GERAL

Homem vs. Máquina: Computador testa jogadores


 

25/07/2007 00:00

Phil Laak e Ali Eslami estão representando a raça humana na Associção pelo Avanço da Inteligência Artificial (em inglês Association for the Advancement of Artificial Inteligence – AAAI) e estão se saindo bem. Eles se encontram no meio de uma partida de dois dias com um programa de computador chamado Polaris, que foi desenvolvido por um grupo de estudantes e professores da Universidade de Alberta, interessados em resolver o “problema” do poker heads-up limit.

Depois de jogar duas vezes ontem, Laak acredita que os cientistas estão muito perto da solução.

“O Polaris é fenomenal. Eles passaram todo o tempo (maluco) deles aperfeiçoando-o”, disse Laak. “Aquela coisa simplesmente nos superou.”

Laak e Eslami não foram a Vancouver só para ajudar os grandes cérebros canadenses. Como a maioria das competições científicas, há dinheiro em jogo. A seguir uma explicação de como a competição está funcionando:

Os convidados jogarão um total de quatro sessões de 500-hand de limit hold’em de $10-20 em dois dias. Se os humanos ganharem 25 ou mais pequenas apostas do Polaris em cada sessão, eles dividirão $5.000. Se nem o computador nem os humanos conseguirem um lucro de 25 pequenas apostas, a sessão é considerada empatada e os humanos dividem $2.500. Se os humanos levarem todas as quatro sessões, eles dividem $50.000. Se o Polaris conseguir 25 ou mais pequenas apostas, os humanos não levam nada.

A primeira sessão terminou com Eslami e Laak chiando um lucro de sete pequenas apostas (Eslami abocanhou $395, mas Laak perdeu $465) pelo empate. O Polaris venceu a segunda sessão de ontem. Laak levou bem mais nessa sessão, saindo com $1.560 a mais, mas Eslami terminou com $2.515 a menos. Laak disse que conseguiu ótimas cartas, porém, eram as mesmas cartas que o Polaris, jogando com Eslami, havia conseguido.

Ambos jogam simultaneamente – um em frente a uma platéia e um em uma sala privativa – uma espécie de poker duplicado. Isso significa que as cartas que aparecem na primeira partida, com o humano, são as mesmas que aparecem na segunda, com o computador, e vice-versa. De acordo com a equipe de pesquisadores, isso reduz significativamente que o fator sorte determine quem é o melhor jogador.

Até agora tem sido Polaris. Diferente do computador que Laak enfrentou dois anos atrás como representante humano no World Poker Robot Championship, o Polaris foi desenhado para zombar e tramar como um jogador de verdade, ajustando estilos de jogo e reconhecendo fraquezas. Mas o Polaris também joga como muitos profissionais – tenta jogar um poker mais básico e sólido e espera até que seu oponente cometa um erro.

A Universidade de Alberta tem um dos maiores departamentos dedicados à inteligência artificial do mundo. A instituição e os estudantes dedicam muitas horas para desenvolver programas que possam bater os humanos em jogos.

A escola recebeu uma chuva de publicidade essa semana quando anunciou que tinha “resolvido” o jogo de damas. Basicamente, os pesquisadores criaram um programa de computador, chamado Chinook, que nunca perde no referido jogo. O melhor que um jogador pode fazer contra ele é conseguir um empate.

Mas damas, assim como xadrez, é diferente de poker em uma coisa básica. Em ambos, toda a informação necessária para vencer está bem em frente ao jogador. As posições das peças não estão escondidas, nem os lugares para onde elas possam ser movidas. Muitos jogadores espertos podem olhar para o tabuleiro e saber exatamente como reagir ao outro jogador para conseguir ganhar.

Na verdade, Schaeffer disse que os cientistas sabiam a solução para o xadrez desde os anos 60, mas a tecnologia não estava pronta para lidar com o número de cálculos necessários para ganhar de um grande mestre como Gary Kasparov, que perdeu para o IBM Deep Blue em 1997. Os cientistas deveriam esperar até que os computadores tivessem energia o suficiente.

Com o poker é diferente. Os jogadores tomam decisões ao analisarem somente a informação que está disponível a eles. Há toda uma adivinhação no poker e isso torna o problema do pokerbot muito mais complexo que em outros jogos.

Como tantas decisões na vida, não há uma fórmula para ganhar no poker. Desde 1991, quando os pesquisadores da Universidade de Alberta começaram a tentar desvendar o jogo, dúzias e dúzias de diferentes máquinas de jogar poker foram construídas e testadas. Schaeffer diz que todos os programas têm forças e fraquezas diferentes e enfrentam de forma diferente os diversos tipos de jogadores. O desafio está em construir um programa que possa reconhecer quais ajustes fazer para conseguir ganhar de qualquer um.

Uma das peculiaridades do ser humano é que nós somos capazes de ajustar nosso pensamento muito facilmente, se compararmos a um programa de computador. Mudar a forma como um computador “pensa” é muito mais difícil. Computadores não são tão flexíveis quando se trata de “pensamento”.

Isso preocupa Schaeffer, especialmente com jogadores como Laak e Eslami, que são muito espertos, curiosos e competitivos, e que querem muito ganhar da máquina. Eles querem saber como o programa funciona, descobrir suas fraquezas e aprender como explorá-las. Também têm lido notícias escritas pelo grupo de pesquisadores e trocado emails para discutir teorias. Os humanos entendem seu papel de cobaias no grupo e amam isso.

Laak disse que adora andar no meio de pessoas mais espertas que ele, e Schaffer agradece a ajuda.

“Esses caras são excelentes. Eles são amigáveis, extrovertidos, curiosos. Pensávamos que eles seriam muito ameaçadores para nós, porque realmente entendem a matemática do jogo”, disse Schaeffer. “É muito impressionante. Estou chocado com a profundidade de seus pensamentos.”

Schaeffer disse que era fácil ouvir os jogadores falando sobre as partidas do dia, que eles tinham passado muito tempo pensando em como superariam a máquina. Mas na noite passada, Laak disse que não acha ser possível vencê-la, independente do calibre do jogador que a enfrente.

“Vamos colocar desta forma: o robô é tão bom que eu apostaria nele contra qualquer ser humano”, disse Laak.

Ele acredita que os melhores jogadores sempre jogam por um empate porque é isso que o computador é programado para fazer. Jogadores com menos habilidades cometerão erros e isso se transformará em vitórias para o Polaris.

Dito isso, Laak acredita ainda que a equipe da Universidade de Alberta só “resolveu” 10 por cento do problema. Os outros 90 por cento virão nos próximos anos, quando os pesquisadores descobrirem todos os detalhes que o Polaris precisa saber para vencer sempre; os mesmos detalhes que muitos jogadores de poker ainda estão tentando descobrir também.

Schaeffer concorda com isso. E não importa o que aconteça durante as duas últimas sessões hoje, ele acredita que essa forma específica de poker – e o heads-up limit é tão específico quanto possa parecer – será resolvida. Essa exibição é um importante passo para a equipe.

Apesar de os dados obtidos dessa experiência serem comparados a um grão de sal, já que há muitos fatores incontroláveis, Schaeffer está satisfeito ao ir para o segundo dia de partidas.

“Cara, baseado no que aconteceu ontem, está muito, muito bom.”

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