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Card Player entrevista fenômeno português e possível participante do “Durrrr Challenge”

José “Girah” Macedo fala sobre seu início no poker, quando lia livros escondido na livraria, das motivações que o fizeram chegar até onde está hoje, e da estratégia para vencer Tom Dwan em um eventual desafio.


 

14/04/2011 14:05
Card Player entrevista fenômeno português e possível participante do “Durrrr Challenge”/CardPlayer.com.br


Apesar de ainda estar no colegial, o português José “Girah” Macedo já é considerado uma das grandes revelações do poker mundial – e já pensa como “gente grande”. Pelo Twitter, ele já mostrou que quer participar de um dos mais caros e difíceis desafios do mundo, o Durrrr Challenge. Em março, Macedo mandou uma mensagem para Tom “durrrr” Dwan, perguntando se, depois dos duelos contra Daniel Cates e Patrik Anotnius, ele aceitaria mais desafios. Dwan disse que poderia jogar contra o profissional luso, mas, por enquanto, ainda não apareceu nenhuma novidade. Jogando nas mesas de $300-$600 no-limit hold’em, Macedo já acumula lucros superiores a $2 milhões no Full Tilt. Com apenas 18 anos de idade e 2 anos de carreira, ele já jogou cerca de 1,5 milhões de mãos. Agora, a CardPlayer Brasil traz a entrevista completa feita por Brian Pempus, da CardPlayer Americana. Nela, o “Prodígio Português”, como vem sendo chamado na internet, fala sobre o possível duelo contra Dwan e a estratégia para vencê-lo, e também sobre seu início no poker, quando ainda lia livros do gênero escondido na livraria. Brian Pempus: Como você começou no poker? Por que você decidiu começar a jogar?
José Macedo: Eu comecei a jogar poker em 2009. Jogava com dinheiro fictício (Play Money) e sempre perdia, o que me fazia achar que o jogo era apenas sorte. Então, através dos meus amigos, eu ouvi falar em Dwan – o garoto de faculdade que transformou um punhado de dólares em milhões, só com trabalho duro e inteligência. Eu queria comprar uma casa no Havaí. Então essa era a melhor solução. Eu queria começar a jogar poker, ganhar milhões como Dwan, e então comprar minha casa por lá. Tudo isso porque, quando criança, eu tinha uma babá que era uma das principais surfistas de Portugal. Ela havia estado no Havaí e amado o lugar. Ela me mostrou fotos incríveis de cachoeiras, praias e florestas, e dizia que os habitantes eram incríveis também. Segundo ela, era o melhor lugar na Terra, e seu sonho era morar naquele arquipélago. Eu tinha apenas oito anos e estava completamente apaixonado por ela. Prometi que, quando casasse, compraria uma casa no Havaí. Desde então, o Havaí ficou dentro mim, mesmo que o amor pela minha babá não tenha ficado.
BP: Você chegou a jogar futebol quando era criança. Você poderia falar sobre isso? O jogo lhe ajudou a desenvolver sua natureza competitiva? O que você tem a dizer sobre a lesão no joelho que lhe fez abandonar o jogo? JM: Eu tive um problema no joelho por praticar esportes em demasia, e também por fazer muitos exercícios quando era criança. Isso me fez desenvolver uma doença chamada Osgood-Schlatter. Eu não sei ao certo sobre o que se trata essa doença, mas fiquei com meu joelho engessado por dois meses para prevenir lesões. Também fui alertado para não jogar mais futebol. Antes da lesão, o futebol era minha vida e minha autoestima estava refletida nisso. Sem isso, minha confiança ficou muito abalada. Entretanto, eu sempre fui uma pessoa muito competitiva. Rapidamente achei alternativas. O tênis e o rugby são dois bons exemplos.
BP: E o poker? Foi “amor a primeira vista”? Você leu algum livro no início?
JM: Eu acho o poker incrivelmente emocionante e divertido – é a coisa que mais gosto de fazer. Desde o início foi assim. Eu via cada mão como um quebra-cabeça. Meu objetivo, então, era decifrá-la e achar uma solução perfeita. A questão financeira também era um fator a se levar em conta, já que adiciona uma nova dimensão ao jogo. Você está constantemente ganhando e perdendo “pontos”, só que esses pontos têm consequências diretas na sua vida fora do jogo. Isso é uma característica que nenhum outro jogo tem. Dois meses antes de começar a jogar, eu cheguei a ler alguns livros. Eu tentava ler na livraria, e quando os vendedores ficavam desconfiados, eu corria para o banheiro. Lá eu podia ler sem ninguém me incomodar. Quando conto essa história, acredito que as pessoas a entendem mal. Eu não fazia isso porque minha família era pobre, mas eu era apenas um adolescente. Meus pais não me davam muito dinheiro. E, realmente, eu não queria pedir dinheiro à minha mãe para comprar livros de poker. Ela não levaria isso numa boa, já que o jogo é constantemente ligado a apostadores degenerados e coisas do tipo. Na época, eu li um bocado de livros. Para mim, com pensamentos ainda primitivos sobre poker, os mais interessantes foram: Teoria do Poker (David Sklanksy), Harrington no Hold’em (Dan Harrington), Todas as mãos reveladas (Gus Hansen) e A Matemática do Poker (Bill Chen). Acredito que os livros do Sklansky e do Harrington, mesmo ultrapassados, expõem as bases para que qualquer um tenha um jogo sólido. Com certeza, esses livros devem ser lidos por iniciantes.
BP: Você poderia no dar algumas noções básicas para heads-up? Que tipo de controle de bankroll você segue?
JM: Eu sempre faço ajustes durante minhas sessões de heads-up. Essa é a minha grande força no poker, e o que faço melhor que a maioria dos outros jogadores. Muitas pessoas esperam demais para fazer esses ajustes. Isso porque elas não entendem a Probabilidade Bayesiana. Ou seja, não importa se a amostragem é pequena. Ainda sim, é possível fazer ajustes de acordo com o que você vê. Com o passar do tempo, mais informações são adquiridas, então você continua se reajustando. Colocando em miúdos, dou muitos tiros em mesas que representam 10% ou 5% do meu bankroll. Obviamente, com um controle rígido de perdas (stop-loss – quando você determina o quanto pode perder em uma sessão) e subindo ou descendo de limites de acordo com a quantia ganha ou perdida. Por exemplo, se tenho $20.000, provavelmente estarei focado em jogar NLH $5-$10. Isso pode parecer um controle de bankroll bem agressivo, mas não é. Se eu perder $4.000, então eu descerei para as mesas de NLH $3-$6. Se perder mais, descerei para as de $2-$4, e assim sucessivamente. O contrário também é válido. Se eu ganhar $4.000, subirei para as mesas de $10-$20, com um limite de perda (stop-loss) de dois buy-ins. Mas, geralmente, minha regra é jogar até perder quatro buy-ins, e dificilmente irei quebrar essa regra. Mas quando estou jogando contra um jogador muito ruim ou com alguém sobre quem eu tenha uma vantagem muito grande, abro exceções. BP: Você poderia falar sobre sua idolatria por Dwan quando você começava a subir de limites? O que, no jogo dele, lhe fascina tanto?
JM: Bem, em primeiro lugar, foi a história de Dwan que me trouxe para o poker – mesmo antes de eu saber algo sobre ele e seu estilo. Eu fiquei fascinado pela sua jornada. Era incrível que um garoto de faculdade, sem dinheiro, jogasse contra os melhores do mundo. Então, assim que comecei a assistir cash games na TV, também comecei a admirar o estilo criativo e agressivo de Dwan. Na época, eu li uma análise bem interessante que alguém fez sobre ele: “Basicamente, ele joga de uma maneira que, analisando por histórico de mãos, não é possível classificar como “boa” ou “ruim”. Ele faz jogadas que parecem ser fáceis de explorar, mas elas parecem ser feitas apenas uma vez. Então é extremamente difícil jogar contra ele e impossível saber seu verdadeiro range de mãos”. Eu passei muitas horas tomando notas, estudando suas mãos, fazendo simulações e colocando o Hold’em Manager para trabalhar, tentando entender as razões para as decisões nada usuais de Dwan. Acredito que isso fez meu jogo crescer de maneira espantosa.
BP: O que significaria para você jogar o Durrrr Challenge? Você conseguiria vencê-lo? Você tem o bankroll necessário para enfrentá-lo? Você escolheria Hold’em ou Omaha para a disputa?
JM: Com certeza escolheria hold’em. Ainda não consegui passar pelas mesas de $200-$400 de pot-limit Omaha (PLO), e também tenho pouca experiência na modalidade. O Durrrr Challenge seria“A chance” da minha carreira. E, acredito, seria +EV para mim, já que uma variedade fatores combinados fazem com queele não jogar o seu “A-Game”. Por exemplo, ele esteve jogando muito ao vivo no último ano. Em Macau, houve potes que ultrapassaram $1,5 milhões. Isso faz os valores envolvidos no desafio parecerem ridículos. Ele também jogou muito PLO. Então, é possível que ele esteja enferrujado em no-limit hold’em. Soma-se a isso sua agenda de compromissos. Por ser tão ocupado, ele acaba tendo que jogar em aviões e em lugares que não é possível fazer uma preparação ideal. E o mais importante: ele não sabe nada sobre meu jogo; e eu sei muito sobre o dele. Quanto ao desafio, o ideal seria eu mesmo bancar tudo, mas não acho viável. Então provavelmente venderei 20% ou 40% do jogo. Ainda assim,é uma grandeoportunidade para mim. Será uma honra e, também,o auge da minha carreira no poker. Já estou analisando algumas maneiras de colocar mais pressão em cima dele para que ele aceite o desafio.


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