Imagine-se em um torneio que já esteja rolando há algum tempo. Você está bem em fichas e consciente do perfil de seus adversários. De repente, muda de mesa e precisa se adaptar ao novo cenário. Nesta coluna, vamos conversar sobre algumas situações referentes à tomada de decisões cruciais para seu futuro no torneio, considerando que você acabou de trocar de mesa.
Essa é a fase mais crítica. Uma decisão errada pode acabar com o seu torneio, assim como as boas decisões vão lhe deixar numa situação muito confortável – ou tirá-lo de uma desconfortável.
Isto aconteceu comigo no Dia 2 do LAPT Lima, no começo de Junho: início do dia, com blinds em 600/1200 e antes de 100. Tenho 65k no UTG+1 e subo para 2.700 com QQ. Um jogador que acaba de ser movido para esta mesa entra do cut-off e aplica um reraise de 8.900. A ação volta para mim e movo all-in. Ele, que tem 35k antes de começar a mão e ainda possui 26k para trás, para pra pensar e, depois de uns 10 segundos, dá call e abre AQs. Linda situação para mim, que tenho tudo para ultrapassar a casa dos 100k. Infelizmente perdi a mão depois de aparecer um ás no turn e outro no river. Mas essa não é a questão aqui. Vamos analisar a jogada do meu oponente.
Você entra numa mesa nova com uma quantidade excelente de fichas (35k), blinds em 600/1200 e antes de 100. Está diante de um aumento de um jogador desconhecido, tem posição e uma mão boa como AQs. Aqui, é preciso tomar muito cuidado. A melhor decisão com certeza seria dar call no raise pré-flop e jogar a mão pós-flop em posição, já que você não quer se envolver num grande pote com AQs e muito menos jogar valendo todas suas fichas antes do flop sem nenhuma informação.
Não estou dizendo que você não pode tribetar aqui. Pode sim. Mas, dependendo da ação do seu adversário, esta é uma situação que talvez se torne muito delicada para você. E foi o que aconteceu nesse exemplo que estamos estudando. Uma decisão errada nesse estágio do torneio custa muito caro, portanto, essa é a hora de ter mais cautela: deixe para agredir quando tiver uma noção melhor dos jogadores e seus perfis. Não proceder dessa maneira é um erro grande – enorme, eu diria – em torneios ao vivo.
Nesse caso, ao enfrentar uma 4-bet, seu AQs perde muito valor. Qualquer par que seu oponente possa ter configura uma situação ruim para você (que não é mais o agressor aqui). Porém, o que devemos analisar nesse caso é: Com que range de mãos meu oponente está dando 4-bet? É possível que ele esteja engatando um move, aproveitando-se do fato de que ter acabado de chegar à mesa?
Quanto à primeira pergunta, eu diria que, nessas circunstâncias, praticamente todas as mãos dele são melhores que AQ. A respeito do questionamento seguinte, acredito que seja possível sim que se trate de um move contra quem acabou de sentar à mesa, mas é bastante arriscado tentar ler este tipo de situação. Além disso, mesmo que você esteja correto, é muito difícil que um jogador de torneios aplique uma 4-bet com um ás fraco, como A6. Assim, é mais provável que ele faça esse move com mão que têm pelos menos 35% de chances de derrotar o seu AQ.
Analisando tudo isso, a decisão correta frente ao 4-bet é sempre o fold nessa situação. E a melhor decisão para a mão seria o call em posição para jogar pós-flop. Então, pessoal, tenham muito cuidado para não entrar em spots indefinidos e estejam sempre atentos para como decidem conduzir a mão. Isso é algo que depende exclusivamente de vocês. ♠