Sucesso de público e crítica, a minissérie O Gambito da Rainha se tornou a produção roteirizada mais assistida da história da Netflix. Fora da plataforma, o impacto foi ainda mais arrebatador. De acordo com o Google, desde a estreia, a busca por “como jogar xadrez” duplicou, atingindo a maior procura pela modalidade em nove anos.
O Gambito da Rainha é baseado no livro de mesmo nome lançado em 1983. A ficção adaptada por Scott Frank e Allan Scott acompanha a jornada de Beth Harmon (Anya Taylor-Joy), uma jovem órfã que aprende a jogar xadrez com o zelador do seu orfanato. Na adolescência, ela passa a disputar torneios nos Estados Unidos e obtém sucesso mesmo sem muita experiência em competições.
No início do milênio, o poker passou por uma experiência oposta ao que o xadrez vive com O Gambito da Rainha. Após boom do jogo por conta do título mundial de Chris Moneymaker, pessoas em todo o mundo passaram a procurar por conteúdos sobre o jogo, e o filme Rounders – Cartas na Mesa, de 1998, até então um fracasso de bilheteria, se tornou cult e influenciou profissionais de várias gerações.
O poker é repleto de grandes personagens que merecem destaque tanto no cinema quanto no streaming. Caso o sucesso de O Gambito da Rainha influencie outras produtoras, há três lendas do poker que merecem ter suas histórias contadas.
Linda Johnson
Conhecida como a "Primeira Dama do Poker", Johnson é uma das principais empreendedoras do jogo. Campeã do Evento #2: $1.500 Limit Razz, da WSOP 1997, ela ocupou o cargo de editora da revista Card Player por oito anos. Logo após a venda da publicação para Barry Shulman, a norte-americana participou da criação da Associação dos Diretores de Torneios. Johnson também foi uma das fundadoras do World Poker Tour, onde trabalhou como relações públicas e narradora. No momento, a jogadora de 67 anos comanda o circuito Card Player Cruises. Johnson ainda teve papel fundamental no pontapé inicial da PokerGives.org, uma organização sem fins lucrativos que ajudar profissionais a doarem para instituições de caridade. Desde 2011, ela faz parte do Hall da Fama do Poker
Barbara Enright
Não há adjetivo melhor para Enright do que pioneira. Primeira mulher a vencer um torneio aberto da WSOP, ela é até hoje a única jogadora a participar da mesa final do Main Event. Em 1995, a norte-americana faturou $114.180 pela quinta colocação. Na temporada seguinte, Enright conquistaria à época o inédito tricampeonato na série entre as mulheres. Em 2007, ela voltaria a fazer história ao se tornar a primeira jogadora a ser eleita para o Hall da Fama do Poker.
Jennifer Harman
Poucos profissionais na história do jogo construíram um currículo que possa ser comparado ao de Harman. Nas últimas décadas, ela enfrentou com bastante sucesso os principais nomes do poker nas mesas mais técnicas do planeta. Regular da Bobby’s Room, do cassino Bellagio, a norte-americana também passou pelos high stakes de Los Angeles antes de chegar a Las Vegas. Na Cidade do Pecado, ela fez história ao se tornar a primeira jogadora a vencer dois torneios abertos da WSOP. Harman ainda integrou A Corporação, grupo de profissionais que disputou vários desafios de heads-up contra o banqueiro Andy Beal. Durante os confrontos, Harman superou o amador em três sessões consecutivas, sendo que em cada uma delas, o seu lucro foi de US$ 3 milhões. Mais tarde, eles voltariam a ficar frente a frente nas mesas de $100.000/$200.000. Fora dos feltros, Harman se destaca por seu trabalho no combate à crueldade contra os animais. Desde 2015, ela faz parte do Hall da Fama do Poker