WSOP

Esquenta WSOP: Alê Gomes e a conquista do primeiro bracelete da história do Brasil

por Leo Bello


 

22/05/2015 13:12
Esquenta WSOP: Alê Gomes e a conquista do primeiro bracelete da história do Brasil/CardPlayer.com.br


Sobre a primeira vitória do Brasil na WSOP, o que poucos sabem é que, no dia anterior à mesa final, no momento da bolha do torneio, Alê estava abaixo da média com pouco menos de 30 mil fichas. Naquele instante nada estava garantido e Alê, com muita coragem, foi de all-in com 99, e deram call com AQ. Um 9 no flop dobrou suas fichas e o fez entrar bem na primeira faixa de premiação. A coragem para colocar todas as fichas no centro, faltando apenas um jogador cair para estourar a bolha, é fator determinante para se formar um vencedor. Essa coragem apareceu em várias outras mãos em que Alê, sem medo de ser feliz, dava reraises nos adversários – muitas vezes sem jogo algum. Quem assistiu o seu caminho até a mesa final pôde comprovar um jogo quase sem falhas. Algumas pessoas no Brasil ficaram sabendo de certas mãos nas quais a sorte sorriu para o Alexandre na mesa final. O que poucos sabem é que, antes de chegar lá, poucas vezes ele tinha colocado seu stack inteiro em risco. Vimos esse brazuca jogar um poker de primeiro mundo, e boa parte do tempo na mesa do adversário contra quem acabaria fazendo o heads-up decisivo, Marco “CrazyMarco” Johnson. Acho que a pior parte foi passar para a mesa final e ter que esperar até o dia seguinte. Porém, recarregar as baterias era fundamental. E nesse dia decisivo para o Brasil lá estava eu novamente assistindo, dessa vez fotografando a final table. A emoção no ar era gigantesca. “Rádio” ajudava a passar as mãos via nextel para a cobertura no Brasil, o Poker News também estava por lá fazendo a cobertura, e havia muitos brasileiros passando pelo local e torcendo. Era uma situação curiosa, pois muitos estavam disputando outros torneios. Federal no Omaha; Akkari, Juliano, Mojave e Brasa no HORSE. Ainda assim, a cada intervalo, todos lá assistindo – a energia positiva era incrível. E na mesa final a sorte ajudou. Quando restavam cinco jogadores, uma mão decisiva: Alexandre vai de all-in pré-flop com 67, e o adversário paga com AQ. As primeiras cartas do bordo já pareciam acabar com o sonho: A-Q-x. Dois pares para o oponente. Para ganhar a mão, apenas duas cartas de espadas seguidas, ou dois seis ou dois setes seguidos. O turn trouxe um 6; o river, outro 6. E a trinca improvável quebrou os dois pares! A torcida foi à loucura! Os momentos entre a eliminação dos adversários e o heads-up decisivo foram tensos. Alê estava com mais de 6 dos 9 milhões em fichas em jogo. Parecia fácil? Não existe batalha fácil. Ainda mais contra “Crazy Marco”, na WSOP, valendo um bracelete. Trinta minutos após o início, Marco já tinha virado e chegado aos 6 milhões em fichas. Nada parecia dar certo, até que aquela coragem de que falei entrou em jogo. Alê subiu pré-flop com J3. O flop trouxe T-8-K e ambos deram check. No turn, uma Q. Alê apostou e Marco apenas chamou. No river, uma carta de paus abrindo chance para seqüência e flush na mesa. Marco dá check. Alê conta seu stack e decide apostar o seu all-in de mais 1,6 milhões em fichas. Crazy Marco pensa por um longo tempo, faz perguntas para Alê (que não as responde) e acaba dando fold. Pensem bem: todas as suas fichas no meio da mesa em um blefe puro, valendo um bracelete. Para completar, Alexandre mostra suas cartas e coloca Crazy Marco em tilt – momento de alívio para o Brasil e de extrema coragem de Alê. Pouco tempo depois, a mão milagrosa. Alê vai de all-in com AT, com cerca de 3 milhões. Marco chama instantaneamente com AA. A torcida tenta acalmar Alê, dizendo que ele fará uma seqüência ou acertará dois dez. O flop traz o primeiro T e um J, junto com uma terceira carta baixa. Em coro, a torcida começa a dizer em voz alta: “DEZ! DEZ! DEZ!” E no turn: “DEEEZ!!!” O salão da WSOP se assusta com a gritaria que começa. Com este T no turn, Alê vira o heads-up decisivo e Crazy Marco, que tinha no AA a certeza de ter faturado o bracelete, fica desolado e desorientado. Tanto que apenas alguns minutos depois vai de all-in com JQ apenas para encontrar Alê Gomes com AK chamando imediatamente. O flop trouxe 2-3-4. O turn, um A. Apenas um 5 poderia empatar o pote. Mas nessa hora não havia mais jeito. A torcida já pulava comemorando, e o river só confirmou: o primeiro bracelete da WSOP é nosso! Ou melhor, é de Alexandre Gomes, do Brasil! O primeiro sul-americano a levar para casa o tão sonhado prêmio da Série Mundial. A energia era fabulosa, e conter o choro era difícil. Quatro anos depois de começar a jogar, pude ver a história sendo escrita diante dos meus olhos. Tive ainda mais orgulho de ser brasileiro e ver nossa bandeira estendida atrás do campeão. » Veja mais fotos da WSOP 2008, clique aqui. » Alê Gomes concedeu entrevista à Card Player Brasil em 2008, leia aqui.

Já conhece o GGPoker? Abra a sua conta e comece a jogar agora mesmo!

 


+WSOP

A CardPlayer Brasil™ é um produto da Raise Editora. © 2007-2024. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo deste site sem prévia autorização.

Lançada em Julho de 2007, a Card Player Brasil reúne o melhor conteúdo das edições Americana e Européia. Matérias exclusivas sobre o poker no Brasil e na América Latina, time de colunistas nacionais composto pelos jogadores mais renomados do Brasil. A revista é voltada para pessoas conectadas às mais modernas tendências mundiais de comportamento e consumo.


contato@cardplayer.com.br
31 3225-2123