Com o brilhante 4° lugar no evento #49 da World Series of Poker, Brasa se tornou o primeiro brasileiro a fazer uma mesa final de um torneio da Série Mundial. Além disso, possui ainda uma vasta galeria de títulos live e online, bem como vários ITMs em alguns dos mais importantes eventos de poker do mundo.
Como se não bastasse, ele foi também um dos primeiros empresários a apostar suas fichas no poker como negócio. Sócio da Nutzz Eventos, sob sua chancela está a organização de dois dos maiores circuitos do país: o BSOP e o Circuito Paulista.
Com quatro anos dedicados ao esporte, ele já possui um capítulo especial reservado na história do Texas Hold’em nacional. Agora, com exclusividade para os leitores da CardPlayer Brasil, apresentamos uma parte da biografia deste que pode ser considerado o arquétipo do jogador brasileiro de sucesso: Leando “Brasa” Pimentel.
Amúlio Murta: Como começa a história do “Brasa” com o Poker?
Leandro Brasa: Bem, para falar a verdade, eu sempre gostei de jogar baralho. Desde criança eu sempre jogava em família: buraco, canastra etc. Quando fui para o colégio, fiquei conhecendo o truco, que virou uma febre. Fui ter contato com o poker somente na faculdade, em Brasília. Nesse período, tínhamos uma mesa de poker bem legal, somente de colegas de faculdade, em que jogávamos uma vez por semana.
Quando eu me formei, fui contratado por uma empresa multinacional do ramo de telecomunicações, para trabalhar em Campinas. Com a mudança, não tinha nenhum conhecido na cidade, que dirá alguém que jogasse poker. Com isso, fiquei um período sem jogar. Porém, dentro da empresa, no horário de almoço, o pessoal jogava truco. Como era apaixonado por cartas, comecei a me entrosar com o pessoal que estava jogando. Aí, o destino colocou novamente o poker no meu caminho.
Como truco é um jogo muito barulhento, a empresa acabou proibindo os jogos no intervalo do almoço. Mas todos gostavam muito de baralho, então, ensinei o Texas Hold´em ao pessoal e começamos a jogar. A coisa virou mania na empresa, tanto que acabamos por criar uma mesa fora, onde fazíamos disputas animadas toda semana.
O crescimento não parou por aí. Com o aumento do número de jogadores, decidimos organizar um torneio entre o grupo de amigos. Conseguimos divulgar nosso torneio na internet e convidamos também pessoas de fora. Para nossa surpresa, apareceu gente de outras cidades, como São Caetano, São Paulo e de toda a região próxima a Campinas. Com cerca de 25 jogadores, esse torneio acabou se tornando a primeira etapa do que viria a ser o Circuito Paulista.
AM: Nessa época você ainda não era profissional. Como se deu esse processo?
LB: O que aconteceu foi que eu comecei a me dar bem nesses torneios. Além disso, a idéia de organizar um evento sempre me fascinou. Com isso, acabei – juntamente com o meu amigo Leo Bello – criando uma empresa especializada na realização de torneios de poker.
Essas atividades paralelas começaram a tomar muito do meu tempo. Comecei a receber um grande feedback das pessoas que jogavam os eventos e isso acabou me atrapalhando no trabalho. Eu gastava muito tempo respondendo emails, organizando site e isso culminou em um momento em que eu, recém-promovido no meu emprego, fui obrigado a pedir demissão.
Foi quando me dei conta que minha paixão havia mudado: não era mais minha formação acadêmica, e sim o poker. Mas não só como jogador, também como empresário em um país que ainda não possuía nada neste sentido.
AM: Quais foram os aspectos mais importantes que levaram você a tomar esta decisão?
LB: O brasileiro sempre gostou de baralho – algo que considero cultural. Além disso, eu percebia o crescimento exponencial do esporte no país. Então, quando eu olhava para o exterior e via o sucesso que o Texas Hold’em havia alcançado lá fora, para mim, era óbvio que ele se tornaria uma paixão também no Brasil. Além desse potencial comercial, do lado empresário do poker, como jogador, eu vinha alcançando resultados pessoais muito bons. Assim, o retorno financeiro me fez acreditar que o caminho era esse.
AM: Mesmo conseguindo bons resultados, provavelmente seu jogo deveria ser bem limitado nesta época. Como se deu a sua evolução técnica enquanto jogador, até chegar ao nível em que está hoje?
LB: Na medida em que o poker foi ganhando mais e mais adeptos no Brasil, para se diferenciarem, as pessoas buscaram estudar e se informar melhor. Eu não sou exceção a essa regra. Comecei a descobrir os livros, revistas e toda a literatura especializada. Fui atrás e ainda hoje eu sei onde estão as fontes de informação e sempre me mantenho atualizado.
Outro aspecto importante foi a troca de informação entre os jogadores. Uma coisa muito bacana neste começo, foi que nunca houve uma concorrência pessoal entre os jogadores. Meu grupo de amigos na época eram Akkari, Federal, Leo Bello e muitos outros que hoje estão entre os ícones do esporte no país. Sempre que um jogador encontrava um artigo ou texto bacana, indicava aos amigos, e assim a coisa foi sendo formada. No começo, eles eram apenas os meus amigos do poker e um sempre buscava ajudar o outro. Acredito que isso foi decisivo para a carreira de cada um de nós.
AM: Falando em amigos “do poker”, como nasceu a amizade com o seu sócio, Leo Bello?
LB: Para mim, o Leo é mais do que um sócio, mais do que um amigo: é um irmão. Nós nos falamos todo dia e, como irmãos, a gente discute, briga, se abraça e faz as pazes. Ele opina em uma série de coisas que eu faço e eu também faço críticas construtivas a uma série de coisas que ele faz. Acho que nós temos uma complementaridade muito grande, mesmo tendo cabeças totalmente diferentes. Pensamos de forma muito diferente, mas nossos estilos acabam se complementando, dando cara à Nutzz de forma universal. Quem também contribui muito neste sentido é o D.C., que eu não posso deixar de citar aqui. Ele é quem faz a “liga” que une as duas cabeças tão diferentes, formando o que é a Nutzz.
AM: Seus resultados iniciais eram todos em torneios ao vivo. Como o poker online entrou na sua vida?
LB: Na primeira etapa do circuito paulista eu fiquei conhecendo o Leo Bello – médico carioca que morava em campinas e tinha ficado sabendo do torneio pela internet. Nessa época, ele nunca tinha jogado ao vivo, só online. Além disso, havia uma história curiosa à época: ele nunca tinha feito nem um depósito e mesmo assim construiu o seu BR, através de freerolls.
Foi ele quem me apresentou o mundo online e foi também quem transferiu meu primeiro crédito. Eu me lembro de ter ido até a casa dele, uns dois ou três meses após a gente se conhecer, e ele me apresentar alguns sites. Aquilo caiu como uma bomba na minha cabeça. Eu, que vivia tendo que telefonar para amigos para conseguir montar uma mesa para poder jogar, agora poderia simplesmente ligar o computador e fazer isso de casa, a qualquer hora do dia.
AM: Assim como no poker ao vivo, no online seus resultados já começaram para cima?
LB: Não. Na verdade eu passei por todos os momentos que a maioria dos jogadores que se iniciam no online passam. Eu não administrava BR e foi um começo que considero “normal”: perdedor, mas não muito. Até que depois de certo tempo, com estudo, entendendo as situações, eu passei a ser um vencedor. A partir daí, não me lembro de ter ficado negativo.
AM: O ano de 2007 foi inesquecível para você e toda a comunidade do poker no país. Quais são as melhores e piores recordações que você guarda da mesa final do Evento #49 da World Series?
LB: De fato, foi sensacional. Foi um torneio inesquecível para mim. Eu tive muito domínio do jogo, e em vários momentos estive entre os líderes. Dominei praticamente todas as mesas em que joguei. Fiz um torneio tão sólido que, para você ter uma idéia, no momento do estouro da bolha, eu não estava nem aí. Estava tão à frente que joguei muito tranqüilo, pressionando o pessoal que estava short e fazendo muita ficha.
Meu pior momento foi quando restavam apenas duas mesas e eu tomei minha maior bad beat de todo o evento. Foi quando senti, pela primeira vez, que eu não iria chegar à mesa final. Isso foi terrível para mim, que havia feito um torneio fantástico. Pensar que, após uma luta imensa, eu não iria chegar. Para piorar, o meu oponente, que havia me aplicado a bad beat, não teve uma postura legal no momento da jogada – comemorou, etc. E isso me deixou ainda mais para baixo.
Eu lembro que após essa mão eu me levantei, olhei para o pessoal do Brasil que estava torcendo, me acompanhando, e falei: “Acho que acabou...” Só que o pessoal não me deixou desanimar – gritaram, incentivaram com essa energia que só nós, brasileiros, sabemos como é, e me colocaram novamente pra cima. Realmente, em seguida, eu ganhei um all-in, cresci e cheguei à FT.
A final table foi um momento maravilhoso. Jamais vou me esquecer, foi muita alegria. Sentar em uma mesa final da World Series, tirar as fichas do saquinho, colocar o microfone da TV, foram momentos de que não dá para descrever, foi uma realização pessoal incrível. E muita, muita satisfação.
AM: Como surgiu a idéia de organizar um circuito nacional de poker – o BSOP? Fale também um pouco das dificuldades enfrentadas no início do circuito e do momento atual do mesmo.
LB: O BSOP surgiu da idéia do André Akkari – que, na época, era meu sócio em alguns negócios – de criar um campeonato brasileiro ao vivo. Eu e o Leo, que já estávamos empolgados com o Circuito Paulista, abraçamos a idéia.
A primeira temporada do BSOP foi muito difícil. Aqui no Brasil, torneios de mil reais de buy-in eram quase inexistentes. Muitas etapas deram prejuízo. Mas nós acreditamos na idéia, e o BSOP se tornou isso que todos nós estamos vendo: mais do que uma realidade. E com muitas novidades para 2009.
AM: Quais são as surpresas para a 4ª temporada do circuito?
LB: O BSOP sempre inovou – foi o primeiro torneio a apresentar dealers em todas as mesas, o que hoje é quase uma exigência para todo evento de maiores proporções realizado no país. Além de muitas outras coisas, como regulamento internacional, estrutura deep stack, que permite o bom jogo, e por aí vai.
Analisando ano a ano, eu diria que o primeiro do BSOP foi de tentativas; o segundo, de amadurecimento, e que em 2008 tivemos um ano de realidade. Para 2009, e os que estão por vir, serão de expansão planejada. Teremos novas praças e estamos com um excelente problema, que é o de um calendário de 10/11 etapas e 20 cidades querendo sediar o circuito. Então eu acredito que a tendência é que a gente consiga patrocínios mais fortes, aumente o número de jogadores e também a premiação.
AM: Como um jogador experiente, que já jogou em várias partes do mundo, como você avalia o nível dos players brasileiros em relação aos de outros países com maior tradição no esporte?
LB: Hoje, existe uma elite de 15 a 20 jogadores brasileiros que podem enfrentar, de igual para igual, praticamente qualquer jogador do mundo. Guardadas algumas situações específicas, em que alguns jogadores de outros países têm certas vantagens em relação aos nossos. Eu acredito que essa elite nacional esteja um nível acima da média geral, e eles já estão provando isso. Não preciso citar os nomes, mas todo mundo sabe quem são: os resultados estão aí e falam por si.
Já a média nacional ainda não pode ser comparada com a de outros países com maior tradição, como os Estados Unidos, por exemplo. Mas isso é questão de tempo. Sempre quando encontro com algum jogador iniciante e ele me diz que gostaria de jogar como eu, eu respondo: “Amigo, a minha diferença pra você é tempo. Eu possuo mais tempo dedicado ao poker. Quando você tiver dedicado o mesmo tempo que eu, terá resultados iguais ou até melhores”. É claro que isso é um modo simplório de dizer que ele tem que correr atrás e estudar – eu acredito fielmente que esse seja o caminho. De um modo geral, o poker brasileiro amadureceu muito e a minha expectativa é a melhor possível.
AM: Você, juntamente com Raul Oliveira e Christian Kruel, faz parte do time de um dos maiores sites de poker do planeta, o Full Tilt. Fale um pouco sobre isso?
LB: A história começou na WSOP de 2008. Eu fui procurado por um empresário de jogadores, ainda em Vegas. Em nossa conversa, houve uma sondagem e eu acabei jogando o Main Event com a logo do Full Tilt. Como não obtive um grande desempenho no ME, acabei voltando para o Brasil sem grandes esperanças. Alguns dias após a minha volta para casa, fui surpreendido com um email deste mesmo empresário. Ele me dizia que as portas ainda estavam abertas e que o Full Tilt tinha interesse em investir no Brasil. Logo em seguida surgiu a notícia do contrato do C.K. e do Raul, e eu imaginei que estaria encerrado o ciclo de investimento no país. Mas tive uma grata surpresa uma semana depois, quando fui informado que, mesmo com a contratação dos dois grandes jogadores brasileiros, meu nome também estaria entre os que formariam o time brasileiro do site.
AM: Menos de um mês após o anúncio da contratação, você venceria o torneio de $1 milhão garantidos do próprio Full Tilt, fazendo o heads-up contra outro brasileiro, o mineiro Caio Pimenta. Como foi a satisfação por essa conquista?
LB: Com certeza foi sensacional. Não poderia ter acontecido em uma hora melhor. Eu tinha acabado de ser contratado e ganhei o maior torneio do site, coisa que nenhum jogador do time ainda tinha feito. Isso para mim foi muito gratificante do ponto de vista profissional – e também financeiro! Mas, em minha opinião, não existe valor econômico que se iguale ao meu ganho pessoal, de ter provado para os meus novos chefes que eu não estou aqui por acaso. Além disso, teve outro aspecto muito gratificante: fazer o HU contra outro jogador brasileiro, uma coisa incrível!
AM: Além do Texas Hold’em, sabemos que você tem jogado Omaha. Quais outras modalidades de poker você pratica e qual a importância de se conhecer outras variantes para sua formação como jogador?
LB: Apesar de ter me destacado em torneios, minha origem é nos cash games, desde as nossas primeiras mesas em Campinas e Brasília. Então, sempre fui muito interessado em cash games. Percebi que, na internet, no cash game de Omaha, existem muitos jogadores “fishes” – que simplesmente não sabem o que está acontecendo. Por isso, decidi me especializar em cash games online de Omaha. Tenho estudado bastante e lido vários livros sobre essa modalidade, e os resultados já estão chegando.
Já torneios de Omaha na internet não são muito frequentes, e os que existem não são muito rentáveis. A maioria possui buy-in baixo, por isso prefiro o cash. Mas, sempre que encontro um evento de Omaha mais caro, tenho jogado, e já consegui bons resultados em alguns torneios de Omaha na internet.
Sobre o estudo de outras modalidades, em minha opinião, um jogador de poker completo não pode se formar somente no Hold’em. Penso que as outras modalidades trazem diferentes visões de jogo, o que pode ser aproveitado também no Texas Hold’em. Eu tenho sempre corrido atrás disso: já fiz mesas finais das mais variadas modalidades, destacando uma no maior torneio de H.O.R.S.E. do Full Tillt. No ano passado, joguei também um evento de Omaha na WSOP.
AM: Como funciona a sua rotina? Hoje, ela é muito diferente de quando você começou?
LB: Sim, bastante. No começo era muita loucura. A gente se empolga, principalmente quando aparecem os resultados. Você fica querendo jogar qualquer torneio, a toda hora. Além disso, como a maioria das pessoas que leva uma vida “normal” trabalha durante o dia, eu acabei jogando à noite, para poder jogar com amigos que trabalhavam durante o dia. Com isso, quando eu conseguia ir longe nos torneios, acabava jogando até às seis/sete da manhã, e isso começou a me atrapalhar. Mesmo eu não tendo um trabalho formal, estava tendo problemas de relacionamento – acordar entre duas e três da tarde não é normal para a maioria das pessoas. Como eu voltei a namorar, e minha namorada tinha uma rotina “convencional”, eu passei a tentar me adaptar a uma rotina parecida com a dela.
Hoje eu me forço para acordar um pouco mais cedo. Minha rotina atual é acordar por volta das nove ou dez da manhã. Minhas manhãs estão reservadas para os negócios da minha empresa, a Nutzz. Eu só começo a jogar por volta da uma da tarde e procuro não me inscrever em torneios que se iniciem após as 17h, para que eu consiga parar por volta das sete/oito horas da noite. Essa nova rotina tem sido muito boa. Assim, a partir das oito, eu consigo ter uma vida social normal, pegar um cinema, assistir um filme em casa, jantar com a minha namorada, etc.
AM: Como um jogador realizado, quais são os títulos e as metas que você ainda pretende atingir?
LB: Com certeza eu quero buscar um bracelete da World Series: esta é minha maior meta. Eu já raspei nesse objetivo uma vez, e a vitória do Alexandre Gomes me fez ter a certeza de que é possível. Se acontecer no Main Event, melhor ainda (risos). Mas não precisa necessariamente ser no Evento Principal, qualquer um da WSOP representa uma conquista pessoal imensa.
Fora isso, também pretendo disputar algumas etapas do WPT e outros circuitos como o APPT e LAPT, que são recentes, mas já possuem um peso muito grande. Esses são torneios internacionais que eu tenho uma expectativa e vou correr atrás para tentar ganhar.
AM: Parece que sua carreira foi se construindo em uma linha crescente constante. Em algum instante você passou por um momento complicado, em que chegou a pensar que havia tomado a decisão errada quando decidiu largar a sua vida de executivo?
LB: Não, juro que não – graças a Deus! Toda vez que eu comecei a ter um momento ruim, a coisa iluminava e eu acabava ganhando um prêmio, ou recebendo uma proposta que me tirava do que seria um momento para eu repensar a minha decisão.
AM: Em muitas conversas com diversos jogadores que hoje estão entre os Top Players do Brasil, quando perguntados sobre um “ídolo” no poker, muitos deles apontam o seu nome. Como é ser uma referência no poker do Brasil?
LB: A idéia é engraçada porque eu nunca pensei em ter status de ídolo. Não me vejo dessa forma. O que faço é tentar conversar com todo mundo, atender ao pessoal que me procura etc. Eu fico mais satisfeito por essa palavra “ídolo” estar existindo sob o ponto de vista de “ser um cara que foi lá e fez algo que eu gostaria de fazer” do que ser alguma coisa em um pedestal, inalcançável. Mas eu fico muito feliz com essa forma de reconhecimento.
Como já falei, a intenção é sempre mostrar que a minha condição e os meus resultados são, muito mais, em função do meu tempo e do meu comprometimento dedicado ao Hold’em. Uma das coisas que me deixa muito satisfeito é ver garotos que me tinham como ídolo jogando comigo, empurrando ficha, brincando e dando risada junto.
AM: Que tipo de mensagem você deixa para esses garotos que enxergam em você um exemplo a ser seguido?
LB: Um rapaz que joga poker em São Paulo me fez essa pergunta recentemente. E o que eu respondi para ele é o que respondo para todo mundo: virar um profissional de poker não é coisa que se decide em um dia. Na verdade, quando você escolhe ser médico, não se torna um médico da noite para o dia – tem que passar um período na faculdade, depois fazer residência, especialização. Tornar-se um profissional de poker não é diferente disso. É claro que você não precisa gastar seis anos numa faculdade para se tornar um jogador profissional, mas é preciso estudar, se preparar. Então, minha primeira dica para essas pessoas é: estudo, estudo e estudo.
Hoje em dia não existe mais a desculpa de que não há informação disponível no país. Nós temos livros traduzidos, a CardPlayer Brasil, com vários artigos técnicos nacionais e internacionais, existem vários sites e diversas formas de se informar sobre o assunto. Então o primeiro passo é o estudo. Com o estudo vêm os resultados. Porém, só com resultados constantes é que você pode tomar a decisão de dedicação exclusiva. Então minha segunda dica é: tenha disciplina para estudar, e paciência para aguardar os resultados.
AM: O Brasa “ídolo” possui ídolos no poker?
LB: Outro dia eu estava preenchendo meu perfil em um site de poker e lá perguntava: qual seu ídolo no poker, aí eu parei para pensar nisso. No começo, quando eu era novato, tinha ídolos normais, como todo mundo: Doyle Brunson, Jonnhy Chan, etc. Algum tempo depois, na medida em que comecei a ter acesso à literatura, fui descobrindo que existiam outros jogadores. Então, você passa a querer se diferenciar da maioria dos novatos e começa a admirar jogadores mais técnicos, como Barry Greenstein e o falecido Chip Reese, dentre outros.
Hoje em dia, não tenho acompanhado o jogo desses nomes. Mas um jogador que eu admiro e gosto da forma como ele joga é o Daniel Negreanu. Já tive a chance de estar com ele algumas vezes, conversamos e – mais do que um excelente jogador, que faz moves muito bem trabalhados – ele é um cara educado, alegre e que interage bem com as pessoas. É alguém que admiro muito.
AM: Brasa, obrigado pela entrevista. Este espaço está aberto para que você possa usá-lo como quiser.
LB: Em toda essa minha trajetória no poker, nos últimos quatro anos, desde que me tornei um profissional, foi muito importante o apoio das pessoas que considero mais próximas e que eu amo de verdade. Entre elas, eu gostaria de destacar aqui a minha mãe, que sempre me apoiou desde o dia em que eu decidi largar o meu emprego – mesmo não entendendo até hoje sobre poker, ela sempre esteve ao meu lado. Gostaria de agradecer também à minha namorada, Patrícia – ela é quem me incentiva, torce por mim e me apóia nos bons e maus momentos, e eu considero esse apoio decisivo.
Gostaria de agradecer também a todos os meus amigos e a todos os que torcem por mim. Além de você, Murta e toda a equipe da Card Player Brasil, por tudo o que têm feito pelo nosso esporte no país. ♠