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Torneio Milionário 2010 - US$ 2 Mi de Premiação no Conrad Punta del Este


Marcelo Souza

Você curte passar o fim de semana em um luxuoso hotel com vista para o mar, frequentar baladas sofisticadas e ainda ganhar uma nota nas mesas de poker? Foi o que pensei. Então, vai a dica: para você, o Torneio Milionário do Conrad Punta Del Este é parada obrigatória.

A cidade, aliás, bem poderia ser uma extensão do nosso território. Com seu povo simpático, belas praias e um portunhol afiado, um desavisado poderia achar que estava no litoral brasileiro.

O Conrad, construção mais imponente da Playa Brava, tem o melhor cassino da América Latina. Ponto. E foi naquele gigante azul que presenciei, entre os dias 9 e 11 de dezembro de 2010, o torneio com a maior premiação da história do continente: a etapa final do Conrad Poker Tour, que distribuiu nada menos do que 2 milhões de dólares em prêmios. Vale dizer que eles adicionaram US$ 300 mil à prize pool e, pasmem, não cobraram um centavo sequer de rake.

No total foram 503 inscritos, mas apenas 211 conseguiram chegar ao o dia final. Entre os sobreviventes, jogadores renomados como Thiago Decano, Marcelo Dabus e Caio Pimenta, que novamente disputava o Torneio Milionário como Jogador do Ano da CardPlayer Brasil.

Caio, a propósito, estava muito bem em fichas e parecia seguir rumo a mais um ITM. Ele só não contava com a chegada de Márcio “Kamikaze” à sua mesa, que colocaria um ponto final nessa história em duas mãos seguidas.

Com blinds em 1.600-3.200-150, Caio abriu raise de 8,5K do UTG com A T. Ele tinha 60 mil fichas. Um adversário pagou do meio da mesa e Kamikaze empurrou all-in de 20 mil fichas do small blind com 10 10. O mineiro deu all-in por cima, fazendo o outro adversário largar A Q. O bordo com Q-high rendeu um pote de 50 mil para Kamikaze. Mal tiveram tempo de se recuperar, os dois jogadores bateram de frente mais uma vez: A 8 de Kamikaze contra 10 5 de Pimenta (ver foto-análise na pág. X). Pior para o mineiro, que acabou eliminado.

O torneio seguiu em ritmo acelerado até o estouro da bolha. O brasileiro Natan Paiva empurrou all-in com 10 10 do meio da mesa e encontrou um adversário com Q Q. Bolha verde e amarela, mas muita vibração no salão. Todos estavam ITM. Dentre os sharks que se deram bem estavam “Mestre Felipe” e Norson Saho. Cada um embolsou 8 mil dólares.

Quatro horas de jogo depois, veio a definição da mesa final. A goiana Isabella Costa pagou um all-in com A K e viu o adversário uruguaio Pablo Melogno mostrar A 7. Um Sete no flop eliminou a brasileira. Isabella foi a mulher que chegou mais longe do torneio. Caso tivesse vencido a mão, ela entraria com o segundo maior stack na mesa final. “Espero que meu resultado sirva de incentivo a outras mulheres e também dê mais visibilidade ao poker feminino. E como jogou mal aquele uruguaio, hein?”, disse ela, bastante satisfeita com seu desempenho e com o prêmio de 25 mil dólares que faturou.

MESA FINAL
10º Lugar – João Fernandez, 67 anos (Brasil) – US$ 40.000
Com blinds em 15K-30K-1,5K, João Fernandez anunciou all-in de 108.000 do UTG+1 e mostrou A K contra K 7 de Pablo Melogno. Para tristeza do “Seu João” e de sua simpática esposa, Dulce, o bordo trouxe três cartas de espadas e deram um flush ao uruguaio.

9º Lugar – José Nader, 56 anos (Brasil) – US$ 45.000
José Nader empurrou all-in de 175 mil quando os blinds estavam em 17,5K-35K-2K. Ele foi pago por Félix Poltronieri. Nader apresentou J J e Félix, A Q. Com o bordo mostrando K 5 8 Q 6, foi o fim da linha para José Nader.

8º Adalfer Morales, 31 anos (Colômbia) – US$ 63.000
Adalfer Morales deu raise para 95.000. O uruguaio Pablo Melogno, no big blind, o colocou em all-in. Adalfer, que tinha cerca de 1,5 milhões restantes, pagou com 6 6. Com A J, Pablo eliminou o colombiano e ficou com quase metade das fichas em jogo quando o bordo trouxe K 8 9 8 K.

7º Félix Poltronieri, 38 anos (Brasil) – US$ 80.000
Com blinds 20K-40K-2K, Félix Poltronieri foi all-in de 200 mil fichas com J Q. Dario Perchik pagou do big blind com A 5. O bordo não trouxe nada que ajudasse o brasileiro, que acabou eliminado.

6º Gonzalo de Alzaga, 35 anos (Peru) – US$ 95.000
Depois que Dario Perchik aumentou para 130 mil, Gonzalo de Alzaga voltou all-in de 192 mil segurando K J. Dario tinha A Q e acabou acertando um ás no flop e outro no turn. Gonzalo caiu fora.

5º Fábio Colonese, 30 anos (Brasil) – US$ 112.000
Short-stacked, Fábio Colonese empurrou all-in de 150 mil fichas com K 6. Dario Perchik pagou do big blind com Q 7. O turn deu uma sequência para o argentino, eliminando o penúltimo brasileiro da mesa.

4º Pablo Melogno, 23 anos (Uruguai) – US$ 133.000
Com blinds em 40K-80K-4K, Pablo Melogno aumentou para 170 mil do UTG. Benjamim Troche deu call do big blind. Quando o flop trouxe K 4 2, Benjamin foi all-in. Pablo, com menos fichas, pagou com Q 6. O paraguaio acabou puxando o pote com Q 10 depois que bateu um 9 no turn e um 10 no river.

3º Benjamim Troche, 59 anos (Paraguai) – US$ 158.000
Com os blinds em 40K-80K-4K, Dario Perchik deu mini-raise do button e Benjamin voltou all-in de quase 2,5 milhões. Dario deu insta-call com A A. Benjamin tinha 8 8 e acabou sendo eliminado.

2º Rafael Cohen, 34 anos (Brasil) – US$ 220.000

1º Dario Perchik, 42 anos (Argentina) – US$ 711.000
Com quase 700 mil fichas contra 6 milhões do argentino, o brasileiro precisava de pelo menos duas dobradas para voltar ao jogo. A primeira aconteceu quando seu A K venceu o 4 5 do argentino. Mas na mão seguinte, Dario empurrou all-in com A 4 e foi pago por Rafael, que tinha K 8. Com o bordo mostrando Q 2 3 2 A, o par de ases do argentino lhe rendeu o título e uma belíssima premiação.

CRÔNICA DA MESA FINAL
Com cinco brasileiros na mesa final, a esperança da conquista do título era grande, mas o baralho nos maltratou. O primeiro a cair foi “Seu João”, de Santos. Ele, que em outros tempos dividia as mesas de Baccarat do Conrad com o ex-presidente João “Jango” Goulart, viu seu AK ser quebrado por um K7.
José Nader foi o próximo. Ele perdeu praticamente todo seu stack contra Benjamin Troche em um cooler (QQ x KK). Depois de um coin flip contra o gaúcho Félix Poltronieri, ele finalmente caiu.

Na sequência, o próprio Félix perdeu um pote de 1,5 milhões. Depois de tribetar Adalfer Morales duas vezes seguidas, o colombiano tiltou e pagou seu all-in com A 3. Félix tinha KK, mas um Ás bateu no flop e o deixou short-stacked.

Quando Fábio Colonese finalmente conseguiu se mexer na mesa, viu seu K6 perder para o Q7 de um adversário que acertou uma broca. Ficava nas mãos Rafael Cohen a missão de brigar pelo título.

Restando quatro jogadores, a perseguição do baralho deu um folga: Cohen empurrou all-in com K T e se viu dominado pelo A T de Benjamin. Um Rei no river o salvou de uma eliminação precoce.

Cohen ficou quieto e deixou os outros três jogadores se matarem. Pablo Melogno colocou a vitória no colo do argentino Dario quando perdeu um pote de 4,5 milhões ao acertar um top pair com kicker mais fraco.

Pouco depois, o paraguaio Benjamin empurrou um all-in gigante com um 88 “poderoso”. Ele só não contava com o AA de Dario, que agora tinha uma liderança maior do que nunca.

Com uma diferença de 10-para-1 em fichas, o heads-up foi uma batalha entre Davi e Golias. Mas desta vez foi sem surpresa: em pouco mais de cinco mãos a batalha estava terminada, com a vitória do maior stack.

FICHA TÉCNICA
Torneio Milionário do Conrad
Local: Conrad Resort & Casino, Punta del Este, Uruguai
Data: 9, 10 e 11 de dezembro de 2010
Buy-in: US$ 2.500
Rebuy: US$ 2.500
Jogadores: 503
Nº de rebuys: 175
ITM: até o 50º lugar
Prize Pool: US$ 2.000.000



ENTREVISTA COM RAFAEL COHEN
Rafael Cohen é advogado, tem 38 anos e mora em Porto Alegre. Ele aterrissou no Conrad junto com a sua turma de poker, a “Scuderia AK”. Com apoio de seus amigos – que fizeram o Conrad tremer durante toda mesa final – ele conseguiu uma das maiores premiações de um brasileiro no poker ao vivo.

CardPlayer Brasil: Rafael, conte-nos sobre sua história no poker.
Rafael Cohen: Eu jogo poker há quatro anos.  Comecei a disputar torneios maiores em 2010, joguei as últimas etapas do BSOP e me senti confortável para vir aqui e me arriscar em um torneio internacional. E está parecendo um sonho. Não caiu a ficha ainda.

CPB: Qual foi sua estratégia durante o torneio?
RC: O torneio tem uma estrutura bem rápida, mas optei por uma estratégia conservadora. Não me mexia, esperava as coisas acontecerem. Joguei na casa dos 10 BBs praticamente todo o torneio. E confesso que tive alguma sorte, já que o único all-in que perdi foi o do heads-up.

CPB: E como fica agora a “carreira” de jogador de poker?
RC: Com esse novo “bankrollzinho”, espero conseguir dar um up como jogador e possa crescer cada vez mais dentro deste esporte maravilhoso que é o poker.

CPB: Alguma consideração final?
RC: Gostaria de deixar um abraço para todos os meus amigos da “Scuderia AK Poker”: o apoio deles foi fundamental. Também quero agradecer aos meus amigos do “Blefe de Ouro” e aos meus pais e minha família, que torceram lá de Porto Alegre.




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