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Rafael Caiaffa: Talento que vem do berço


Amúlio Murta

Ao lado de Luciana, sua esposa, Rafael Caiaffa conquistou o seu maior troféu: a pequena Mila, que, antes mesmo de completar o seu primeiro ano de vida, já tem muitos motivos para se orgulhar do pai.

O Campeão Mineiro e brasileiro mais bem colocado da história no Main Event da World Series of Poker, Rafael Caiaffa, nos recebeu em sua casa e nos contou como foi o seu começo no Poker, a importância da torcida brasileira em sua conquista, seus projetos futuros e muito mais.

AM: Como foi o seu começo com o baralho?

RC:
Eu sempre tive uma ligação muito forte com jogos de cartas. Na minha família, isso começou com meu avô. Todos se juntavam em sua casa, nos fins de semana, para jogar baralho. Eu cresci assim. Parece brincadeira, mas minha mãe conta que a primeira palavra que falei foi “bati”, que é um termo usado quando se vence uma partida de buraco. Outra coisa curiosa é que, ainda quando bebê, quando eu chorava muito ou estava muito nervoso, meus pais espalhavam cartas de baralho pelo berço e, incrivelmente, isso me acalmava. Então eu acho que essa paixão já vem de berço. (Risos)

AM: Quando foi que ficou mais séria sua relação com as cartas?

RC: Com 17 anos, eu me inscrevi num campeonato de buraco do clube onde eu era sócio e fiquei com o vice-campeonato. Já com 18, conquistei o meu primeiro título: o campeonato mineiro de clubes, que disputei representando o meu clube.

Com o tempo descobri o Texas Hold’em. A primeira pessoa a me falar sobre essa modalidade foi o Max Dutra, meu tio. Eu já jogava o poker fechado e não tive dificuldades para me adaptar a essa variante. A partir daí eu conheci os sites, comecei a estudar e a coisa começou a acontecer.

AM: Como foi a decisão de se tornar um profissional?

RC:
Foi mais ou menos nesse período, por volta de 2006, que eu realmente comecei a jogar profissionalmente. A minha esposa, que na época ainda era minha namorada, foi muito importante nesse aspecto.  Ela me ajudou a ter disciplina, a formular a minha “nova” rotina de trabalho, e a partir de então as coisas foram dando certo. Desde o primeiro mês comecei a ficar no positivo, obtive lucro, e com o uso de planilhas comecei a controlar o quanto eu estava ganhando, onde eu estava ganhando etc.
Depois disso surgiu a oportunidade de fazer parte do Best Poker Team. Isso me abriu muitas portas. Sou extremamente grato a todo o pessoal do Best Poker por ter me dado a chance de correr o mundo jogando poker.

AM: Em 2007, você se sagrou campeão mineiro, fale um pouco dessa conquista.

RC:
No início de 2007, o Osvaldo (Presidente da Federação Mineira de Texas Hold’em) anunciou que o Campeão Mineiro da temporada iria levar um pacote para a disputa do Main Event da WSOP de 2008. Foi então que eu estabeleci a conquista do mineiro como meta para o ano.

Joguei muito focado todas as dez etapas e acabei fazendo oito mesas finais na temporada. No final levei o título. Foi daí que começou toda a jornada que culminou com a 55ª colocação no Main Event.

AM: Falando agora de sua temporada em Vegas, como foi a sua preparação?

RC:
Foi a minha primeira vez em Vegas, então me programei para chegar lá com um mês de antecedência. Fui antes porque queria me adaptar melhor à cidade e às condições de jogo. Eu desejava entrar no clima do lugar, me acostumar com a linguagem das mesas, jogar torneios menores para estudar o estilo dos americanos etc. Tudo isso para entrar preparado para a batalha que é a World Series of Poker.

AM: E como foi o torneio?

RC:
Bem, no começo eu me assustei um pouco com a qualidade técnica dos jogadores. Cheguei a pensar que não daria para acompanhar o ritmo dos gringos. Lembro de um momento, quando estava no dinner break do primeiro dia, que achei que não iria conseguir. Foi então que cancelei o jantar, saí do salão e, em um instante de reflexão, pensei em tudo o que eu tinha passado para chegar até ali. Vieram à minha cabeça todas as etapas do mineiro, a saudade de minha mulher e da minha filha. Pensei nos momentos que eu estava perdendo por não estar próximo a elas. Foi então que me dei conta de que tudo isso não poderia ter sido em vão. A partir daí, voltei para o salão e joguei o meu melhor.

AM: Durante o torneio, é verdade que você sentia a vibração dos torcedores no Brasil?

RC:
Sim, é verdade! Eu não sei explicar ao certo, mas toda vez que eu jogava ou ia fazer algum move, eu sabia que tinha muita gente no Brasil me acompanhando e torcendo muito, e isso, acreditem, estava chegando até os salões do Rio e me ajudou profundamente.
Além disso, todo dia, quando eu subia para o quarto, eu procurava sempre acompanhar pelos sites como estava a torcida no Brasil e isso, sem dúvida, foi fundamental para que eu conseguisse chegar até onde cheguei.

AM: Após esse expressivo resultado, quais são os seus projetos futuros em curto e longo prazo?

RC:
Para este ano eu tenho como meta a disputa do BSOP, torneio que cheguei a estar na liderança do ranking e agora estou na 5ª colocação. Além desse, pretendo disputar alguns eventos internacionais e também estou dando aulas particulares para jogadores interessados em evoluir no jogo.
Para o ano de 2009, pretendo disputar todas as etapas do LAPT e também algumas de outros circuitos, como o EPT e o WPT – sem falar da World Series, é claro.

AM: Finalizando, pode deixar uma mensagem a todos leitores da CardPlayer Brasil que acompanharam e torceram muito por você durante a disputa do Main Event em Vegas.

RC:
A todas as pessoas que torceram por mim e me apoiaram eu só tenho a agradecer. Sei que eu estava representando o Brasil lá, e sei também que todos os que torceram, fizeram isso de coração. Isso foi muito importante e me ajudou muito, me dando muita força para a disputa.

Muito Obrigado!




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