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Estrategia – Dani Stern


 

15/10/2009 00:00
Estrategia – Dani Stern/CardPlayer.com.br


Dani “Ansky” Stern é um profissional de cash games high stakes, que demonstra sua habilidade dando coach para jogadores com vídeos instrutivos. A seguir, ele discute uma mão de cash game que jogou, e fala sobre o conceito de calls heróicos.



O Jogo

Jogo: No-limit hold’em
Stakes: $200-$400

Participantes:

Dani “Ansky” Stern – $230.207 – Big blind $400
Vilão – $88.295 – Small blind $200

Dani Stern: Acho que, em no-limit, principalmente em heads-up no-limit, algumas jogadas recebem muita atenção, e uma delas é o call heróico. Um call heróico é, basicamente, quando você dá um call que de forma alguma seria considerado dentro dos padrões, segurando algo tipo ás ou rei como carta maior, ou par baixo. É assim que o call heróico é percebido, mas eu diria que, em geral, ele não deve ser baseado demais no valor da sua mão. Você deve se preocupar mais com a força da sua mão em relação ao oponente, às suas ações, e ao bordo. Há casos em que, como eu sempre digo em meus vídeos, o poker é muito situacional. Há mãos em que um oponente será muito agressivo e mostrará muita força. Às vezes, pode ser certo dar call em bordos com rei ou ás como carta mais alta. Em outros momentos, você pode dar um fold monstro em dois pares, e essas situações não têm nada a ver uma com a outra. O que importa, ao tomar a decisão de dar ou não um call heróico, é o que aconteceu entre você o adversário até o presente momento; isso é muito mais importante do que o valor da sua mão.

Meu oponente estava jogando de forma errática, mas eu ainda o considerava um bom jogador, e tive que pensar bastante ao jogar essa mão.




Ação Pré-Flop: Vilão dá raise do Button para $1.200. Stern dá reraise para $4.800 com AT. O Vilão paga. O pote é de $9.600.

DS: Estávamos bem deep, então dei reraise com AT. Eu não faço isso o tempo todo, mas às vezes vale à pena.




Ação no Flop: O flop bate 854. Stern aposta $7.000 e o Vilão dá call. O pote agora é de $23.600.

DS: Dei uma continuation-bet bem padrão aqui, embora essa não seja uma situação onde você precisa fazer isso.




Ação no Turn: O turn é um 7. O bordo agora é de 8547. Stern pede mesa e o Vilão também. O pote ainda é de $23.600.

DS: Essa costuma ser uma carta horrível para mim. Não há muito que eu possa fazer. Não é uma boa carta para blefar. Há muitas mãos no range dele que podem ter acertado dois pares, ou ele pode ter um 6. Eu não conseguiria representar um 6 porque dei reraise pré-flop, e não há muitas mãos com as quais eu daria reraise pré-flop com um 6. Quando peço mesa nesse turn, estou desistindo.




Ação no River: O river é um 7. Bordo: 85477. Stern pede mesa. Vilão aposta $8.400.

DS: O river traz um 7, que é uma boa carta para mim, porque agora, se por alguma razão eu tivesse a melhor mão o tempo todo, o 7 não muda muita coisa. Por exemplo, se ele não acertou uma queda para flush, eu ainda posso ganhar essa mão.

Ele aposta $8.400, que é uma quantia bem pequena comparada ao tamanho do pote. Ele aposta $8.400 em um pote de aproximadamente $24.000. Enquanto eu estava decidindo se ia dar call ou não aqui, tentei analisar o que meu oponente estava pensando quando fez essa aposta. Quando ele apenas aposta um terço do pote, pode querer dizer duas coisas: a) está dando uma value-bet muito pequena; ele acha que a única forma de conseguir valor nessa mão é apostar muito menos do que o padrão, então dá bet de um terço do pote ao invés de metade do pote. Essa é uma explicação possível. A outra explicação possível é o inverso; ele tem uma boa mão para um blefe, mas sabe que há muitas mãos que eu posso ter que têm bom valor de showdown. Mesmo que ele ache que eu tenho um ás como carta maior, provavelmente não espera que eu dê call aqui se ele apostar um terço do pote, porque obviamente qualquer 4, 5, 6, 7 ou 8 me derrota, e qualquer coisa mais forte também.




Resultado: Stern paga e mostra AT. Vilão mostra J2. Stern puxa o pote de $40.400.

DS: Baseado em tudo isso, e em toda a dinâmica de nossa partida, achei que a segunda opção fosse a mais provável. Obviamente, ele poderia estar dando value-bet com uma mão melhor aqui, e basicamente, o que importa aqui é designar um range para ele. Claro, quando dou esse call, não é porque tenho certeza de que estou certo. Não tenho certeza de que ele está blefando, mas tenho que basear minha decisão no fato de que, já que ele está me dando odds de 4-para-1 no call, só preciso estar certo em 1/5 das vezes para ficar no zero a zero. Então, quando você der esse call, e errar, não fique chateado consigo mesmo. Você tem que se preocupar mais com seu raciocínio, e como chegou à conclusão que dar esse call era a melhor ideia.



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