Conversamos com dirigentes de federações da WPF, de diferentes continentes e em estágios variados de desenvolvimento do poker, para entender como está sendo a colaboração com a Federação Mundial, as expectativas de futuro e o impacto da recente aprovação do poker como esporte mental pela IMSA. As perspectivas revelam como o reconhecimento internacional está moldando o crescimento do poker em suas regiões.
Aproveitando o contexto da criação do Comitê Feminino da WPF, também falamos sobre as iniciativas para promover a inclusão feminina no poker em seus países, explorando como as federações têm incentivado a participação das mulheres em torneios e competições.
Taiwan: liderança na criação da Confederação Asiática de Poker
Em Taiwan, o poker está crescendo rapidamente, tanto em termos de popularidade quanto de estrutura organizacional. Mas o que realmente posiciona Taiwan como um líder no cenário asiático é a criação da Confederação Asiática de Poker, um marco liderado
por David Tai, presidente da Asian Poker Sports Association. “Estou profundamente honrado por ter sido eleito presidente da Confederação Asiática em um momento tão crucial para o poker na região”, afirma Tai, destacando a importância da unificação dos países asiáticos em torno do esporte.
David Tai, presidente da Federação da Tailândia / Raymond Wong, uma das forças da Federação da Tailândia
A confederação foi concebida para promover a comunicação com governos e fomentar o reconhecimento do poker como esporte mental em toda a Ásia. “Esperamos ajudar outros países e regiões, compartilhando nossa experiência em diálogos com governos e as batalhas legais que enfrentamos”, diz Tai, referindo-se ao processo que levou à legalização dos torneios de poker em Taiwan.
Para ele, a aprovação do poker pela IMSA é um suporte fundamental para validar o esporte como uma atividade estratégica e de inteligência, e a Confederação Asiática servirá como uma ferramenta poderosa para que o poker seja reconhecido como um esporte mental em toda a região.
Outro ponto forte de Taiwan é a inclusão feminina. O país tem se empenhado em criar um ambiente mais receptivo para as jogadoras, organizando eventos voltados para mulheres e adaptando as instalações dos torneios para garantir que se sintam confortáveis. “A participação de mulheres em nossos torneios tem crescido. Criamos um ambiente mais acolhedor para elas, com torneios específicos e infraestrutura adequada.”
“Esperamos ajudar outros países e regiões, compartilhando nossa experiência em diálogos com governos e as batalhas legais que enfrentamos”
Na Colômbia, o poker está em pleno processo de evolução. Johann David Ibáñez, presidente da Federação Colombiana de Poker, explica como o esporte passou de uma prática informal para uma disciplina que pode gerar oportunidades econômicas e profissionais para os jogadores. “O reconhecimento esportivo do poker trará ao país novos espaços de sustentabilidade econômica”, afirma Ibáñez, que vê no apoio da WPF uma chance de expansão de forma sustentável e responsável.
O trabalho da federação tem sido focado em criar condições para que os jogadores colombianos se profissionalizem, construindo uma base sólida que garanta oportunidades justas e transparentes. “Estamos trabalhando para criar uma plataforma que promova o desenvolvimento de jogadores profissionais e eventos justos”, diz Ibáñez, destacando como a federação busca organizar competições que incentivem o crescimento do esporte de maneira ética.
A percepção do poker como esporte mental também traz novas perspectivas para a sociedade colombiana. “A Colômbia é berço de grandes jogadores que fazem do poker sua profissão. Com o reconhecimento esportivo, esses jogadores terão mais oportunidades e poderão destacar o país no cenário internacional”, comenta Ibáñez.
Ele também destaca o papel das mulheres no crescimento do poker na América Latina, citando figuras como Gloria Molina e Lauriê Tournier como exemplos de jogadoras que têm aberto espaço no cenário latino-americano. “A participação das mulheres tem aumentado e queremos criar espaços seguros e respeitosos para que elas possam competir.”
“O reconhecimento esportivo do poker trará ao país novos espaços de sustentabilidade econômica”
Johann David Ibáñez, presidente da Federação da Colômbia, em ação na WSOP.
Austrália: reeducação do governo sobre poker como esporte mental
Somos grandes defensores das mulheres no poker e organizamos torneios femininos durante nossos eventos para promover um ambiente mais inclusivo.
Na Austrália, o poker está em constante desenvolvimento, mas enfrenta grandes desafios regulatórios, especialmente no que diz respeito ao poker online. A Federação Australiana de Poker tem trabalhado diretamente com o governo, buscando educar as autoridades sobre o esporte mental e seu potencial. “Estamos trabalhando intensamente com reguladores e ministros de esportes para educá-los e reeducá-los, defendendo que o poker é um esporte de mentes”, explica o representante da federação.
A aprovação do poker pela IMSA tem sido uma peça-chave para fortalecer os argumentos da federação junto às autoridades australianas. O reconhecimento internacional reforça a legitimidade do esporte e ajuda a estabelecer um diálogo mais positivo com os reguladores locais. “Com o reconhecimento pela IMSA, estamos em uma posição mais forte para demonstrar que o poker exige habilidades mentais avançadas e deve ser tratado como tal.”
Além disso, a inclusão feminina no poker é um ponto de destaque na Austrália. A federação organiza torneios dedicados a mulheres, criando um ambiente seguro e inclusivo. “Somos grandes defensores das mulheres no poker e organizamos torneios femininos durante nossos eventos para promover um ambiente mais inclusivo.”
Com o apoio da WPF, a federação australiana tem avançado em suas negociações com o governo, buscando flexibilizar as restrições e promover o poker como um esporte mental legítimo, focado em estratégia e habilidades intelectuais.
Tony Hachem, presidente da Federação da Austrália. Joe Hachem, irmão de Tony e campeão da WSOP
França: crescimento e expectativas com o apoio da WPF
A Federação Francesa de Poker Associativo (FFPA) representa quase 200 clubes de poker em todo o país, e agora, com a adesão à WPF, as expectativas para o futuro do esporte são altas. “O trabalho contínuo da WPF com a IMSA, que é amplamente reconhecida na França, parece-nos ser um grande trunfo para elevar o poker”, afirma Gabriel Fischer, presidente da FFPA.
Com a volta dos torneios ao vivo em 2021, a França tem visto um aumento expressivo na participação de jogadores, especialmente em clubes e cassinos. “Desde o retorno dos eventos ao vivo, vimos um aumento significativo na atividade de poker na França, especialmente no setor associativo e através da organização de torneios em cassinos e clubes parisienses”, destaca Fischer, mostrando o impacto positivo da retomada.
Embora a participação das mulheres no poker ainda seja limitada na França, iniciativas importantes estão sendo realizadas para mudar esse cenário. “Apenas 13% dos nossos 6.000 membros na última temporada eram mulheres, mas é essencial continuar promovendo iniciativas que incentivem e apoiem a participação feminina no poker”, lembra Fischer.
“O trabalho contínuo da WPF com a IMSA, que é amplamente reconhecida na França, parece-nos ser um grande trunfo para elevar o poker”
Além de seus esforços nacionais, Fischer vê na parceria com a WPF uma oportunidade única de fortalecer o poker na França e na Europa. “Participar do projeto da WPF oferece uma grande oportunidade para encontros significativos, reflexão e compartilhamento em escala global”, reforçando que essa colaboração vai além das competições, ajudando a construir uma comunidade unida por valores comuns e pela paixão pelo poker.
Membros da Federação Francesa de Poker.
Evento da Federação Francesa de Poker.
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