Feriados prolongados de fim de semana tendem a criar os melhores jogos de poker em Vegas, pois turistas invadem a cidade. Minha mesa de limit hold’em de $30-$60 no feriado de Ação de Graças não foi exceção. Eu joguei no estilo “Velozes e Furiosos”, com muita cerveja e fichas voando!
Um jogador bastante agressivo abriu raise, o seguinte pagou e fui em frente com 7♥7♠. Foi um call fácil nessa mesa, pois muitos jogadores estavam vendo o flop e jogando suas mãos de maneira errada depois do flop. Ambos os fatores somaram valor significativo a meu par médio. Vários jogadores pagaram depois de mim, assim como os blinds. Sete pessoas viram o flop pagando duas bets.
O dealer foi magnífico, virando Q♥ Q♠ 7♣ no flop, me dando um full house. A mesa rodou em check até mim. Eu refleti sobre como jogar a mão, procurando obter o máximo de valor com ela.
Vários conceitos diferentes se aplicam a essa situação. Eu tentei pensar em todos eles e tirar um valor misto. Um conceito era fazer slowplay quando seus oponentes estão menos propensos a lhe derrotar com um draw. Como o único jogador que aumentou pré-flop, o UTG, pediu mesa, achei que havia poucas chances de qualquer pessoa ter um par maior do que setes. Se fosse esse o caso, dar uma carta grátis oferecia pouco perigo. A gama que meus oponentes possivelmente tinham era mais propensa a acertar mãos que ficassem em segundo lugar do que mãos que me derrotassem. Quanto maior for a chance de seus oponentes acertarem algo que lhe dê ação, mais valor tem seu slowplay. Ambos esses fatores sugeriram esse move, mas um conceito contraditório também veio a calhar. Meus oponentes pagariam de qualquer forma se eu apostasse? Eu achei que, com par virado no bordo, muitos deles automaticamente tentariam uma queda na última carta.
Decidi que pedir mesa era a melhor jogada e bati os dedos. O jogador depois de mim também deu check, e um loose-aggressive depois dele deu um tiro. Uma mulher tight em um dos blinds pagou e a mesa rodou em fold. Tentei vislumbrar como a mão seria jogada e refleti sobre a gama de meus oponentes. Achei provável que a mulher segurasse uma dama. Eu não tinha certeza do que o jogador agressivo tinha, pois a gama dele era mais ampla que a da Sra. Dama. Acreditei que, se apenas pagasse e o Sr. Loose-Aggressive não tivesse uma dama, ele pediria mesa no turn se eu fizesse o mesmo, e achei que a Sra. Dama pediria mesa no turn com uma dama para fazer um check-raise. Resolvi dar check-raise para diminuir o potencial de se pedir mesa no turn, o que seria pouquíssimo favorável para o valor de minha mão. O Sr. Loose-Aggressive instantaneamente reaumentou e a Sra. Dama pagou.
E agora? Era quase certo que eu tinha a melhor mão. Eu deveria pagar e tentar um check-raise no turn? Ou deveria quadruplicar a aposta? Qual seria a melhor opção? Como ele triplicou, achei que o Sr. Loose-Aggressive tinha uma dama e apostaria no turn se eu pedisse mesa. Eu podia então dar check-raise, pegando a Sra. Dama. Além disso, a Sra. Dama poderia fazer um check-raise ela mesma, depois do qual eu poderia triplicar a aposta do turn. Mas, se eu quadruplicasse, o Sr. Loose-Aggressive poderia quintuplicar e eu ainda poderia dar check-raise no turn. Refleti sobre a propensão de ele fazer isso. Ele não era o tipo de homem que se assusta facilmente. Senti que ele era um grande favorito para tentar mostrar força nessa situação, tendo em vista seu estilo e sua mão. Sentindo que essa era a jogada certa, aumentei mais uma vez!
Droga! Errado de novo! Ele apenas deu call, assim como a Sra. Dama. Os dois pagaram minhas apostas no turn e river e eu ganhei o pote. Ambos disseram que tinham damas. Eu poderia ter conseguido mais $60 apenas pagando e fazendo um check-raise no turn, presumindo que o Sr. Loose-Aggressive apostasse e a Sra. Dama pagasse — o que era bastante provável, como se viu.
Como se pôde ver, pareceu que eu cometi o erro. Mas se o Sr. Agressivo tivesse colocado cinco bets, eu teria ganhado $180 extras e com expectativa melhor nas apostas.
O poker é um jogo de informações incompletas e, às vezes, você calcula apenas as “melhores expectativas”. Mesmo que eu achasse que ele quintuplicaria o pote em 30% das vezes, teria sido correto reaumentar. O valor quando certo é muito maior que a perda quando errado. Mesmo quando eu estiver errado com mais frequência do que certo, essa ainda é a jogada mais indicada.
O jogo constantemente lhe dá escolhas em que a opção correta não está clara. É seu dever levar em conta o máximo possível de variáveis na hora da decisão, e agir de acordo com isso. No longo prazo, é menos importante que a situação ocorra de acordo com o que você achou que fosse acontecer do que você achar que cada problema foi refletido corretamente. Aplicar princípios de forma acertada em situações variadas lhe dá os maiores lucros ao longo do tempo.
Muitos jogadores não dão o devido valor à maximização de apostas e pedem mesa em valiosas oportunidades de apostar com muita frequência, parecendo felizes em apenas ter ganhado o pote. Mas o valor somado da expectativa dessas bets extras é um montante significativo no longo prazo. Maximize sua expectativa positiva quando tiver a melhor mão, e minimize a negativa quando tiver a pior. É, soa fácil, mas é preciso muito raciocínio para aplicar isso com precisão!
Às vezes seus oponentes cooperam e às vezes não. Na análise final, você deve executar a melhor jogada que pode ser feita no tempo disponível. E quando seus oponentes lhe desapontarem, em vez de flertar com a garçonete, gaste seu tempo entre as rodadas descobrindo por que a mão foi jogada daquela maneira e aplique essa informação na próxima situação. ♠
Roy Cooke tem jogado poker profissionalmente desde 1972, e tem sido colunista da Card Player desde 1992. Ele é também um bem sucedido corretor de imóveis/vendedor em Las Vejas. Seu colaborador de longa data, John Bond, é um jogador freelance em South Florida. Juntos, eles escreveram seis livros de poker que estão disponíveis em www.conjelco.com — o mais recente é uma coleção de jogadas de mãos: How to Play Like a Poker Pro.