A novela envolvendo as acusações de trapaça no cash game do cassino Hustler, em Los Angeles, ganhou um episódio bombástico após a revelação do envolvimento de mais uma pessoa.
Na semana passada, Garrett Adelstein acusou Robbi Jade Lew de trapaça em um pote de US$ 269 mil vencido por ela com J-High.
Surpreendentemente, a mão de Lew era a vencedora, e Adelstein, junto com muitos espectadores, não acreditaram no call realizado por ela. Foi uma leitura incrível, mas talvez incrível demais.
Após discutirem fora da mesa, Lew optou por devolver suas fichas a Adelstein. A decisão levantou ainda mais suspeitas, uma vez que não haveria motivos para ela fazer isso se tivesse agido de forma correta.
Adelstein seguiu defendendo que foi vítima de alguma trapaça, talvez até com sua oponente utilizando algum dispositivo eletrônico. Lew, por sua vez, se defendeu com explicações contraditórias. Ela até se comprometeu a passar por um detector de mentiras fornecido por Eric Persson, proprietário do Hustler.
A comunidade do poker ficou dividida em um primeiro momento. Enquanto uma minoria apoiava a decisão de Adelstein de aceitar o dinheiro, um grupo maior defendia que uma jogadora inexperiente foi intimidada até realizar o reembolso.
Quando todos pensavam que o assunto já havia rendido tudo que poderia, a direção do Hustler anunciou novos desdobramentos.
“Enquanto revisávamos o vídeo da mão do dia 29 de setembro entre Lew e Adelstein, nossos investigadores observaram um funcionário removendo fichas do stack de Lew após o término da transmissão, quando ela já estava fora da mesa. Mais tarde, ao ser questionado, Bryan Sagbigsal admitiu que pegou US$ 15.000 em fichas”.
Segundo o Hustler, Sagbigsal foi demitido imediatamente e um boletim de ocorrência no Departamento de Polícia do Condado de Gardena foi emitido.
Como se a história não pudesse ficar mais louca, Lew optou por não prestar queixa, citando, entre outras coisas, a ficha limpa de Sagbigsal.
Ao jornalista Chad Holloway, do portal PokerNews, ela disse que ao saber que se tratava de um jovem com poucos recursos.
“A acusação era desnecessária e ainda prejudicaria a vida de alguém que já seria impactado negativamente pela notícia de seu delito e a rescisão de seu contrato de trabalho”, explicou.
Lew também declarou que Sagbigsal já havia gastado os US$ 15.000, portanto, “avançar com uma acusação criminal faria ainda menos sentido”.
A decisão de Lew foi recebida com muita estranheza até entre os seus defensores, que não conseguiam entender o porquê de não se prestar queixa contra alguém que havia roubado seu dinheiro.
Ainda ao PokerNews, Lew afirmou que não se lembrava de ter encontrado Sagbigsal alguma vez. Entretanto, logo foi descoberto que os dois se seguiam nas redes sociais.
Sagbigsal, então, deletou seu perfil no Twitter, mas não antes de encontrarem várias de suas mensagens. Segundo o jovem de 24 anos, ele era o funcionário mais antigo da equipe da transmissão. Depois de começar como operador de som, Sagbigsal fez todas as outras funções.
Na semana passada, assim que a mão começou a repercutir, Sagbigsal tuitou que “integridade do jogo no Hustler é a mais segura da indústria” e que “havia zero por cento de chance de que a produção estivesse envolvida”.
As alegações de Lew sobre os antecedentes criminais de Sagbigsal logo foram desmentidas pelos “detetives virtuais”. A ficha criminal do ex-funcionário do Hustler é longa, sendo que ele já até fugiu da prisão. Após a sua demissão, o cassino reembolsou Lew com os US$ 15 mil roubados.
A equipe da revista Card Player entrou em contato com o Hustler para descobrir por que o histórico criminal de Sagbigsal não apareceu em nenhuma verificação de antecedentes e se a produção pretendia prestar queixas contra o seu ex-funcionário, porém nenhuma resposta foi enviada.
