Terminou agora há pouco o principal torneio de domingo do PPPoker, o R$ 2 milhões Supremo. Com apenas 21 anos, o grande campeão foi o jogador “gulosaob”, que saiu com R$ 325.000. A Card Player Brasil conversou com ele logo após o título e por morar em uma cidade muito pequena em que todos se conhecem, ele pediu para não ter a sua identidade revelada.
Profissional há dois anos, “gulosaob” aprendeu a jogar ainda no colégio, aos 15 anos. Ao completar 18, preferiu não fazer faculdade e se dedicar totalmente ao poker. Sem demonstrar o menor cansaço na voz após jogar por incríveis 13 horas seguidas, ele respondeu algumas perguntas da Card Player. Confiram:
Card Player: Esse foi o maior prêmio da sua carreira. Qual o destino do prêmio?
“gulosaob”: Esse prêmio, vai servir como alavanca para a minha carreira. Vou poder comprar softwares, investir em coachings individuais e montar um novo setup para jogar. Claro, que também vou usar um pouco em investimentos e lazer, mas nada fora do normal.
CP: Falando em coachings, com quem você gostaria de ter esse tipo de aprendizado?
GU: Quando eu comecei a jogar poker, minhas inspirações eram bem diferentes. Eu gostava de jogadores novos e que passavam uma sagacidade diferente, como “Isildur1” e o Tom Dwan. Hoje em dia, eu tenho referências no Brasil e isso responde à pergunta sobre coaching. Se eu fosse jogar cash games, o “Zinhão” e o Saulo, do Brazilian Poker Crew são incomparáveis, mas na parte de torneios, que é onde estou hoje, eu gostaria de ter acesso ao pessoal do Ninetales, que são os caras que são referência no Brasil e no mundo, o Yuri (theNERDguy), “Pabritz”, “Cassiopak”, “Great Dant”...
CP: Você acabou de cravar o torneio? A ficha já caiu?
GU: A adrenalina está nas alturas. Acho que está caindo ainda. Tem meia hora que o torneio terminou e eu ainda não consegui me sentar. Durante o torneio, eu estava bem calmo, mas agora... Nem sei quando vou conseguir dormir, acho que só quando me esgotar completamente.
CP: Mesmo profissionais, sentem a pressão do dinheiro quando as premiações são muito altas. Isso aconteceu com você?
GU: Essa foi a maior premiação da minha carreira, mas em nenhum momento me senti pressionado pelo dinheiro. Óbvio que respeito o ICM quando estou mais short, mas por ter um backer que confia muito em mim e no meu jogo, eu sei que poderia tomar as decisões que eu achasse melhor.
CP: Em que momento você pensou: “cara, eu posso cravar isso”?
GU: Pelo menos para a parte psicológica, foram duas mãos decisivas. Com 70-80 jogadores restando, eu dei dois hero-calls que me deixaram com muitas fichas e foram praticamente em sequência. Claro que eu não sou a favor de ficar “herollando”, buscando o hero-call, mas eu acredito que devemos sempre procurar motivos para querer jogar e não motivos para poder foldar. Essas duas mãos não me garantiram o torneio, mas me deixaram muito confiante que eu tinha uma boa leitura do field e mentalmente tranquilo.
CP: Na reta final, quando acerta aquele river, passa aquele blefe ou acerta um hero call, dá pra dar aquela extravasada? Acordar o pessoal que mora casa, os vizinhos?
GU: Eu moro com um amigo que joga também. Nós acabamos sempre “puxando” um ao outro, academia, estudos, rotina. Então, ele estava mais empolgado que eu, gritando na sala enquanto eu jogava (risos). Provavelmente, acordamos algum vizinho.
CP: Esse espaço final é seu.
GU: Eu queria agradecer o espaço e o carinho da Card Player. Estou muito feliz pelo resultado e agora é seguira trabalhando com pés no chão para que esse seja apenas o primeiro de muitos prêmios assim.
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