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OPINIÃO: Valorizem os seus, Yuri e Renan não merecem nada além de aplausos e reconhecimento - Parte 1

por Marcelo Souza


 

05/07/2022 15:57
OPINIÃO: Valorizem os seus, Yuri e Renan não merecem nada além de aplausos e reconhecimento - Parte 1/CardPlayer.com.br


Uma frase solta muitas vezes diz muito menos do que ela realmente deveria dizer. Aqui, faço um “mea-culpa”. Muitas vezes, em busca da melhor chamada, nós, jornalistas, acabamos retirando sentenças de contexto, mas aí também peço para você, leitor, fazer  o seu “mea-culpa”. A maioria tem o péssimo hábito de ler apenas o título e não se dá ao trabalho de abrir matéria.


Recentemente, houve uma tempestade em copo d'água por causa de frases de dois dos principais jogadores do Brasil, um deles, o maior da nossa história.


Yuri Martins


Após o término do heads-up contra Dan Cates, Yuri criticou o comportamento do -norteamericano. “Eu, sinceramente, acho ridículo. O cara tem quase 40 anos e se comporta como alguém que tem 12”.


Primeiro ponto, aqui talvez eu tenha cometido o erro de não detalhar todo o comportamento de Cates durante a mesa final. Yuri é um cara sério, disciplinado e, como ele disse em nossa entrevista de capa há alguns meses, um cara “zero talento e 100% trabalho duro”. O sucesso de Yuri não é por ele ser mais inteligente que você ou eu, é por ele saber focar no que realmente importa. No topo de qualquer atividade, caras como ele são a regra; caras como Cates são exceção. Yuri batalhou (e segue batalhando) mais de 12 anos para chegar onde chegou. Cates é um gênio, que teve sucesso meteórico por causa da sua capacidade ímpar de assimilar todos os aspectos do jogo, mas também se envolveu em diversas polêmicas de ghost, multi accounting e collusion. A verdade é que a era do talento se foi. Hoje, a alta performance exige muito mais do que ter nascido com um dom. Caras como Stu Ungar, Caio Pimenta e Viktor Blom estão entre os maiores gênios que o poker já teve, mas por diversos motivos, não chegaram ao patamar que Yuri se encontra hoje — ou chegaram e não conseguiram se manter por lá. 


O próprio Yuri me falou que ele nem olha para a esposa, quando ela está no rail, para não perder a concentração. Ele cria uma bolha própria, em que qualquer vibração externa pode afetar o equilíbrio. Ouso dizer, que observando a mesa final, a inflamada torcida brasileira pode ter atrapalhado o paranaense algumas vezes. E o que dizer de Cates? Você sabia que ele se atrasou para voltar à mesa em TODOS os intervalos? Você sabia que o Yuri ficou 10 minutos esperando no último break antes do fim do heads-up? Você sabia que ele ficava misturando as fichas para que o brasileiro tivesse dificuldade em conseguir contá-las? Você sabia que ele deixava de colocar o ante toda hora e ficava atirando as fichas de qualquer maneira para fazer calls e raises? Para quem valoriza a disciplina, aceitar a indisciplina não é fácil.


Agora pense comigo, você, que sempre critica o jeitinho brasileiro, a malandragem para levar vantagem… Hoje, temos um cara que é 100% correto com sua metodologia de trabalho, que leva o poker com a seriedade que pouquíssimos jogadores levam, e aí quando ele contesta um comportamento que nós todos nós já criticamos em algum momento, seja no futebol, no esporte em geral ou na vida, você vai falar que é “choro de perdedor”, que é “mi, mi, mi”? Sim, talvez o poker precise de mais alegria e leveza, mas um jogo que historicamente ficou conhecido como um “ jogo de hustlers”, já não teve sua dose de trapaceiros e malandros? O poker é um esporte mental, em que o raciocínio é a principal arma, usar de subterfúgios que atrapalhem o bom andamento do jogo para alcançar a vitória não deveria ser aceitável.


Lembrem-se, Yuri não precisa de “mi, mi, mi”, apenas no ano passado ele ganhou mais dinheiro do que a maioria esmagadora de nós ganharíamos em 10 reencarnações. Ele vem conquistando coisas no poker que o colocam como o maior nome da história do nosso esporte. Quando Yuri fala, antes pegar o celular e escrever a  primeira coisa que vem à mente, primeiro devemos ouvir, analisar e procurar entender o porquê daqueles palavras. Em suas devidas proporções, Yuris, Cristianos, Jordans e De Niros têm pelo menos um ponto em comum, e não é o “mi, mi, mi”. O dia que você perceber isso, talvez enxergue o quanto você ainda está aquém do que pode atingir. Se o modelo “nerd guy” de ser fosse simples, a base da pirâmide seria invertida.



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