Confie apenas nas suas cartas. Os jogadores que estão ao seu lado na mesa, são mais que seus adversários. Eles não se sentaram ali para tentar te vencer, e sim para te enganar, custe o que custar. Debaixo das roupas, entre os dedos e Deus sabe onde mais, eles escondem truques que só garantem uma coisa, a vitória. Em Shade - Nos Bastidores do Jogo, é preciso confiar para vencer, mas quem é confiável?
Shade – Nos Bastidores do Jogo foi escrito e dirigido pelo estreante Damian Nieman. Apaixonado por poker, o cineasta trouxe às telas do cinema um mundo diferente, ambientado em lugares nada profissionais. Nas mesas, jogadores que se preocupam em levar vantagem. O mundo apaixonante dos torneios, ou o universo eletrizante dos jogos onlines nem citados são. Aqui as partidas acontecem em quartos de hotéis, mansões abandonadas, porões de bares e outros esconderijos.
No melhor estilo gato e rato, o filme conta a história de três trambiqueiros que vivem de golpes nas mesas de poker. A bela Tiffany (Thandie Newton) fica responsável por arrumar as vítimas, Charlie Miller (Gabriel Byrne) elabora o plano, e o talentoso Vernon (Stuart Towsend) é quem coloca a mão na massa.
Após mexerem com a pessoa errada, o grupo corre perigo, porém antes de sumir de Los Angeles eles vão tentar um último golpe, e o alvo da vez é grandioso. O grupo vai tentar enganar quem nunca fui enganado, o maior golpista da região, Dean Stevens (Sylvester Stallone).
Ambientado nos dias de hoje, o filme apresenta um oeste americano muito mais similar com aquele visto no século XIX. Nas mesas de poker, a habilidade impera, porém ela é usada para trapacear, e não para o blefe, ou a vitória nas mãos. O que vale aqui é ser rápido com as mãos, e muito veloz no raciocínio. Independente da modalidade, a turma procura uma maneira de ludibriar os seus adversários.
O clima noir que toma conta do filme representa muito bem esse submundo que os personagens vivem. Entre mafiosos e bandidos, a regra é sempre andar na espreita. Nenhum deles assume sua identidade. São “modelos”, “dealers” e “jogadores”. Na ilegalidade, caminham entre as multidões, e quanto menos você espera, seu dinheiro está em outras mãos.
O elenco é recheado de estrelas do cinema, e claro, dentre esta constelação quem desperta maior atenção é o astro rei, Sylvester Stallone. O veterano ator, longe dos seus papeis peculiares, cumpre muito bem o seu dever, e agrega peso a trama e veracidade ao seu personagem. Já Jamie Foxx exagera no show. Em momento algum ele consegue convencer com a sua caricata interpretação do jogador Larry Jennings.
Quando a trama afunila, o filme apresenta as suas falhas e se esconde no confortável abismo dos clichês. O desenvolvimento dos personagens acaba, e em determinado momento atores aparecem e somem da trama sem que se explique o porquê.
É a correria para definir a história, e no final, o que se vê é um filme que termina sem chegar a lugar algum.
Apesar das falhas, Shade – Nos Bastidores do Jogo convence, e vai agradar você fã de poker.
Nota: 3/5
Ficha Técnica:
Diretor: Damien Nieman
Elenco: Stuart Townsend, Sylvester Stallone, Melanie Griffith, Jamie Foxx, Thandie Newton e Gabriel Byrne
Produção: Chris Hammond, Ted Hartley e David Schnepp
Roteiro: Damien Nieman
Duração: 91 min.
Ano: 2003
Especialista em esportes desconhecidos, encontrou no poker um porto seguro. Converse com ele cinco minutos, e ele vai citar umas cinquenta pessoas. Vinte delas não existem, dez você não conhece e o resto ele falou o nome errado.
