EDIÇÃO 115 » MISCELÂNEA

The Book is on the Table: Gus Hansen - Todas as mãos reveladas


Redação

Todas as Mãos Reveladas foi escrito por um dos profissionais mais intrigantes e fascinantes do mundo: Gus Hansen. Conhecido por seu estilo corajoso e agressivo, ele inovou o setor da literatura especializada em poker ao transcrever cada mão jogada por ele durante o Main Event do Aussie Millions 2007. Detentor de diversos títulos do circuito internacional, Gus superou 747 jogadores e faturou 1,2 milhão de dólares pela vitória no evento australiano. Agora, ele revela os segredos que o levaram à vitória. Os últimos capítulos ainda trazem tabelas e gráficos de estatísticas que ilustram desde o número de mãos premium que ele recebeu até a porcentagem de all-in vencidos.


Mão 133 (p. 128)


Blinds: 4K/8K/1K

Minha posição: SB

Minha mão: A♣Q♠

Meu Stack: 389K


O atual campeão Lee Nelson foi deslocado para a mesa. Ele abre raise de 24.000 de posição intermediária, e eu decido apenas dar call com meu A♣Q♠ no SB. O BB dá fold! O flop vem:


Q♥Q♣4♣


Eu acho que é justo chamá-lo de um flop acima da média!


Eu dou check, e como esperado, Lee aposta 44.000 em um pote de 64.000. Tendo acertado três damas no flop com top kicker, ou como alguns diriam, um monstro, eu tenho algumas opções diferentes:

1. Call, tentando montar uma armadilha contra o Sr. Nelson, seria mais tentador sem flush draws no bordo. Outro inconveniente é que o call não coloca mais dinheiro no pote. Para ser uma verdadeira armadilha, eu também deveria dar check no turn e poderia, assim, facilmente dar duas cartas grátis ao Sr. Nelson. Eu não gosto disso!

2. O miniraise, dobrando sua aposta de 44.000 para cerca de 100.000, tentando manter Lee no circuito, mas forçando-o a colocar um pouco mais de dinheiro no pote. Isto também poderia ser interpretado como uma tentativa barata de roubar, induzindo assim o Sr. Nelson a fazer um move. Eu gosto disso!

3. Um raise padrão de cerca de 150.000. Coloca ainda mais dinheiro no pote, mas pode forçar Lee a largar algumas mãos marginais. Tem certo mérito!


Como você pode ver, eu prefiro o miniraise.


Depois de alguma deliberação, eu faço tudo 100K. Agora é a vez de Lee pensar. Surpreendentemente rápido, ele vai de all-in, colocando um total de 326.000 no centro. Como fico muito contente com a novidade, eu não hesito em pagar. Afinal de contas, estou segurando o terceiro nuts ou mais provavelmente “o nuts”, uma vez que Lee teria jogado um pouco mais devagar se ele estivesse com Q4 ou 44.


Agora há 716.000 no pote, então as próximas duas cartas são muito cruciais para o resultado do torneio. O atual campeão está de all-in e eu tenho menos de 50.000 restantes à minha frente. Quem quer que vença este pote estará no caminho para a mesa final e o outro sujeito estará indo em direção – ou mais ou menos na direção – da eliminação.


Hora do show:

Lee : K♣9♣

Eu: A♣Q♠

Porcentagem de vitória antes do turn:

Lee: 23,1%

Eu: 76,9%

Turn: Q♥


Nenhuma carta de paus, mas agora ele também tem um straight draw na gaveta. Sua porcentagem de vitória permanece a mesma.


River: 3 ♥


Legal. Eu ganho o pote de mais de 700.000.


Então, o que realmente aconteceu aqui? Como tivemos 700K no centro da mesa neste estágio do torneio? Vamos ver isso desde o início.


Lee abre raise de posição intermediária com K♣9♣ – uma jogada que tem a minha simpatia total. Meu call no blind com AQo definitivamente não é obrigatório e eu geralmente tendo para o reraise. Estando fora de posição, enfrentando um oponente difícil com um stack grande, eu optei por um call mais conservador.

Check no flop – jogada muito direta, já que Lee muito provavelmente tentaria levar o pote com quaisquer duas cartas.


Aposta de Lee no flop – uma jogada boa e sólida! Continuation bet é grande parte de uma estratégia vencedora de torneios e deveria ser efetivada uma grande porcentagem das vezes, especialmente desta vez quando ele realmente tem um flush draw para sustentá-la.


Meu miniraise – descrito anteriormente na mão.


O all-in de Lee – Ops. Eu não concordo com esta jogada.


Uma opção muito melhor seria apenas dar call e ver o que se desenvolveria. Lee está em posição, e tem o luxo de esperar meu próximo movimento. Se eu não tivesse nada, haveria uma chance muito boa de que eu desistisse, e ele seria capaz de levar o pote com uma aposta de tamanho médio no turn. Por outro lado, se eu tenho uma Dama, provavelmente daria all-in no turn e Lee seria capaz de sair da mão sem perder todo o seu dinheiro. Não se esqueça, se uma carta de paus viesse no turn, nós colocaríamos todo o dinheiro no centro, caso eu tivesse um draw.


Como você pode ver, Lee ganharia muitas informações apenas pagando. Não somente ele teria uma ideia melhor acerca da força da minha mão, mas ele também conseguiria ver se uma carta de paus surgiu ou não.


Além disso, contrariamente ao que as pessoas pensam, eu sou um jogador tight J, pelo menos em algumas situações. Muito raramente eu faço um check-raise contra um grande stack no flop com absolutamente nada. Eu estava em uma posição confortável, e não especialmente procurando por uma situação para dar um grande blefe. Analisando a mão várias vezes, concluí que minha mais provável mão inicial é uma Dama aleatória com o flush draw até Ás sendo o próximo da fila, contra nenhuma das quais o K♣9♣ se sairia bem.


Eu não estou completamente certo do por que Lee optou pelo all-in, mas eu tenho um forte pressentimento de que minha reputação desempenhou um grande papel na sua decisão.




TÍTULO: Gus Hansen – Todas as mãos reveladas (Gus Hansen – Every Hand Revealed)

AUTOR: Gus Hansen

NÚMERO DE PÁGINAS: 378

PREÇO: R$ 79,90 

DISPONÍVEL EM: www.raiseeditora.com




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