A♠K♥, o all-in de João, que tinha T♣9♥. Fim da linha para João Vitor, que conquista um grande resultado.
Heads-Up
O heads-up decisivo do BSOP Curitiba 2009 foi entre Vavá e Tito Feltrin. Coincidentemente, os dois jogadores com as duas torcidas mais barulhentas da noite.
2° Colocado – Vavá
Vavá é um jogador polêmico. Um dos nomes mais comentados da 4ª temporada do BSOP, o falante e risonho jogador, com seu jeito expansivo consegue tirar a concentração dos adversários. Às vezes exagera, e se excede nas comemorações e na forma de tratar o oponente. Porém, tem apresentado boa regularidade nas etapas do circuito da Nutzz. Prova disso são seus últimos resultados. Em Curitiba, contou com a sorte em momentos cruciais, mas isso não tira o brilho de seu desempenho. Grande resultado para Vavá, que conquista o 2º Lugar.
Campeão – Tito Feltrin
Tito foi um dos jogadores mais técnicos de todo o torneio. Soube esperar a hora de jogar e brilhou a partir da mesa semifinal. Chegou a FT como chip leader da disputa, e ao heads-up com quase cinco vezes mais fichas que seu oponente. Não teve problemas para liquidar a fatura. Parabéns, Tito Feltrin, campeão do maior BSOP da história!
O maior BSOP da história
Há cerca de 3 anos, quando da realização da 1ª etapa do BSOP em Belo Horizonte, comemoramos 89 jogadores inscritos – uma marca incrível para a época. Hoje, o BSOP comemora o maior field da sua história. Sabemos que, possivelmente em breve, esta marca será novamente batida, mas os quase 500 jogadores presentes em Curitiba representam muito mais do que apenas uma marca: o torneio na capital do Paraná foi uma vitória do poker nacional e de todos que trabalham pelo seu crescimento no país. Esta etapa do Brazilian Series Of Poker mostrou que o trabalho que vem sendo feito pelas empresas organizadoras, federações, sites, revistas e jogadores começa a dar frutos.
Como nem tudo são flores, o BSOP cresceu. E com esse crescimento, surgem novos problemas para os organizadores se preocuparem. Um deles – e que ficou bem claro no último dia de disputa – foi a necessidade de se repensar o cronograma do torneio. O Dia 2 começou às 14h do domingo, e o campeão só foi conhecido às 6:30h da manhã do dia seguinte, cerca de 17 horas após o início da disputa. Uma carga sobre-humana imposta aos jogadores, organizadores, imprensa e torcida presente. Aumentar o calendário em um dia talvez seja a solução para este problema.
A próxima parada do BSOP tem jeito de festa: Salvador! Acompanhe por aqui tudo o que vai acontecer no maior circuito de poker do país. Até lá!
