É sempre bom estar de novo onde tudo funciona bem. Essa é a sensação quando a caravana do BSOP desembarca na capital mineira. Afinal, apesar da mudança de local na última hora, a recepção pelo nosso anfitrião Osvaldo Naves é mineiramente amistosa e eficiente.
Assim, a 9ª etapa do BSOP aconteceu em Belo Horizonte, em um clima de festa, com o dia ensolarado e muita descontração no local do torneio. Estavam lá vários craques do poker nacional, como Rafael Caiaffa, Léo Bello, Gabriel Almeida e muitos outros.
Cabe destacar também a presença de Caio Pimenta e Leandro Brasa, que haviam feito, cinco dias antes, a “dobradinha brasileira” (vice e campeão, respectivamente) no torneio do Full Tilt que distribuiu US$1 milhão de premiação total.
Ao todo tivemos 109 jogadores na disputa, e foi contra essas feras que o catarinense Cláudio Baptista, atual líder do ranking BSOP, e outros que seguem firme na disputa pelo bracelete de campeão brasileiro tiveram que mostrar toda a técnica em busca do título da etapa. Mas mal sabiam que algo inédito estava por vir...
Ainda no primeiro dia de competição, uma mão muito interessante chamou a atenção dos espectadores. Os blinds marcavam 600/1200 e a média era de 37.000 fichas, restando pouco mais de 40 participantes. Então, um jogador no meio da mesa pagou o big blind. Outro também deu limp, e Gabriela Belizário, uma das últimas mulheres no torneio, deu raise para 5k. O primeiro limper pensou 5 segundos e voltou all-in de 72.000 (?!). A ação retornou para Gabriela, que ponderou por quase 10 minutos, antes de largar a mão e mostrar AKs.
Ainda que o jogador que moveu all-in tenha dito que possuía JJ, o fold de Gabriela foi muito criticado. Entretanto, se pararmos para refletir a jogada, há defesas para a ação da jogadora. Com cerca de 38.000 fichas, Gabriela estava na média e não viu necessidade de entrar num coinflip decisivo naquele momento do torneio. Mais tarde, como vocês verão, a decisão de Gabriela veio a se mostrar muito acertada.
Pouco mais de 30 jogadores passaram para o Dia Final do BSOP e, um a um, a lista de sobreviventes foi afunilando. O goiano Floriano Dantas viu suas esperanças de encostar nos líderes do ranking diminuírem, após ser eliminado na 23ª posição. E Cláudio Baptista aumentou sua liderança mesmo caindo na 16ª posição.
Finalmente, após 15 horas de disputa, foram definidos os 9 finalistas. Apenas o carioca Diego Vilela ameaçava a hegemonia dos mineiros, que cravaram 8 lugares na mesa final. O chip leader era Diógenes Malaquias, com quase 300.000 fichas.
Diógenes, conhecido jogador de cash games online, fazia sua estréia em eventos live em grande estilo. No começo do torneio ele mal sabia segurar as cartas e apostar com fichas, mas isso não foi empecilho para impor um jogo agressivo e de muita pressão.
Outro destaque na final table era a inédita presença de um casal de namorados, formado por Alexandre Valadares (54K em fichas) e Gabriela Belizário (260k).
O short stack era Alexander Prado, com 50k em fichas, que acabou sendo o primeiro a cair, mesmo após dobrar em um coinflip contra Edson Pereira. Alexander (44) foi all-in pré-flop e recebeu call de Guilherme Kalil (JJ). Vale lembrar que Kalil, além de bom jogador de poker, é da equipe da CardPlayer Brasil!
Vilelinha adotou a postura mais agressiva na mesa final e, após sofrer significativas perdas de fichas ao dobrar Alexandre (44 venceu AQo) e Kalil (KTo venceu AJo), acabou eliminando Edson Pereira na 8ª colocação (TT vs. 89o, sem surpresas).
Entretanto, momentos depois, Vilela praticamente disse adeus ao torneio após perder quase todas as suas fichas com AKo, dando call em all-in de Diógenes, que apresentou 56o. Para desespero dos cariocas, o bordo veio 8Q5T7, e Diogenes dobrou suas fichas. Poucas mãos depois, com blinds em 10k/20k, Vilela (32o) vai all-in de 22k e recebe dois calls, caindo na 7ª colocação.
Daí passa a brilhar a estrela de Gabriela Belizário e Pedro Cayo! Com 67s, Gabriela quebra o AA de Marco Antônio e, na mão seguinte, o elimina na 6ª colocação. Já “P Cayo” (apelido pelo qual é mais conhecido) elimina Diógenes Malaquias e Alexandre Valadares, 5º e 4º colocados, respectivamente.
Guilherme Kalil também não resiste à pressão de Gabriela, que acerta uma seqüência no turn e elimina o repórter-jogador na 3ª colocação. O heads-up do BSOP está formado e pela 1ª vez temos uma representante feminina entre os dois finalistas.
Mesmo com apenas 635k em fichas contra os cerca de 1 milhão de “P Cayo”, Gabriela não se abala e vira o heads-up logo nas primeiras mãos. E, após pagar all-in de “P Cayo” (KJs) viu o bordo trazer 4 cartas de espadas. Com um K de espadas (e uma Q). Gabriela faz um flush e leva o inédito título da 9ª etapa do BSOP, provando que lugar de mulher é na mesa de poker!
Parabéns aos mineiros e, em especial, às mulheres do poker nacional! Agora é hora de contar os dias para a última etapa regular da temporada, em Floripa (22 e 23 de novembro), que antecede o Torneio dos Campeões do BSOP (13 e 14 de dezembro).