EDIÇÃO 100 » COLUNA NACIONAL

Pote de ouro no fim do arco-íris?


Fábio F1oba Maritan
A relação entre esforço e retorno financeiro é muito peculiar no poker profissional. Tratando-se principalmente de torneios, pelas próprias características da atividade, não é uma relação linear. O profissional, por seu preparo técnico, gestão de banca e muita perícia, alcança maturidade para trabalhar com renda variável e gerenciar expectativas pessoais e financeiras — contraste amplo com os trabalhos formais e seus salários.
 
Falar em relação não linear significa que o retorno financeiro pelo esforço é variável no tempo e em quantidade, confrontando por demais com expectativas em geral. No trabalho de formação e acompanhamento da carreira de potenciais profissionais, as expectativas variam bastante de jogador pra jogador, algo por vezes conflitante de ser administrado. A grande sacada é abstrair que, no prisma profissional, o verdadeiro retorno está mais associado à constância nos ganhos e evolução técnica do que premiações “fora da curva”. Está dizendo que o dinheiro não é importante? Calma! Obviamente que sim, mas tal abstração é o remédio tanto para aquele que arrumou uma premiação muito cedo, está se sentindo um super-herói e equivocadamente querendo abandonar seu emprego, tanto para aquele que vem há muito tempo tentando, não necessariamente pelos melhores meios, e está perto de desistir.
 
Um ponto interessante é o quanto muitos jogadores que buscam a profissionalização cometem o equívoco de se acharem preparados. É rotineiro ouvir discursos do tipo: “Estou fazendo tudo certo, estudo, coloco volume, mas o baralho judia de mim”. Espera aí! Muito petulante achar que está fazendo tudo certo e esperar que o poker tenha que recompensar naquele instante. Não espere. O poker não tem esta obrigação com você. Tem de abaixar a cabeça, esmiuçar os detalhes mais profundos do jogo e encontrar um nível ainda mais alto de foco e dedicação. Ao contrário do que muitos imaginam, jogar poker não é sobre ler um livro ou fazer um único curso e sair replicando. Poker é adaptação constante, é ser ciente que as vantagens de agora se dissolvem daqui a pouco, mas você nunca suspende a caça.
 
Alguns poucos jogadores alcançam a profissionalização por conta própria, enquanto há muitos outros que conseguem fundamentalmente através de passagens por times de poker. Longe de ser por acaso. Sucintamente, um time é um grupo de jogadores suportados técnica e financeiramente por outros profissionais de referência. Um acordo com delimitação temporal onde o jogador recebe banca e instrução constante e que, por outro lado, os investidores assumem o risco e recolhem parte de eventuais ganhos. Felizmente, devido à combinação entre experiência compartilhada pelos profissionais engajados no propósito de um time e muita gana por parte de um aspirante, muito de gerenciamento de expectativas pode ser aprendido. Isso sem falar nos demais aspectos, como a técnica e gestão de banca, por exemplo. Notícia boa para quem acredita em suas capacidades, certo? No mais, aos que almejam seguir carreira profissional, informem-se ao máximo sobre a qualidade da informação que recebem, procure profissionais de referência para estreitar caminhos e sucesso nas mesas. 
 
Até a próxima. Um abraço! 



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