EDIÇÃO 97 » COLUNA NACIONAL

Bola na trave não altera o placar

Quando você fica perto de um grande resultado


Fabio "F1oba" Maritan
No poker profissional é rotineiro articular aquela bela jogada e ao chutar para o gol ver a bola explodir na trave. Sentir na pele o que é estar tão perto e tão longe de um resultado de forte impacto, capaz de verdadeiras revoluções na vida do jogador. Pois é, bola na trave não altera mesmo o placar e a trave pode trazer desde um mamão até uma pesada feijoada para o estômago digerir, dependendo do quão preparado aquele jogador está.

Primeiro de tudo, é fato que só bate na trave quem chuta a gol. Enquanto alguns estão decidindo partidas, outros nem mesmo são relacionados para tal. Nada mais próximo do gol do que a trave. Então, a primeira reflexão é entender que o acúmulo de traves é o indicador de bom caminho, faltando detalhes para a excelência. Detalhes que muitas vezes significam apenas persistir e se dedicar mais e mais.

A parte mais complicada, com certeza, é ter sangue de barata para a persistência que o poker exige. Não é fácil ver seu castelo de fichas tão arduamente construído desmoronar em segundos. Os momentos imediatos a qualquer eliminação são os mais doloridos, porém a resiliência do bom profissional logo o deixa apto para uma nova batalha. E assim todos os dias. Questionamentos acerca das decisões tomadas também são comuns. A complexidade do jogo em si, no que tange a infinidade de ações e variáveis utilizadas, faz com que cada eliminação traga uma nova página no livro de aprendizado. E é assim que deve ser. O que não adianta mesmo é o livro não poder ser consultado pois está sempre encharcado de lágrimas.



Outro ponto importante para digerir os efeitos de bater na trave é fugir de parâmetros que não agregam, focando a evolução apenas em si. Como assim? No poker, coexistem os mais diferentes tipos de jogadores — e isso se assemelha em partes com o ambiente futebolístico. Tem aqueles que fazem gols com boa frequência ao longo do ano, os que de estreia fizeram o gol mais importante da história do time, os que brilham na base, mas não despontam no profissional, dentre outros. O interessante é entender que tudo isso é perfeitamente normal em um cenário competitivo. O jogador mais preocupado em se comparar com os demais em detrimento do foco na própria evolução, independente de quanto tempo leve, cai numa destrutiva e desnecessária guerra de egos.

No mais, para se tornar o artilheiro do campeonato, o jogador tem de se cuidar e trabalhar em alto nível para não perder a titularidade. Deve também estar em sintonia com seus companheiros de equipe. No poker, apesar de se caracterizar como atividade individual, é evidente que o jogador precisa estar cercado e diariamente conectado com suas referências para não ficar para trás. Um profissional de referência pode ajudar muito neste sentido, estreitando os caminhos e compartilhando experiências. Sem mais traves por hoje, um forte abraço e sucesso nas mesas.



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