GERAL

Destrinchando os blefes com “bencb” - Parte 2

A segunda parte do artigo de Benjamin Rolle sobre blefes


 

13/01/2023 18:56
Destrinchando os blefes com “bencb” - Parte 2/CardPlayer.com.br


Na segunda parte do seu artigo sobre blefes, “bencb” fala sobre os blockers e a dinâmica de dos blefes nas mesas finais


Alguns jogadores ficam confusos quando se trata de bluff catchers. Como eles devem pensar? E como os blockers  entram em jogo quando estou decidindo se pago ou não?


A primeira coisa que me pergunto é: “É uma situação fácil para blefar?” Isso também é o que eu aconselhei em um tópico recente no Twitter. Spots fáceis para blefar são boardos onde muitos draws não completaram.


Digamos que o bordo seja 9-8-4-2-4. O vilão pode ter Q-J, J-10, Q-10, 7-6 do mesmo naipe, 6-5 do mesmo naipe, A-3 do mesmo naipe ou A-5 do mesmo naipe. Muitos blefes em potencial, tornando mais fácil fazer um hero call de 9-X ou 8-X, mesmo contra um blefe de barril triplo.


Agora vamos supor que o board não forneça esses “blefes naturais” com draws perdidos. Um bordo como 10-10-5-2-2 é muito mais difícil de blefar. Aqui, os blockers entram em ação. É preciso ser capaz de identificar as mãos que bloqueiam as mãos fortes do vilão e desbloqueiam as mãos fracas do vilão.


Você certamente não quer blefar com um 6, 7 ou 9 em sua mão, pois isso bloqueia o range de fold do vilão. Isso consiste em 6-6 até 9-9, bem como alguns A-high que deram call no flop e turn, como A-9 do mesmo naipe ou A-8 do mesmo naipe (não estou dizendo que seria um bom call, mas pode acontecer). Uma mão como Q-J ou K-Q bloqueia alguns 10-X mais fortes que podem ter jogado lentamente ou alguns overpairs mais fortes que não aumentaram pré-flop, como J-J ou Q-Q.


Sem entrar em muitos detalhes, você pode ver que este spot requer uma compreensão mais profunda do poker, especialmente dos blockers. Assim, será mais difícil para as pessoas encontrarem as mãos certas para blefar.


Para ser honesto, em primeiro lugar, eu acho que o bordo 10-10-5-2-2 não é um grande bordo para blefar, já que muitos oponentes mais fracos acabarão pagando com mãos tipo 8-8, já que eles não vão acreditar que você tem trincas ou até mesmo Ases, e eles são muito curiosos. Portanto, é sempre melhor blefar em situações em que os oponentes chegam ao river com flush draws de Ás ou Rei ou muitos pares fracos com draws que deram call no flop e turn, mas desistirão no river.


Mas, novamente, eu me concentro principalmente em apostar muito em flops e continuar a agressão em muitos turns, mas muitas vezes não blefo em grandes potes no river em limites baixos e médios. Ser capaz de entender e fazer isso talvez não seja o estilo de jogo mais emocionante, mas definitivamente é a abordagem mais lucrativa se você deseja levar o poker mais a sério.


Como o blefe muda nas mesas finais?


Muda muito, mas nos dois sentidos. Ou seja, quando você é o stack maior, você encontrará com mais frequência situações que deveriam ser blefadas de forma mais agressiva, já que seu oponente supostamente deve desistir muito mais.


E aqui está o problema, “supostamente”. A linguagem que estou usando é essencial. Há uma enorme diferença entre o que as pessoas devem fazer e o que elas farão. Mesmo que você encontre situações em que o vilão deve desistir muito, isso não significa que ele o fará. E isso pode custar muito dinheiro.


Um excelente exemplo é você defender, como big stack, do big blind contra um mid stack (stacks efetivos de 30 big blinds) e o bordo vem 6-6-5, e você pretende fazer check-raise blefe, apostar turn e colocar all-in no river ou mesmo donk lead, bet turn e all-in no river.

Este é um bordo terrível para alguém abrindo raise de uma posição inicial ou intermediária. Dada a sua posição de mid-stack e os short stacks presentes na mesa final, ele precisa ter cuidado e dar mesa com todo o seu range. Ele não tem uma única mão que queira jogar por stacks.


Mesmo A-A quer no máximo duas streets de valor. Em um cenário de chip EV (chEV), apostamos no flop, apostamos no turn e apostamos tudo no river ou atolamos no flop contra 8-8/9-9 ou draws. Não estou dizendo que é um spot dos sonhos em situações de chEV, mas é mais razoável jogar por stacks por chEV do que em situações de ICM em mesas finais.


Além disso, dada a enorme vantagem do nut para o big stack com todos os tipos de combos 6-X, como 7-6 offsuit, 10-6 suited, J-6 suited etc., ele terá um range de liderança (donking) que deve tomar a iniciativa e pode ditar o tamanho do pote. Agora, como ele tem mais trincas do que o stack médio, ele pode ter muitos blefes.


Apesar do big blind ter muitos blefes, o mid-stack precisa começar a desistir de overpairs nas streets posteriores, caso o big blind o coloque all-in. Bem, esse não é realmente o caso, especialmente para jogadores menos experientes. O processo de pensamento da maioria se parece com o seguinte: “Tenho um overpair, estou no topo do meu range, tenho que pagar.” Então, você terá muito poucos folds.


Você pode seguir uma abordagem GTO e ter muitos blefes ou jogar de forma exploratória, entender como os humanos, especialmente os jogadores mais fracos e menos experientes abordam esses spots: ter muito poucos blefes, conseguir calls ao fazer trincas e não apostar seu stack apenas porque a teoria lhe diz para blefar nesses spots. Contra um oponente forte que entende o ICM e essas dinâmicas do board, bem como a vantagem do nut e do range, pode ser melhor ter mais blefes nessas situações.


Além disso, outro grande fator no ICM são os tamanhos das apostas. No chEV (no início e meio dos torneios), queremos usar muitas apostas do tamanho do pote e overbets no river. No ICM, usamos com mais frequência as apostas de 33%, 50% e 66%, pois temos que ter mais cuidado com nossas fichas. Frequentemente, você aplicará muita pressão apostando dois terços do pote, o que pode ser metade do stack do seu oponente, já que a pressão do ICM virá em cima dele. Você força seus oponentes a situações difíceis usando esses tamanhos menores, especialmente em situações em que os ranges são realmente amplos, como small blind contra big blind ou posição final (BTN, CO, HJ) contra os blinds.


A mesa final é sobre como usar suas fichas com sabedoria e também escolher seus oponentes com sabedoria. Apostar 25% do pote pode aplicar muita pressão contra um stack de 10 big blinds, mas nenhuma pressão contra um stack de 50 big blinds. Tenha isso em mente.



Já conhece o app Suprema Poker?
Baixe agora para iOS, Android ou PC e comece a jogar agora mesmo!

 



+GERAL

A CardPlayer Brasil™ é um produto da Raise Editora. © 2007-2024. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo deste site sem prévia autorização.

Lançada em Julho de 2007, a Card Player Brasil reúne o melhor conteúdo das edições Americana e Européia. Matérias exclusivas sobre o poker no Brasil e na América Latina, time de colunistas nacionais composto pelos jogadores mais renomados do Brasil. A revista é voltada para pessoas conectadas às mais modernas tendências mundiais de comportamento e consumo.


contato@cardplayer.com.br
31 3225-2123