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Estratégia – Phil Galfond


 

28/07/2009 00:00
Estratégia – Phil Galfond/CardPlayer.com.br


Phil Galfond se tornou um dos jogadores de cash games mais respeitados do mundo em sua curta carreira. Aos 24 anos, Galfond já ganhou milhões jogando cash games high stakes online, com o nickname de “OMGClayAiken”. Galfond pode ser encontrado jogando no Full Tilt, nas mesas de pot-limit hold’em e pot-limit Omaha de $500-$1.000.
A seguir, ele discute uma mão que jogou online em uma dessas sessões.


Jogo: No-limit hold’em
Blinds: $500-$1.000
Participantes:
OMGClayAiken (Phil Galfond) - $353.437,50 – Big Blind
ahtata - $365.333,50 – Button
Patrik Antonius - $200.500 – Small Blind


Review da Mão
Ação Pré-Flop: ahtata deu raise do button para $3.500, e Patrik Antonius pagou. Phil Galfond deu reraise para $15.400 com AJ. ahtata foldou, e Antonius pagou. O pote era de $34.000.
Kristy Arnett: Por que você decidiu dar raise pré-flop com essa mão?
Phil Galfond: Bem, é difícil jogar mãos fora de posição quando seu stack está tão deep, principalmente uma mão como A-J offsuit. Temos três jogadores no pote, todos jogando bem loose, então acho que há muito valor; primeiro de tudo, na chance de que eu posso levar o dinheiro que já está no pote. Alguns jogadores não consideram isso muito quando têm uma mão forte como A-J, mas não há nada errado em levar o pote aqui.
KA: Em que mão você coloca Patrik nesse ponto?
PG: Quando ele me paga fora de posição, acho que seu range é bem tight. Ele está dando fold em muitas mãos, como T-7 ou A-T off. Acho que ele folda A-J, Q-J e K-J offsuit, mas ele fez vários pares nesse range, ou mesmo uma mão como A-J suited ou A-Q com as quais ele decidiu não dar raise.


Ação no Flop: O flop bateu T53. Antonius pediu mesa, e Galfond apostou $22.400. Antonius pagou. O pote era de $79.100.
KA: Como você decidiu dar ou não continuation-bet, ou pedir mesa aqui?
PG: Essa é uma dessas situações em que, quando você dá continuation-bet, você não faz com que mãos mais fortes dêem fold, e poucas mãos mais fracas dão call, mas o maior problema em pedir mesa aqui é que, contra um bom jogador como Patrik, é como se você estivesse mostrando sua mão. Dar tanta informação a ele em duas streets em um pote grande como este é perigoso. Eu geralmente opto por fazer uma continuation-bet com muitas das minhas mãos mais fracas e fortes, e boa parte das médias também, como ace-high, só para que ele não consiga me colocar em uma mão tão facilmente. Também seria difícil para ele dar check-raise nesse flop, já que estamos tão deep. Se tivéssemos 100 big blinds, ele poderia dar check-raise com T-9 e ir all-in, mas isso é desnecessário com os stacks que temos. Não espero que ele dê check-raise com frequência, então, muitas vezes, serei capaz de pedir mesa no turn se quiser, ou apostar nas cartas do turn que melhorem minha mão. Acho que uma aposta aqui é bem melhor do que mostrar minhas cartas com um check.


Ação no Turn: O turn foi um T. O bordo era: T53T. Antonius pediu mesa, e Galfond apostou $48.400. Antonius pagou. O pote era de $175.900.
KA: Que tipo de mão você está tentando representar apostando novamente no turn depois que ele pede mesa? Um dez?
PG: Com o tamanho das minhas apostas, um dez certamente faz parte do meu range, mas eu também posso ter reis, damas ou ases. No entanto, se eu apostasse mais alto, acho que seria mais difícil para representar overpairs, por causa dos dois 10 no bordo. Eu estava tentando representar overpairs. Essa é uma daquelas situações onde, na superfície, você está jogando contra um oponente aleatório; é uma hora horrível para blefar. O 10 tem um par no bordo, então e possível que ele tenha um 10. Se ele não tem, provavelmente tem um underpair ou um 5, na maioria das vezes. Então, não se deve blefar aqui, mesmo contra um jogador que não seja tão bom ou seja desconhecido. Já que é uma das situações onde “é ruim blefar”, Patrik sabe disso, e sabe que não estarei blefando muito aqui. Achei que essa era uma boa oportunidade de dar um blefe que não parecesse “bom”, mas no qual ele acreditaria.


Ação no River: O river foi um 4. O bordo era: T53T4. Antonius pediu mesa, e Galfond apostou $267.237,50, indo all-in. Antonius pagou, e também foi all-in. Antonius mostrou 88, levando o pote de $404.499.
PG: A lógica do river é bem parecida com a lógica do turn. Considerando o check-call dele no turn, não achei que fosse provável que ele tivesse um dez, mas sim um par abaixo de 10, ou talvez uma queda para flush com ás como carta mais alta, mas acho que nesse caso ele teria dado check-shove no turn. Na maioria das vezes, ele terá um underpair ou um 5, e novamente, é uma dessas situações em que acho que não é muito bom blefar, mas por causa disso, ele acreditou no blefe. O 4 no river não é um total tijolo. Completaria 7-6, ou A-2, ou 6-2. Eu teria dado 3-bet light com 6-2 suited, então o 4 completaria alguns draws. Acho que o 4 ajuda um pouco. Eu também dei pot odds decentes com meu blefe no river, ele precisava pagar apenas $114.000 para levar $176.000, e não tem que funcionar toda vez para ser lucrativo.
KA: O que você acha que deu errado nessa mão?
PG: Você não quer se orientar pelos resultados, porque ele demorou muito para pagar aqui. Acho que um dos problemas é que eu jogaria ases e reis dessa forma, mas não sei se Patrik sabia disso. Então é importante balancear seu range, e saber jogar blefes assim como mãos feitas, mas também é importante jogar um blefe de uma forma que seu oponente saiba que você jogaria uma mão feita. É dessa forma que eu jogaria com um par de reis, mas acho que Patrik não acreditou nisso, e por isso ele deu call.
KA: Você teria feito algo diferente?
PG: Não, nada. Estou contente com meu jogo, e é importante tê-lo em meu arsenal.
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