GERAL

Estratégia – Jay Rosenkrantz


 

20/08/2009 00:00
Jay Rosenkrantz é um jogador de cash games high stakes que reside em Nova York. Em 2007, ele foi o maior vencedor de cash games no-limit hold’em online, sob o nick de “pr1nnyraid” no Full Tilt, e “purplEUROS” no PokerStars. Ele também é conhecido por seu jogo perigoso e instintivo, assim como sua habilidade para ensinar. Rosenkrantz é um dos fundadores do site de coaching Deuces Cracked.
A seguir, ele discute uma mão que considera uma das mais importantes de sua carreira.


Jogo: No-Limit Hold’em
Stakes: $50-$100
Estilo: Heads-up

Participantes: Jay Rosenkrantz, Tom “durrrrr” Dwan


Review da Mão
Kristy Arnett: Há quanto tempo essa mão aconteceu?
Jay Rosenkrantz: Isso foi há dois, três anos atrás.
KA: Você mencionou que essa foi uma das primeiras vezes que você jogou em limites tão altos. A quantia lhe intimidava?
JR: Os altos e baixos são enormes, e há uma sensação de surrealismo ao ver tantos dólares, mas não me intimido. Eu não senti o peso das diferenças monetárias até que comecei a ter perdas de seis dígitos depois de ir bem em limites de $200-$400. Foi quando isso começou a me afetar. Sempre fui muito bom em ver as quantias como fichas e não dinheiro.


Ação Pré-Flop: Dwan dá raise do button, e Rosenkrantz reaumenta com 53. Dwan paga.
KA: Por que você decidiu dar reraise nessa mão?
JR: As pessoas jogavam de forma diferente naquela época. Não eram tão adeptas ao no-limit [hold’em]. Dar reraise com uma mão como aquela fora de posição contra muitos bons jogadores é uma má idéia agora, porque eles jogam tão bem pós-flop. Naquela época funcionava, porque eu ganhava grande parte dos potes dando continuation-bets. Para iniciantes em heads-up, a melhor parte de dar reraise em uma mão como essa é que, ao tomar a iniciativa, você pode levar o pote quando não acerta o bordo. Você pode fazer muita pressão colocando muito dinheiro no pote com uma mão marginal. Se começar a levar esses potes pré-flop e criar uma imagem agressiva na mesa, você acabará sendo pago quando conseguir ases ou reis.
KA: Você lembra qual o tamanho das apostas?
JR: Nem tenho idéia, foi há tanto tempo atrás. Acho que, como os stacks eram bem deep, estávamos dando raise de quatro vezes a aposta.


Ação no Flop: O flop bate 9-4-2 rainbow. Rosenkrantz aposta, Dwan paga.
KA: Em um pote com reraise, o que é preciso levar em consideração para decidir se vai dar check ou bet nesse flop?
JR: A primeira coisa que tenho que ver é a textura do bordo, e considerar os tipos de mãos com as quais ele pode estar defendendo o reraise; o que ele faria se eu apostasse, e o que faria se eu pedisse mesa. Tenho que pensar no que quero da mão, e também o que ele faria com uma mão marginal. O que ele faria se flopasse um 4, ou um 7? O que ele acha que estou pensando? O que ele irá pensar se eu pedir mesa nesse bordo? É um bom bordo para dar continuation-bet, porque é tão seco. Às vezes, se tenho uma mão que não se conecta com o board, posso tentar dar check contra um bom jogador. Na verdade, estou tentando representar uma mão com a qual eu conseguiria controlar o pote, mas não tenho nada. Diria, no entanto, que na maioria das vezes, estou dando continuation-bet aqui porque é o que eu faria com ases, reis, ou um set. Creio que no contexto de uma longa disputa contra um bom jogador, como Tom, eu poderia pedir mesa com mais frequência, só para alterar a leitura do oponente. Quando você mostra mãos que eles não esperam que você tenha, está fazendo a coisa certa. De qualquer forma, apostar aqui é o padrão, e foi o que eu fiz.
KA: O que você pensou quando ele pagou? Isso lhe surpreende, ou você acha que ele pagaria aqui com um grande range?
JR: Não, não me surpreende, e também não me incomoda, porque estávamos com stacks bem deep e eu tenho uma queda com oito outs. Também posso tirar vantagem de várias outras cartas.


Ação no Turn: A carta do turn é um rei offsuit. O bordo agora é 9-4-2-K. Rosenkrantz aposta, e Dwan paga.
KA: O rei é uma dessas cartas?
JR: Sim, quando o rei bate no turn, ainda posso apostar e representar mãos como K-Q, A-K, K-J e K-T. Posso tirá-lo do range de mãos como ás como carta mais alta ou floats completos. Nossos stacks são bem altos, e ele é bem loose, então pode ter literalmente quaisquer duas cartas aqui. Acho que ele não tem um set, porque com um set, ele teria dado raise no flop.
Não há motivos para pedir mesa nesse turn, porque frequentemente posso ganhar o pote com mais uma aposta. Ele dará fold em ace-high, e se não der, pode foldar no river, dependendo de que carta bata. Acho que o padrão nessa situação é continuar apostando. Para equilibrar meu jogo, posso fazer isso com ases, A-K ou set. Basicamente, estou tentando dizer que eu só pediria mesa no turn se eu tivesse uma boa leitura, ou achasse que ele poderia dar float no flop, ou apostar com mãos marginais em posição. Isso também funciona se minha mão for boa e eu estiver considerando apostar.
KA: Quando seus stacks estão tão altos, o que você leva em consideração para decidir o tamanho da aposta no turn?
JR: O que passa por minha cabeça agora é totalmente diferente do que passava naquela época. Tamanho de apostas era a última coisa na qual eu pensava. Tive sorte de conseguir chegar em stakes tão altos sem ajustar o tamanho de minhas apostas. Eu sempre dava bets altas. Não pensava no valor de bets menores, isso é algo que adicionei ao meu jogo recentemente. Naquela época, o que mais me preocupava era dar uma bet que fizesse parecer que eu tinha um rei ou mais; estava tentando apostar pelo valor. Então, algo em torno de dois terços do pote. Já que estávamos tão deep, a aposta no river será uma overbet, de qualquer forma. Algo que me deixe ganhar muito dinheiro se eu acertar minha mão, mas também me deixe blefar all-in no river se achar que vá funcionar. Se sua aposta for pequena demais, você corre o risco de tomar um reraise e ter que abandonar a mão. Também corre o risco de não conseguir blefar por uma quantia alta o suficiente no river para fazê-lo dar fold, devido às odds do call.


Ação no River: O river é um A. O bordo agora é 9-4-2-K-A. Rosenkrantz vai all-in, e Dwan paga. Rosenkrantz vence o pote de $120.000 com um straight.
KA: Por que você decidiu ir all-in no river?
JR: Quando acertei minha mão, estava pensando apenas em conseguir valor. Rapidamente descartei o check; ele não irá apostar com uma grande quantidade de mãos. Se ele tem um par de 10, ou um 8, que seria top pair no flop, ele não irá apostar a menos que esteja fazendo alguma jogada sofisticada, que me faria abandonar uma mão como K-Q ou J-J. Não posso esperar que ele faça isso. Ele iria ficar contente em ir para o showdown com uma mão como essa. Creio que, de um ponto de vista estratégico, quando você joga contra um bom jogador que pede mesa até o river, empurrar é uma jogada lucrativa. Frequentemente, ao pedir mesa aqui, os jogadores estão desistindo de um blefe, ou tendo um call difícil a dar.
A pergunta se torna, “Eu sei que tenho que apostar, mas quanto, e por quê?” Então começo a pensar, “Certo, o que eu faria se estivesse blefando? Quantos blefes tenho em meu range que apostariam no flop e no turn?” Vários, já que eu estava dando muitos reraises. Há muitas quedas para a gaveta no flop, e o river trouxe um ás, então é uma boa hora para blefar. Eu poderia ter J-T, Q-J, 6-5 suited, algo assim. Agora preciso pensar em que blefe representar. Preciso apostar alto. Em uma situação dessas, você ou tem o nuts ou está blefando, e quer apostar alto para polarizar seu range. Pensar em tudo isso nos 20-30 segundos que você tem online é difícil, e meu instinto só me disse, “Ei, eu estava blefando o tempo todo, e vou continuar meu blefe no river.” Fui all-in, e ele me pagou com A-9.
Ele tinha dois pares, mas na verdade, mesmo tendo melhorado no river, sua mão tinha a mesma força da minha. Ele pagou para ver, porque ao fazer aquela aposta para polarizar meu range no river, eu estava dizendo que ou tinha A-K, ou estava blefando. Ele tinha uma mão que só derrotaria blefes.
KA: Embora você possa representar um blefe com uma aposta all-in, você teria feito isso se o river fosse um tijolo e não tivesse acertado sua queda?
JR: É difícil dizer. Tenho que considerar a tendência que ele tem de dar call. Não acho que iria all-in blefando. Acho que teria apostado três quartos do pote. Ao fazer isso, estou despolarizando meu range, dizendo, “Tenho várias mãos possíveis com as quais poderia estar apostando nesse river. Não só blefes, como também mãos de valor, como K-Q, K-J.” Sei que Tom costuma dar calls heróicos ridículos, e pode muito bem me pagar com algo como 9-8. Então, faria essa aposta de três quartos do pote para representar mais mãos além de uma muito forte.


Já conhece o app Suprema Poker?
Baixe agora para iOS, Android ou PC e comece a jogar agora mesmo!

 



+GERAL

A CardPlayer Brasil™ é um produto da Raise Editora. © 2007-2024. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo deste site sem prévia autorização.

Lançada em Julho de 2007, a Card Player Brasil reúne o melhor conteúdo das edições Americana e Européia. Matérias exclusivas sobre o poker no Brasil e na América Latina, time de colunistas nacionais composto pelos jogadores mais renomados do Brasil. A revista é voltada para pessoas conectadas às mais modernas tendências mundiais de comportamento e consumo.


contato@cardplayer.com.br
31 3225-2123