EDIÇÃO 25 » ESTRATÉGIAS E ANÁLISES

E mais uma WSOP se foi...


Thiago Decano

Pois é, a “Copa do Mundo do Poker” de 2009 consagrou Phil Ivey e Jeff Lisandro. O primeiro, levou dois braceletes e está entre os nove finalistas do evento principal, que ocorrerá em novembro. O segundo, ganhou “apenas” três braceletes, dominando completamente a arte da modalidade Stud. Entre os brasucas, os destaques foram Felipe Mojave, com a mesa final no evento #35 (PLO); Gualter Salles, 12º colocado no evento #24 (NL); e Diego Vilela, no evento #51 (NL). Parabéns!

Cada vez mais, estou convencido de que a WSOP é uma ótima oportunidade para se “fazer dinheiro”, mas também uma armadilha para seu bankroll. Novamente, observei que o field estava bem fraco, com exceção de alguns eventos. Entretanto, se você se empolgar, não se planejar e engatar em tudo, pode quebrar.

Considero minha participação este ano ruim quanto aos resultados, mas boa em relação ao meu jogo. Fiz apenas um “cash” entre cinco torneios que joguei, mas cheguei muito bem em outros dois. Pequei pelo excesso de agressividade na hora da bolha e acabei sendo eliminado antes do ITM (in the money). No Main Event, comecei bem minha participação, mas fui eliminado na última mão do segundo break, assim como no ano passado.

Antes da mão que me tirou do torneio, preciso contar uma mais “sick’ e mais irresponsável que eu poderia ter visto no Main Event. Com blinds 50-100, um jovem francês abre raise para $250 do meio da mesa, e um senhor dá call do big blind. O primeiro flop aberto na mesa traz K38. O BB dá um check-raise para $800 na aposta de $350 feita pelo francês. E este, não satisfeito, faz tudo $2400. O senhor pensa bastante, pega uma ficha de $5.000 na mão, mas só paga. O turn traz um 8. O big blind sai apostando $3.000 e o francês aumenta imediatamente para $8.500. O senhor chama a aposta e dá check quando o river traz um J. O jogador francês faz uma cara de quem não gostou e aposta $10.000. O senhor nem pensa muito e paga com incríveis dois pares: KJ. Todos na mesa se espantam ainda mais quando o francês abre A7 e leva um pote gigantesco com flush no river!

O francês estava disposto a levar o pote de qualquer maneira e, com certeza, não estava pensando que o senhor fosse colocar todas as fichas no pano na primeira mão do Main Event. Ledo engano. No river, fez uma aposta sem o menor valor (que geralmente só seria pago perdendo) e, por muita sorte, teve sim seu valor. Sick! Analisando friamente a mão, em teoria, ele só errou no river. Mas a verdade é que ele colocou todo seu torneio em risco num blefe que não passou, contra um oponente desconhecido.

Para minha infelicidade, fui eliminado justamente por esse maluco. (risos) Veja como foi: Abro raise para $550 com par de seis do cut-off, com blinds 100/200. O francês paga do small blind. O flop traz 965, e meu oponente sai apostando $1.900 num pote de aproximadamente $1.200. Achei muito estranha sua aposta e aumentei para $5.500. Ele pergunta quanto tenho de fichas, e eu respondo $25.000. O francês pensa trinta segundos e vai all-in. Agora é a minha vez de pensar por mais de cinco minutos para analisar seu range de mãos. Logicamente, o histórico observado na primeira mão citada acima influenciou na minha decisão, mas eu sabia que ele poderia ter 78s, 99 ou 55, e estar se aproveitando disso pelo metagame, para eu dar um call errado. Porém, ele jogou como se estivesse me expulsando da mão, e por isso era mais fácil ele ter um combo draw (flush draw e queda para gaveta, por exemplo) ou até ter feito slowplay com AA. Chamaram o relógio. Contra 99 eu estaria encrencado, contra 55, ganhando longe. Se ele abre 78, eu teria quase 40% de chances. E foi exatamente isso que aconteceu! O turn e river não me ajudaram, e GG pra mim. Numa primeira análise, achei que ele jogou muito bem a mão, e tenho visto alguns ótimos jogadores adotando esta linha bem agressiva com o nuts. Porém, num segundo momento, penso: “Se eu quase foldei esta trinca, foldaria tranquilamente TT+ e o meu oponente perderia uma ótima oportunidade de ganhar mais fichas”.

Enfim, fui eliminado precocemente, e decidi ir curtir os outros atrativos de Las Vegas e torcer pelos brasileiros. E, para felicidade geral da nação brasileira, novamente Alexandre Gomes fez história e cravou o WPT do Bellagio! Abocanhou uma premiação milionária num dos fields mais difíceis do circuito mundial! E posso dizer isso com conhecimento de causa, já que joguei esse torneio ano passado e acabei conquistando um 21º  lugar. Fizemos uma grande festa na mesa final e “calamos” a boca dos gringos. Parabéns demais, Alê!




NESTA EDIÇÃO



A CardPlayer Brasil™ é um produto da Raise Editora. © 2007-2024. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo deste site sem prévia autorização.

Lançada em Julho de 2007, a Card Player Brasil reúne o melhor conteúdo das edições Americana e Européia. Matérias exclusivas sobre o poker no Brasil e na América Latina, time de colunistas nacionais composto pelos jogadores mais renomados do Brasil. A revista é voltada para pessoas conectadas às mais modernas tendências mundiais de comportamento e consumo.


contato@cardplayer.com.br
31 3225-2123
LEIA TAMBÉM!×