Uma das premissas básicas para discernirmos a melhor forma de embate na guerra psicológica que nós jogadores de poker enfrentamos no dia a dia é o autoconhecimento. Só teremos as armas necessárias para atacar, contra-atacar e sermos vitoriosos se soubermos o que representamos para o nosso adversário. Em outras palavras, por um momento, devemos deixar de olhar pelos nossos olhos e observar pelos dele. Saber como ele nos vê, para então agirmos usando as armas mais adequadas do nosso arsenal.
O General chinês, Sun Tzu, já dizia há mais de dois mil anos: “Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece, mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem seu inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas”.
Conhecer a si próprio é o primeiro passo fundamental para compreender como o outro se comportará. Quanto mais experiências você vivenciar, maior será o número de associações que poderá fazer e mais apto estará para identificar em qual nível o adversário se encontra.
Quando nos conhecemos bem, podemos usar até mesmo nossas fraquezas para reconhecer as do oponente. Por todos os percalços que já superamos, estaremos aptos a reconhecer se eles também representarão obstáculos para o vilão. Isso significa que temos uma vantagem, pois achamos um ponto fraco a ser explorado.
“Diante de uma larga frente de batalha, procure o ponto mais fraco e, ali, ataque com a sua maior força” (Sun Tzu).
Ter consciência das suas limitações e das do adversário evitará um dos fatores psicológicos mais determinantes do poker: o tilt. Esse tipo de conflito mental é um dos estados de confusão em que o jogador não sabe mais como reagir – isso porque ele acabou de perder completamente a linha de raciocínio, popularmente falando, o fio da meada.
Quem tem tudo sobre controle, se sente seguro para fazer quaisquer jogadas e sabe que, no longo prazo, sairá vencedor.
“Um general que perde facilmente o controle e se deixa levar pela cólera, será ludibriado pelo inimigo através de provocações e cairá em emboscadas sem perceber” (Sun Tzu).
Quando entramos na mesma frequência do oponente, sabemos exatamente o que aquela aposta – pequena, grande, rápida ou devagar – significa naquele bordo. Não há escapatória para ele. Porque entramos em sua cabeça. Sabemos como ele pensa. Assim, quando ele se adapta, fica fácil se readaptar, pois sua cabeça é um livro aberto.
“A habilidade de alcançar a vitória mudando e adaptando-se de acordo com o inimigo é chamada genialidade” (Sun Tzu).
Para sermos bem sucedido no poker, em especial nos cash games mais caros, é preciso alcançar um estágio elevado de consciência do jogo. Algo que nos permita pensar em vários níveis, nos colocando na pele do adversário e compreendendo que tipo de individuo nós somos na mesa.
E para entrar nessa frequência a disciplina é essencial, por exemplo, para controlarmos a gestão de banca e mantermos o foco nos estudos, sempre nos atualizando e sem nunca parar ou olhar para trás.
Por fim, é preciso ter sensibilidade e estar sempre atento aos padrões minuciosos do jogo – e isso tudo só é possível se estivermos em paz com os nossos pensamentos.
O sucesso só vem com trabalho duro, então, como disse o próprio tzu: “Se quisermos que a glória e o sucesso acompanhem nossas armas, jamais devemos perder de vista os seguintes fatores: a doutrina, o tempo, o espaço, o comando, a disciplina”.