EDIÇÃO 12 » ESTRATÉGIAS E ANÁLISES

Pot-Limit Omaha: O Nut Straight Freeroll

Nota do editor: Esta coluna é, em grande parte, um excerto do livro de Jeff Hwang, Pot-Limit Omaha: The Big Play Strategy. Além disso, equivale ao segundo texto da série PLO, o qual, pela ordem original, deveria ter sido publicado na edição n. 10.


Jeff Hwang

Eu irei lhes contar um segredinho: Pot-limit Omaha (PLO) não é um jogo 50-50.

Quando um jogador mediano pensa a respeito de pot-limit Omaha, a primeira coisa que lhe vem à cabeça é o clássico confronto de all-ins entre um jogador que flopou uma trinca e outro que tem um grande straight draw com flush draw. E é verdade que vai haver ocasiões em que você vai conseguir uma mão como a trinca mais alta e ser forçado a tentar a sorte com seu estoque inteiro contra um draw forte. É também verdade que, nessas ocasiões, você pode ser apenas um modesto favorito — ou mesmo um não-favorito — contra quedas assim. Mas, embora tais situações sejam relativamente comuns e você tenha que contar com a sorte para jogar PLO, é falácia pura dizer que é preciso estar em uma situação assim quando o dinheiro entrar.

Então, onde está a vantagem para os bons jogadores dessa variante? O que estamos tentando alcançar quando vemos o flop?


A verdade é que em PLO — ou em qualquer outro Omaha — a distância entre um bom jogador e um excelente não é tão grande quanto a distância entre um jogador bom e um ruim. E em PLO, há uma variedade de situações nas quais jogadores inexperientes — ou simplesmente fracos — podem cometer (e com freqüência cometem) erros muito caros. Tais situações vão muito além dos coin flips: alguns jogadores freqüentemente escolhem uma opção com EV negativo.

De vez em quando, alguém terá o melhor jogo e comprometerá todo seu estoque, apenas para descobrir que não apenas estava com uma queda morta, como também enfrentará o freeroll de um oponente que possui a mesma seqüência mais um redraw para uma mão melhor. Outras vezes, um jogador fraco vai tentar levar o pote com um full house mais baixo, trinca do meio ou mais baixa ou um flush que não é o melhor — mãos que jogadores competentes sabem que são péssimas — apenas para perder para um full mais alto, a trinca mais alta ou o nut-flush. E com maior freqüência ainda, jogadores confusos vão tentar draws para mãos não-nuts e pagar big bets quando formarem as segundas melhores mãos.

Quando o jogador perdedor compromete todas as suas fichas nessas situações, em geral não se trata de má sorte, mas de mau jogo.

No final das contas, o objetivo é ganhar os estoques inteiros de seus oponentes. Para conseguir isso, queremos estar na posição dominante quando os grandes potes forem disputados. Isso envolve primeiramente identificar as situações que com mais freqüência resultam em grandes potes, bem como descobrir que mãos têm a vantagem nessas ocasiões.

Nominalmente, nossa meta é conseguir o seguinte:
1. O Nut Straight Freeroll
2. O Nut Full House Freeroll
3. Full Mais Alto Versus Full Mais Baixo
4. Trinca Versus Trinca
5. Flush Versus Flush
6. Trinca Mais Alta e Algo a Mais
7. Draws Dominantes

Nesta coluna, analisaremos o Nut Straight Freeroll.

O Nut-Straight Freeroll
A maior parte dos grandes potes em pot-limit Omaha tende a envolver um ou mais jogadores com um grande straight draw ou dois jogadores com a mesma seqüência. O último caso geralmente é a causa de confrontos de all-ins no flop — e, como você vai ver, o dinheiro tende a entrar com mais freqüência do que fundamentalmente se pensa.

Digamos que o flop traga 965, e há $20 no pote. Tom tem AK87 para o nut-straight. David tem 10987 para o nut-straight com um flush draw de espadas, um backdoor draw de paus e redraws para um straight. Tom aposta $20, David aumenta para $80, Tom re-aumenta para $240 e, depois de mais alguns aumentos, ambos os jogadores vão de all-in, eventualmente com $1.000 cada um.

De que mão você mais gosta aqui?

Claramente, a mão de David é muito superior, pois ele tem múltiplos redraws: um 7, um 8, quaisquer espadas, ruuner-runner de paus, ou runner-runner para um full house ou quadras melhorarão a mão dele para garantir o pote inteiro. Tom tem um mero nut-straight sem possibilidade de melhoria. Como resultado, David está em um freeroll total. Basicamente, Tom defendeu metade de um pote de $20 com todo seu estoque de $1.000, e numa mão com a qual ele não tem absolutamente nenhuma chance de ganhar logo de cara. Nesse caso, David vai levar o pote inteiro cerca de 56% das vezes sem nenhum risco, e é favorito em quase 4-1 no dinheiro.

Embora seja verdade que David possa ter flopado algo pouco usual, existem várias mãos que deixariam Tom freerolled aqui. Qualquer 10-8-7-X pode conseguir um 8 ou um 9 para acertar uma seqüência maior; qualquer 8-7-X-X com duas cartas de espadas pode montar um flush e ganhar o pote; 9-8-7-6 pode conseguir um 9 ou um 6 e formar um full house; e 9-9-8-7 ou 8-7-6-6 para o nut-straight com uma trinca pode conseguir sete cartas no turn e mais 10 no river para acertar um full house.

Mas, na verdade, o jogador mais fraco não está com uma queda completamente morta. Mas, a conclusão é clara: não estamos buscando conseguir apenas o nut-straight — queremos conseguir o nut-straight com redraws.

Por outro lado, Tom poderia facilmente se livrar dessa mão. Sempre que os estoques forem grandes e você tiver apenas o nut-straight no flop sem um redraw, é primordial que você proceda com cautela — especialmente quando há duas cartas para o flush no bordo. Nesse caso, em regra, deve-se apenas pagar uma eventual bet, ou desistir diante de um aumento.

Conceito “PLO: The Big Play” Nº 1: Flopar o nut-straight não lhe garante o pote.

Conceito “PLO: The Big Play” Nº 2: O principal motivo para estar freerolled é jogar com uma mão com estrutura fraca (por exemplo, uma mão que fisicamente não pode flopar o nut-straight com redraws para straight ou o full house); o segundo maior motivo é a péssima tomada de decisão depois do flop.

Conceito “PLO: The Big Play” Nº 3: Quando flopar o nut-straight, o bordo mostra duas para o flush e você não tem um flush draw, é preciso proceder com cautela quando alguém apostar ou aumentar. Uma exceção clara ocorre quando você tem o nut-straight com uma trinca e um redraw para um full house.

Conceito “PLO: The Big Play” Nº 4: Em PLO, às vezes é correto descartar o nut-straight no flop.

Conceito “PLO: The Big Play” Nº 5: Jogue mãos apenas com grande potencial. A maioria dessas mãos tem a habilidade de flopar o nut-straight com um redraw para uma seqüência maior ou para um full house. Praticamente 100% dessas mãos devem também ter potencial de flush redraw (por exemplo, a mão ter pelo menos duas do mesmo naipe).

Jeff Hwang é um jogador semiprofissional e autor de Pot-Limit Omaha: The Big Play Strategy. Jeff é também um analista de investimentos que escreve sobre ações de cassinos para a Motley Fool em Fool.com. Para obter uma lista dos jogos de PLO perto de você, visite o website de Jeff no endereço jeffhwang.com.

Glossário de Pot-Limit Omaha
Freeroll: A chance de ganhar sem risco de perda
Nut-straight com redraws: A melhor seqüência possível com um draw que pode acertar uma mão melhor, como uma seqüência maior, um flush ou um full house.




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